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Se não melhorar agora, só com título intergalático, diz técnico de Zanetti

Arthur Zanetti dá entrevista um dia após chegar ao país com a medalha de ouro do Mundial - Bruno Doro/UOL
Arthur Zanetti dá entrevista um dia após chegar ao país com a medalha de ouro do Mundial Imagem: Bruno Doro/UOL

Bruno Doro

Do UOL, em São Caetano do Sul

09/10/2013 14h56

“Agora somos campeões mundiais. Já temos o título olímpico. Se a estrutura que temos aqui não melhorar, vamos fazer o que? Conquistar o título intergalático?”

A pergunta é do treinador Marcos Goto, que trabalha com primeiro brasileiro campeão olímpico e mundial de ginástica. O mentor de Arthur Zanetti fala gesticulando em direção ao ginásio em que formou o campeão, em São Caetano do Sul, na grande São Paulo.

Não é um centro de treinamentos dos sonhos. O local é acanhado e não tem sistema de climatização. Com ventilação natural, em dias muito quentes ou frios, o clima pode afetar os atletas. Alguns equipamentos são novos, vindos de um convênio com o Comitê Olímpico Brasileiro no primeiro semestre. Mas não são todos.

Já é uma estrutura melhor do que a disponível durante a formação do novo campeão mundial. No início do ano, por exemplo, Zanetti deu uma entrevista em que falava sobre a possibilidade de defender outro país que o desse melhores condições de preparação. Os aparelhos do COB vieram depois dessa reclamação.

Agora, o técnico Goto volta a pedir investimentos – principalmente para o Ministério do Esporte. Ele conta com cinco atletas na seleção, incluindo Zanetti. Segundo ele, porém, as chances de formar um novo fenômeno é pequena. “Um cara como o Arthur surge raramente. Ainda mais em uma estrutura como a nossa, em que faltam ginásios e os que existem não estão bem equipados. No leste europeu, pudemos observar que existem ginásios a cada esquina. E não precisa nem sair muito. No México você tem seis centros de treinamento para a ginástica”, analisa o treinador.

Entidades responsáveis pelo esporte parecem concordar com isso. Tanto que um CT para a ginástica está sendo construído no Rio de Janeiro, já resultado da preparação do país para os Jogos Olímpicos de 2016. O local, porém, não agrada ao treinador.

“O objetivo é ficar em casa. Como você pede investimento em um clube se o astro principal não treina em suas dependências? Não faz sentido. Quem vai investir em São Caetano se o Arthur estiver no Rio de Janeiro? Além disso, a casa dele é São Caetano. É onde está a família, a namorada. Quando você está longe, é você e Deus”, fala Goto. O treinador, porém, sabe que não é só a ginástica que tem problemas na área. “Acho que, tirando o futebol e o vôlei, todos os esportes sofrem com falta de investimento. É preciso mudar a mentalidade”.

Escaldado pela polêmica do início do ano, Zanetti evita o assunto. “Sobre estrutura eu não quero falar. Só tenho de agradecer aos meus patrocinadores, que estão sempre me apoiando”.