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Ex-campeão de ginástica emplaca como músico nas rádios após superar câncer

Leandro Carneiro

Do UOL, em São Paulo

31/10/2013 06h00

Campeão Brasileiro e Pan-Americano de ginástica, em 1998 e 1999 (respectivamente), o atleta Gustavo Barreto, conhecido como Fildzz, decidiu largar as competições no começo dos anos 2000. A nova carreira passou a ser artística e, como vocalista da banda Aliados, ele começou a emplacar nas rádios FM. Mas, essa decisão em abandonar o esporte e investir na música foi vista com desconfiança por seus pais no início.

“Quando comecei a banda, eu estava no auge da ginástica, ainda estava competindo muito, aí eu comecei a compor com Dudu (Golzi, o guitarrista) e começou o Aliados, em meados de 2000. Peguei as coisas que eu tinha, instrumento, equipamento, meu pai me olhou e perguntou se eu estava louco. Na época, eu fazia pós em fisiologia do exercício e fui fazer um som, compor”, disse Fildzz em entrevista ao UOL Esporte.

A carreira em cima dos palcos não fez com que o ex-atleta esquecesse completamente a ginástica. Segundo ele, existem muitas semelhanças entre as duas profissões.

“A ginástica é um esporte de arte, tem apresentação, tem a sua plasticidade, técnica de execução. Naquele momento, você dá tudo de si, quando não consegue, senta e chora. A música é assim, por mais que o rock não tenha muita regra e seja mais desprendido. Os dois ainda seguem uma rotina de ensaios”, afirmou.

Um dos motivos que levou Fildzz deixar sua carreira de ginasta de lado para seguir como músico foi a falta de apoio na modalidade.

“Faltou isso (apoio), como falta até hoje na própria ginástica. Acompanhei o enceramento das atividade do Flamengo, é um absurdo. Estava durante anos no esporte como referência. Falta muito para o esporte no Brasil, mas não foi só esse fato. Eu quero o Aliados até hoje, não sou rico e gosto do que faço, é um prazer na minha vida. Isso que foi o maior fator de todos que me levou a parar de competir e me dedicar na música”, falou o ex-ginasta.

Em sua carreira, o vocalista chegou a disputar competições ao lado de nomes consagrados como Luisa Parente, e Daniele Hypólito, que ainda era uma criança na época.

“Competia na época da Luiza Parente, ela foi a primeira difusora da ginástica olímpica no Brasil, campeã sul-americana. Competi com a Daniele Hypólito, peguei o começo da carreira dela, era uma criança. Eu tinha 19 anos e ela 12, a gente ia junto aos campeonatos e ela já chamava a atenção”, relembrou o artista.

Porém, a trajetória de Fildzz na banda Aliados não foi apenas de sucesso. Logo após lançar o primeiro disco, o grupo, que se chamava Aliados 13, sofreu com a falência de uma gravadora. No entanto, foi em 2004 que o conjunto passou pela maior dificuldade, quando o vocalista teve de superar um câncer.

“Estava lançando o segundo disco e descobri o câncer, aí foi um baque na cabeça da molecada. Chamei os caras e falei que estava doente e precisava tratar. Paramos, mas eles continuaram no estúdio, fazendo som. Foi mais ou menos um ano de tratamento, com eles junto, sempre indo visitar. Enquanto isso, eu ia fazendo as letras em cima. Depois da recuperação, lançamos o álbum Te Encontro por Aí. Voltei cheio de energia, foi o primeiro independente. Hoje, essa superação é uma vitória que não se compara a nenhuma medalha”, completou o cantor.

Atualmente, Fildzz e o Aliados têm a música Esperança como seu principal trabalho. A canção tem feito parte da programação de algumas rádios e levou o grupo a algumas emissoras de televisão. 

ESPERANÇA - MÚSICA DE TRABALHO DO ALIADOS