Brasil vai a Mundial de ginástica em crise: qual o papel de Diego Hypolito?
Diego Hypolito. O nome é importante no cenário esportivo brasileiro. Seus dois títulos mundiais no solo ainda são inéditos na ginástica verde-amarela. Neste momento, porém, o Diego campeão de 2005 e 2007 não é mais o mesmo: ele perdeu o posto de titular na seleção brasileira da modalidade.
Pode parecer trivial, mas perder uma vaga que era praticamente cativa desde que chegou à seleção principal criou uma crise na modalidade. E em um momento nada bom: a equipe embarcou na noite de quinta-feira (11) para o Japão, onde fará a aclimatação para o Mundial de Nanning, na China, a partir do dia 3 de outubro.
Detalhe: com Diego no time, insatisfeito com sua função. “Estão me parando antes de eu sair da ginástica. Quem manda até onde vou são Deus e meus esforços. Fé eu nunca vou perder. Nunca. Desistir nunca. Estou sendo retirado da seleção que compete o mundial. Irei respeitar a decisão, mas não concordo. Estou chateado por ser [atleta de] um esporte subjetivo e ficar na dependência de decisões também subjetivas”, escreveu. [Nota da redação: o texto foi publicado na conta do Instagram do atleta e corrigido pela reportagem]
Quando postou a mensagem, Diego era o segundo reserva da equipe. Algumas horas depois, virou o primeiro suplente: um dos titulares, Pétrix Barbosa, foi cortado por uma lesão na coluna. Não que a situação mude muito: se o Mundial fosse neste fim de semana, Diego não competiria. Os titulares seriam Arthur Nory Mariano, Arthur Zanetti, Caio Souza, Francisco Barretto Júnior, Lucas Bitencourt e Sérgio Sasaki.
O motivo? A explicação envolve um objetivo da Confederação Brasileira de Ginástica: subir um patamar no cenário mundial da ginástica masculina e começar a ser encarado como um país que tem um projeto confiável para a modalidade, não mais a casa de alguns talentos individuais. E, segundo a CBG, a escalação da equipe sem Diego seria a mais adequada para isso.
“Primeiro, é importante ressaltar que o Diego não é inferior aos demais atletas. A seleção chegou a um nível muito alto, em que todos estão em um patamar muito próximo. Fora o Arthur Zanetti, que tem chances absurdas nas argolas, os demais estão muito parecidos. O Diego ainda pode chegar a uma medalha no solo, mas não é uma certeza. Além disso, os demais atletas estão crescendo e merecem uma chance. Contra o Diego, pesa o fato que ele não contribui em dois aparelhos. Por isso, as análises que fizemos mostraram que a configuração sem ele tem uma chance maior de atingir um resultado melhor. E a decisão é para esse Mundial, não para o próximo”, explica Leonardo Finco, coordenador da seleção masculina.
A ressalva do dirigente tem a ver com vagas olímpicas. O Brasil tem apenas duas vagas garantidas na ginástica (uma para homens, uma para mulheres) por ser sede dos Jogos de 2016. Para garantir vaga por equipes, algo que o Brasil nunca conseguiu entre os homens, o país precisa ficar entre os 16 melhores do Mundial do ano que vem. Só competem no torneio, porém, os 24 melhores times do Mundial de Nanning. “O objetivo primário é esse. Mas o que realmente queremos é ficar entre os 12 melhores”, diz Leonardo.
Além disso, o Mundial de 2015 também vale classificação individual. Os medalhistas de cada aparelho estão garantidos nas Olimpíadas. O dirigente não disse, mas é nesse Mundial, e não no que começa no dia 3 de outubro, na China, que a participação de Diego seria mais importante.
Afinal, apesar de não ser mais o número 1 do solo, como era em ciclos olímpicos passados, ele ainda faz parte da elite do aparelho. Mesmo vindo de uma série de lesões, ter passado a última temporada desempregado e até mesmo superado a depressão, durante o Pan-Americano no Canadá, na semana passada, ele marcou 15.625. Foi medalha de prata. Seria segundo colocado, também, no Campeonato Europeu - e no classificatório dos EUA para o Mundial, só um atleta foi melhor.
Além disso, é um dos melhores brasileiros no ranking mundial da Federação Internacional de Ginástica. No solo, é o 15º. No salto, o 11º. O time brasileiro na China tem apenas três top10 nos rankings. Sérgio Sasaki é o sétimo no individual geral. Arthur Zanetti, o sexto nas argolas. Francisco Barreto ocupa a mesma posição na lista da barra fixa. Outros dois não estão na lista do Brasil para o campeonato. Pétrix Barbosa, cortado na quinta-feira, é o 10º na barra fixa. Já Henrique Flores, quarto do mundo nas argolas, não foi convocado.
“O que eu quero deixar claro é que confio no Diego. Se não confiasse, não valia a pena nem levá-lo como reserva", fala Leonardo. "Nós já conversamos com ele e com seu técnico, explicamos a situação e ouvimos o que ele tem a dizer. A decisão do time titular pode mudar. Se alguém se machucar ou não treinar bem, o Diego ainda pode competir. Mas isso não é fundamental. Ele ainda é muito importante para a seleção, ainda pode contribuir muito”.
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