Dieta e dúvidas: ginasta mais completo do Brasil trava luta contra o tempo
Sergio Sasaki é o mais completo ginasta que o Brasil já revelou. Justamente por isso, a lesão que sofreu no dia 6 de dezembro de 2014 foi um desastre para a modalidade por aqui: em seu último salto na apresentação do solo na etapa de Glasgow da Copa do Mundo, aterrissou sobre uma só perna. Rompeu o ligamento cruzado do joelho esquerdo.
Começava aí uma luta contra o tempo que pode ter impacto sobre a participação de toda a equipe masculina brasileira nos Jogos Olímpicos de 2016. Em ano com Jogos Pan-Americanos e Campeonato Mundial classificatório para as Olimpíadas, o atleta precisa ter certeza que seu processo de recuperação seja perfeito. E até a sua dieta é uma parte importante nesse contexto.
Sasaki operou há pouco mais de uma semana. Começou a fisioterapia assim que deixou a sala de cirurgia. E passou a controlar o que come logo em seguida. “Nesse começo, não dá para fazer muita coisa. Mas já estou com a flexibilidade quase toda recuperada. E, principalmente, estou cuidando da alimentação. Fiz uma programação com minha nutricionista, diminuindo o que como, para não ganhar peso”.
O motivo para a dieta é a parada brusca na movimentação do ginasta. Ele saiu de duas sessões diárias de treinamento duro pré-lesão para fisioterapia e musculução leve agora. “Eu até estou fazendo exercícios para ombro, punho, cotovelo, para não perder muita massa muscular. Mas o mais importante é não ganhar muito peso, para não forçar o joelho e voltar à forma física mais rápido”.
Diariamente, Sasaki acorda às 7h da manhã, faz fisioterapia às 10h e passa o restante do dia ao lado de sacos de gelo, para evitar inchaços. Os treinos específicos voltam em um mês, mas de forma leve. Só em seis meses o atleta estará liberado para voltar a executar movimentos de impacto, como preparação para provas de salto e solo. Com esse calendário, os responsáveis pela equipe masculina da ginástica brasileira já dão como certa a ausência de uma de suas estrelas do Pan-Americano de Toronto, em julho.
“Estamos acompanhando o processo do Sérgio com cuidado. Ele é peça importantíssima para o Brasil nesta temporada e temos de evitar qualquer risco. Por isso, até o Pan, ele está fora de todos os eventos. Nossa idéia é que ele volta depois do Pan. Não tem porque voltar antes. O que queremos é ele 100% no Mundial”, analisou Leonardo Finco, coordenador da Confederação.
O atleta, porém, sonha em voltar antes. “Eu sei que o Pan fica em cima da minha volta aos treinos de solo. Mas acho que posso ajudar em outros aparelhos. Tenho notas altas nas paralelas, nas argolas e na barra, que podem ser importantes. Se os médicos liberarem, quero estar à disposição”, falou Sasaki.
Essa vontade tem origem em uma particularidade brasileira. Mesmo não sendo considerado um evento grande pelo mundo esportivo, no Brasil o Pan recebe atenção de imprensa e patrocinadores. E uma participação de destaque no evento é sempre uma boa ideia para um atleta que está sem clube desde o ano passado.
O foco, no entanto, é o Mundial de Glasgow, o mesmo local em que ele sofreu a lesão. Na competição, estarão em jogo oito vagas por equipe para o Rio-2016. No Mundial de 2014, com Sasaki em forma, o Brasil foi sexto.
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