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Hypolito alfineta ex-técnico e exalta papel de Marcos Goto em prata no Rio

Fábio Aleixo

Do UOL, em São Paulo

18/01/2017 04h00

Medalhista olímpico no Rio de Janeiro após duas tentativas frustradas, em Pequim-2008 e Londres-2012, Diego Hypolito afirmou que os 45 dias de trabalho que teve com o técnico Marcos Goto mudaram a sua realidade e o colocaram numa condição que ele não imaginava que teria para brigar pelo pódio. Isso porque há dois meses da Olimpíada ele não tinha a certeza que estaria na equipe. Renato Araújo, treinador chefe da seleção na época, era contra a sua ida para os Jogos por não apresentar um rendimento satisfatório nas avaliações. O racha existente foi mostrado há duas semanas pelo UOL Esporte.

"O mérito é todo do Marcos Goto por ter acreditado em mim. Se ele não tivesse acreditado em mim, eu nem teria ido. Ele me deu uma confiança que eu não tinha, foi uma condição muito melhor trabalhada do que em Olimpíadas anteriores", afirmou Diego, que nas outras edições dos Jogos tinha Renato como técnico.

"Quarenta e cinco dias é um período bom de treinamentos. Em 2005, fui campeão mundial tendo treinado apenas três semanas. Dizer que uma medalha olímpica não se faz em 45 dias de treinamento não é uma boa linha de pensamento", disse o ginasta que até então neste ciclo olímpico treinava com Fernando Carvalho, afastado da comissão poucas semanas antes da Olimpíada por acusações de assédio sexual.

A declaração de Diego é uma alfinetada clara em Renato, que havia afirmado que "ninguém faz atleta em 45 dias" e que "a ginástica é um esporte complexo, não é bolinha de gude".

O ginasta evita criticar abertamente seu ex-treinador e em vários momentos se diz grato por todo o apoio que teve nos quase 20 anos que trabalharam juntos. Entretanto, é possível perceber uma certa mágoa em suas palavras.

"O Renato é uma boa pessoa e não tenho problema com ele, mas a decisão dele era não me colocar. Na minha carreira, ele tem todos os méritos, mas o resultado do momento é por causa do Marcos".

E é com Marcos Goto - também treinador de Arthur Zanetti - que Hypolito quer seguir trabalhando com vistas aos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Entretanto, ainda não está definido como irão manter a parceria. O técnico trabalha em São Caetano do Sul e tem contrato com a equipe da cidade. Diego tem vínculo com São Bernardo. Os dois municípios são rivais em competições regionais no estado de São Paulo.

"Meu contrato atual com São Bernardo vai até abril e ainda preciso ver se vão renovar. Eu preciso ter paciência por causa do momento financeiro que o país está vivendo. Mas eu acredito em uma renovação, pois o clube sempre foi muito fiel comigo. Mas já conversei com o Marcos pois quero seguir fazendo o trabalho com ele e quero viabilizar da melhor maneira. Confio muito nele e ele foi muito legal comigo. E eu sou sempre fiel a quem me ajuda", afirmou.

Hypolito chegará em 2020 com 34 anos, uma idade já avançada para ginastas. Apesar de ter o desejo de disputar uma Olimpíada pela quarta vez, ele é consciente da sua situação.

"Vou treinar até Tóquio, e se sentir que meu nível técnico está bom eu quero ir. Se ver que existem atletas com melhores condições, minha obrigação é dar oportunidade", concluiu.
 
Após a prata olímpica no solo, Hypolito retomará seus treinamentos no começo de fevereiro. Ele disse ainda não estar 100% das dores na coluna que o atormentaram nos últimos tempos, inclusive na Olimpíada.