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Daiane dos Santos conta como ignorou críticas sobre peso: "maturidade"

Daiane dos Santos e Arthur Nory em evento que marcou 100 dias para o Pan-Americano de Lima - Reprodução/Instagram
Daiane dos Santos e Arthur Nory em evento que marcou 100 dias para o Pan-Americano de Lima Imagem: Reprodução/Instagram

Karla Torralba

Do UOL, em São Paulo

23/04/2019 04h00

Depois de sua aposentadoria da ginástica artística após a Olimpíada de 2012, em Londres, Daiane dos Santos precisou de cabeça no lugar para lidar com as críticas a seu corpo, que naturalmente mudou ao deixar de ser uma atleta de alto rendimento. A atleta, que encantou o mundo ao som de "Brasileirinho" criou uma fórmula: sendo madura e se aceitando.

Em entrevista ao UOL em evento da última semana, em São Paulo, que marcou os 100 dias para os Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, a ex-ginasta e hoje empresária relembrou o pós-carreira e contou como é ser "conselheira" da nova geração.

Daiane dos Santos em 2012, quando competia com 43 kg - FLAVIO FLORIDO/UOL - FLAVIO FLORIDO/UOL
Daiane dos Santos em 2012, quando competia com 43 kg
Imagem: FLAVIO FLORIDO/UOL

Pesando 43 kg aos 29 anos, Daiane explicou que precisou de maturidade e ser feliz com ela mesma para aceitar as próprias mudanças físicas e ainda conviver com as críticas de quem não poupava a ex-ginasta campeã mundial no solo pelo Brasil em 2003.

"Eu sempre tive um pensamento maduro sobre peso. As pessoas que veem de fora não sabem quantas horas de treino, como é a rotina, não sabem nem sobre a própria questão do peso. Imagina: eu tinha 29 anos e pesava 43kg. É surreal isso", disse.

Atualmente com 36 anos, Daiane é empresária e foca em trabalhos de gestão no esporte. Seu projeto social Brasileirinhos, em São Paulo e São Luís (Maranhão), que ensina ginástica a crianças carentes, é a parte da rotina que mais gosta.

As pessoas bombardearam Daiane principalmente antes da Olimpíada do Rio, em 2016, quando virou comentarista de ginástica e começou a aparecer mais nas redes sociais. "Acho que vai da gente entender que as pessoas não sabem sobre isso, elas não entendem. E aí vem comentário. Tem que ter maturidade e não revidar. Aos poucos as pessoas vão entender que você é hoje uma mulher que não treina mais", comentou.

Pan  - Wander Roberto/Exemplus/COB - Wander Roberto/Exemplus/COB
Atletas e ex-atletas no evento que marcou 100 dias para o Pan de Lima
Imagem: Wander Roberto/Exemplus/COB
Hoje, Daiane vive uma vida saudável, normal para uma pessoa que não é mais atleta. Ela corre e faz bicicleta. "A partir do momento natural que você para de treinar com um volume de treino de 8/9 horas por dia, o seu corpo demora para entrar numa adaptação. As pessoas estão acostumadas com você e quando vira uma mulher, uma pessoa normal, as pessoas estranham sim. Duas horas hoje não faziam nem cócegas para mim antes. Demora um pouco a adaptação, mas tem que ter cabeça boa para entender, saber do seu corpo. Você tem que estar satisfeita com você", ressaltou.

Daiane é conselheira de Arthur Nory: "me volta ao foco"

No mesmo evento, o medalhista de bronze na Rio-2016 Arthur Nory contou que Daiane dos Santos é com quem ele fala quando "precisa de foco". Ele se prepara para o ano pré-olímpico, com Pan e Mundial de Ginástica pela frente.

"A gente troca ideia com o Diego (Hypólito), com a Daiane, com a Jade (Barbosa), eles têm mais bagagem. Campeonato Mundial, mando mensagem para Dai (Daiane) às vezes, fico nervoso", disse Nory.

"Na Olimpíada também mandava mensagem para ela. Ela passou por isso e sabe o que estava sentindo então ela passa segurança e confiança. Às vezes uma palavra que te volta para o foco. Tem toda essa ajuda e acredito que logo serei mais velho para passar isso para os outros para os mais novos que estão vindo aí", completou o ginasta de 25 anos.

Daiane encara mais o seu papel como uma "troca de experiência. "Eles estão vivendo isso agora e eu já vivi. Não tem por que não ajudar, auxiliar em dúvidas que eles tenham. O importante é que eles estejam tranquilos para desempenhar o melhor trabalho possível e a gente faz o que a gente pode".