Hypólito, sobre sua sexualidade: "Não tem que opinar, é só respeitar"
O ginasta Diego Hypolito participou do programa Pânico, da rádio Jovem Pan, hoje, e comentou a repercussão que a matéria do UOL Esporte, em que assume sua sexualidade, teve em sua vida.
"Na realidade, há muitos anos já sou bem resolvido comigo mesmo. Há anos, eu neguei em uma entrevista e, depois disso, com trabalho de terapeuta e aceitando que eu nasci assim, que não é uma questão de escolha como as pessoas falam, eu pensei que não iria mais mentir se me perguntassem. Nessa entrevista do UOL, o repórter me perguntou e eu não menti. Na minha cabeça, achava que todo mundo já sabia dessa questão da minha sexualidade. Isso também é importante para pessoas que passam pela mesma situação que passei, por ter uma família bastante conservadora. Sobre sexualidade, religião e etnias não tem que opinião, é só respeitar", declarou.
Em relação aos escândalos de casos de assédio sexual envolvendo técnicos e atletas, ele contextualizou a situação. "Todo mundo acha que ainda acontecem os estupros, ainda acontecem os assédios morais. Não acontece mais nada disso, mas isso tem que ser passado para que as pessoas não voltem a passar por isso. Dar poder a quem passou pela situação para ter base e sirva de exemplo".
Além disso, Hypólito comentou as críticas que recebeu por seu desempenho nos Jogos Olímpicos de 2008. "Eu sempre segurei nas mãos das pessoas que me apoiavam. Quando eu caí, não me sentia apoiado pelas pessoas, dirigentes principalmente. Eu me senti totalmente um criminoso. Eu tinha treinado para caramba, me esforcei muito. Fui tão criticado, mas eu nunca tinha pensado que não tinha sido apoiado para ficar em pé. Eu fui muito cobrado, porque eu tive chance de ser um campeão olímpico num país que não tinha estrutura para isso".
"A gente tem o hábito que criticar as pessoas e não ser incentivador. Gays têm preconceito com os próprios gays. Héteros têm preconceito com gays. Gays têm preconceito com héteros. É tudo uma grande confusão. Acho que a gente tem que ter uma opinião formada e aceitar mais a opinião do próximo. Às vezes, gays têm preconceito com gays por não se assumirem, mas qual é a obrigação disso? Às vezes, vêm de família com represália. A gente tem que se colocar mais no lugar do próximo".
Ele ainda revelou que já tem alguns projetos para contar um pouco mais sobre sua história: "A minha biografia está pronta e eu conto muito dos bastidores, aquilo que as pessoas não enxergam. Em conjunto isso, estou com a projeto do meu filme, tive três propostas, mas ainda não assinei. Eu quero mostrar, na realidade, estas histórias. Em momento algum, eu me coloquei como um derrotado. Muito pelo contrário, eu comecei a me colocar mais forte depois disso".
Sobre a possibilidade de entrar para política futuramente, Diego assumiu seu interesse. "Não posso descartar essa possibilidade hoje em dia. Quem torce contra quem entra para a política, está contra quem passa fome, contra o país. Acho importante, futuramente, poder contribuir com ideias sobre o que eu vivi. Tenho o objetivo de mudança para o esporte. Quero entender melhor e não entrar não só pelo Governo ou meu estado, mas pela minha própria modalidade".
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