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Tiger retorna ao golfe, mas terá de cuidar da compulsão sexual até o fim da vida

Tiger Woods treina para o Masters de Augusta, seu retorno ao golfe após o escândalo - Matt Campbell/EFE
Tiger Woods treina para o Masters de Augusta, seu retorno ao golfe após o escândalo Imagem: Matt Campbell/EFE

Maurício Dehò

Em São Paulo

08/04/2010 07h00

Após cinco longos meses de escândalos, mistérios e muitos casos extraconjugais ventilados pelos tabloides, Tiger Woods volta ao que interessa nesta quinta-feira. O dia marca o retorno do golfista número 1 do mundo à modalidade, com a disputa do Masters de Augusta, nos Estados Unidos, em busca de seu quinto título no local. Apesar disso, a sombra dos problemas da estrela prometem se manter rondando sua cabeça, ampliada pelo fato de sua compulsão sexual se tornar um alvo de combate pelo resto de sua vida.

QUEM LUCROU COM TIGER?

  • Reprodução

    Uma grande quantidade de empresas e indivíduos pouco ligou para a crise no matrimônio de Tiger Woods. Para eles, era hora de faturar algum dinheiro, a exemplo dos próprios tabloides que dissecaram a vida e os casos do golfista. O UOL Esporte separou alguns casos que exemplificam isso, indo de video games a atores da indústria pornográfica, como se vê na imagem acima.

Muitos dos detalhes sórdidos das brigas com a esposa Elin Nordegren foram divulgados na imprensa após uma batida de carro no último dia 27 de novembro, contando as mais de uma dezena de amantes com quem Woods teria se envolvido. Não é possível saber o desenrolar do caso, já que o golfista recorreu a um período de sumiço para retomar sua vida. O UOL Esporte, no entanto, foi atrás de especialistas que ajudem a entender o que aconteceu com ele e o que será de seu futuro.

A compulsão sexual é um problema que atinge homens e mulheres, sem restrição de idade. Estima-se que de 3 a 6% dos norte-americanos tenham o problema, agravado pelas facilidades da vida moderna, como o fácil acesso a conteúdos eróticos e de cunho sexual na internet e na televisão.

“O vício aparece quando a pessoa procura o sexo de forma compulsiva. Ela passa a não ter prazer na busca, que é uma necessidade, e também não tem prazer depois do ato”, explica Margareth dos Reis, psicóloga e terapeuta sexual e de casais.

Segundo ela, a maioria dos casos não é tratado até que se perceba um impacto na vida da pessoa, como no caso de Tiger, que viu sua vida ser detalhada e teve em risco o casamento de seis anos com Elin, ex-modelo, com quem tem dois filhos. Para salvar a família, deixou o golfe e entrou em uma clínica de reabilitação nos EUA, por seis semanas.

MOMENTOS DA AUSÊNCIA

  • AP

    Carro de Woods ficou destruído após bater em árvore; acidente iniciou a "investigação" de sua vida

  • Reprodução

    Norte-americano deu uma coletiva emocionada para se desculpar à família, em rede nacional de TV

  • Reuters

    Alvo da imprensa e também dos humoristas, o golfista foi satirizado até pelo South Park nos EUA

“O tratamento visa exatamente o controle do vício. E ele terá de cuidar sempre disso, porque a compulsão sexual se manifesta da mesma forma que qualquer outro vício, quando a pessoa não consegue controlar o impulso”, completa a psicóloga.

Na detecção do problema, o primeiro passo do tratamento de um indivíduo é a passagem por uma avaliação profissional, para se analisar a necessidade de ajuda clínica, acompanhamento psicoterapêutico e, se for o caso, uso de medicamentos.

Depois de deixar a clínica, como no caso de Tiger Woods, o tratamento não para. Pelo contrário. O indivíduo é aconselhado a seguir com o processo de terapias e uma das medidas é a participação em grupos de autoajuda para controlar uma possível volta do impulso. Tudo é claro, depende da adesão do paciente.

“Aspectos como o período de abstinência variam de indivíduo para indivíduo. O mais importante no processo é a adesão ao tratamento. É preciso avaliar a raiz e os fatores para a compulsão e trabalhar nisso, seja uma causa biológica ou social”, analisa Margareth. “Vivemos numa era em que a facilidade para se ter estímulos eróticos é muito grande. O tratamento busca que o paciente tenha o discernimento de ver o que o favorece e o que não, para que perceba as consequências de suas escolhas.”

O principal objetivo de Tiger Woods, além de reencontrar seu golfe e o caminho dos títulos para seguir como número 1 do mundo, é conseguir o recorde de conquistas em torneios da série Major, o mais importante do golfe.

O norte-americano já tem 15 conquistas deste nível, mas ainda está longe do recordista, Jack Nicklaus, que foi campeão de 18 Majors.

Só em Augusta, Tiger Woods já levantou a taça em quatro oportunidades, sendo a primeira delas em 1997, justamente em seu primeiro título de torneio Major. Desde então, ele repetiu o feito em 2001, 2002 e 2005.

SEXO NA VÉSPERA: HÁ PREJUÍZOS?

SEXO NA VÉSPERA? CONTRA x A FAVOR

A FAVOR
"Já fiz sexo antes de partidas, apesar de nem todo técnico permitir. Quando fiz, meu desempenho foi muito melhor", disse Ronaldo à 'GQ' (2004).
CONTRA
O pugilista baiano Pedro Lima, ouro no Pan do Rio, em 2007 ficou conhecido por apostar em períodos de abstinência.

O tema sexo é comum no esporte, especialmente quando o assunto é praticar o ato na véspera de partidas e competições. Há quem ache um benefício, enquanto outros apostam até na abstinência - no caso de Tiger Woods, sua compulsão sexual pode ter influído inclusive no seu desempenho nos torneios passados.

Para Celso Gromatzky urologista do Prosex (Projeto Sexualidade) e professor da FMU-SP, sexo sem grandes exageros não é problema e pode ser até um estímulo.

“Do ponto de vista orgânico, não acho que o ato sexual na véspera de uma atividade mais importante cause qualquer impacto negativo. O consumo energético equivale ao exercício de subir dois andares em um prédio”, explica Gromatzky, que atenta. “Mas se a pessoa resolver fazer uma coisa mais elaborada, pode ter um gasto que talvez não seja apropriado.”

O urologista lembra que além do fator orgânico há as consequências emocionais, que podem ser interessantes no caso dos atletas.