Topo

Seleção de handebol apela ao Facebook para atrair público no Mundial em São Paulo

Torcida brasileira tem apoiado a seleção durante o Mundial de handebol, em São Paulo - Gabriel Inamine / Photo&Grafia
Torcida brasileira tem apoiado a seleção durante o Mundial de handebol, em São Paulo Imagem: Gabriel Inamine / Photo&Grafia

Luiz Paulo Montes

Em São Paulo

11/12/2011 06h01

Antes do Mundial feminino de handebol em São Paulo começar, uma das grandes preocupações da organização era quanto à presença do público nos ginásios, já que o esporte não tem tanto apelo quanto o futebol e o vôlei. Ao menos no Ibirapuera, onde o Brasil disputa seus jogos, uma surpresa boa: a torcida compareceu em número  maior do que o esperado e tem apoiado bastante a seleção, que encerrou a primeira fase em primeiro do Grupo C e, nesta segunda-feira, disputa as oitavas de final, contra a Costa do Marfim. 

Como não houve tanta divulgação do torneio, as jogadoras assumiram uma nova função: chamar o público para as partidas. Para fazer isso, a maioria delas, como Dani Piedade e Jéssica, passou a utilizar o Facebook para aumentar o contato com as pessoas e pedir apoio. Até agora, tem dado certo. Na histórica vitória a França, por 26 a 22, cerca de 3.500 pessoas estiveram no ginásio, entre familiares, amigos e fãs do handebol. 

"Antes dos jogos a gente posta no Facebook, chama a galera, pede para irem vestido de verde e amarelo. Está indo mais gente nos jogos por causa da nossa divulgação, com certeza. Eu pelo menos não vi outro jeito de divulgar o torneio e atrair a torcida", afirmou Jéssica, uma das mais novas do grupo, e também uma das que mais utiliza a rede social. 

GOL DE GOLEIRA A 1S DO FIM DÁ VITÓRIA AO BRASIL NO DUELO CONTRA A TUNÍSIA

  • Gabriel Inamine / Photo&Grafia

    Garantida na 1ª colocação do grupo C do Mundial de Handebol Feminino, a seleção brasileira venceu a já eliminada Tunísia de forma dramática e manteve a invencibilidade na fase de classificação, com a vitória por 34 a 33 . O Brasil ficou atrás no placar desde a metade do primeiro tempo e só conseguiu a virada no último lance da partida, com gol da goleira reserva Babi, após arremesso de sua própria área.

A jogadora, aliás, revelou que está pensando em criar uma segunda conta na rede social, pois os fãs e torcedores estão lotando seu primeiro perfil, o que, segundo ela, tem até mesmo dificultado o contato com os familiares. "Está complicado. O público manda muita mensagem de carinho, de apoio, fica difícil de entrar e falar com meus familiares. É muito desconhecido pedindo para ser amigo, deixa de ser um perfil pessoal", afirmou Jéssica.

Dani Piedade, uma das principais jogadoras da seleção no Mundial, tem postura diferente. Ela passou a aceitar todos os pedidos de amizade em sua conta no Facebook. Rapidamente, principalmente durante a competição em São Paulo, atingiu o número máximo de amigos (5 mil). Após a vitória sobre a França, depois de estar perdendo por 17 a 10 no primeiro tempo, as mensagens de apoio e carinho aumentaram ainda mais, segundo ela revelou após o triunfo sobre a Romênia, na quinta-feira. 

Mas se as brasileiras estão contentes com o número de torcedores que comparecem ao Ibirapuera, os rivais estão, no mínimo, estranhando a situação de ter "apenas" 3 mil pessoas no ginásio. Radu Voina, técnico da seleção romena, comentou sobre isso após a derrota para o Brasil. "Em nosso país estamos acostumados a jogar para 13 mil pessoas, então é estranho ver tantos lugares vazios na arquibancada. Mas é aceitável, já que o Brasil é o país do futebol. Estão de parabéns pelo que estão conseguindo", declarou.

Morten Soubak, dinamarquês que comanda a seleção brasileira, mostrou-se contente com a presença dos torcedores, mas convidou a torcida para que, a partir das oitavas de final, compareça ainda mais. "A torcida nos apoia muito, nos dá muita força. Mas acho estranho em um país onde há tantos clubes de handebol, e o esporte é um dos mais praticados nas escolas, não haja mais pessoas interessadas em estar aqui. Ainda tem muito espaço vazio", disse Soubak.