Plano de gravidez põe prazo para melhor do mundo no handebol brasileiro
O Brasil tem a melhor jogadora de handebol do planeta. Mas já sabe até quando. Com planos de engravidar, a ponta Alexandra Nascimento definiu que vai priorizar a família e deixará a seleção depois dos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro.
Alexandra, 32, defende atualmente o Hypo Nö, time de handebol da Áustria. A camisa 3 da seleção brasileira é casada há dois anos e cinco meses com Patricio Martínez, que faz parte da seleção chilena da mesma modalidade.
“Nós vamos ter o Mundial [de handebol feminino] neste ano. Meu plano é focar nisso, ajudar a seleção e trabalhar com o grupo até 2016. Quero fazer uma grande Olimpíada, trazer uma medalha, e aí pensar no meu futuro, que é engravidar”, contou a brasileira em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
O prêmio de melhor jogadora do mundo foi anunciado no dia 8 de janeiro pela IHF (Federação Internacional de Handebol, na sigla em inglês). A entidade havia preparado uma lista com cinco nomes depois dos Jogos Olímpicos de Londres-2012, e Alexandra teve 28% dos sufrágios – o colégio eleitoral foi formado por jornalistas, membros da instituição esportiva e público geral.
Primeira brasileira a obter o título, Alexandra admitiu surpresa com a decisão. “Nós estávamos treinando, e o técnico parou a atividade para dizer que a melhor jogadora do mundo estava ali na quadra. Eu nem achei que fosse comigo até ele falar meu nome. Comecei a pular e chorar”, relatou na época a ponta. O treino, é claro, foi interrompido.
O desafio para Alexandra naquele dia foi lidar com o anúncio. Depois, a ponta precisou aprender a conviver com o assédio que ele provocou. Mais reconhecida fora de quadra, ela também começou a despertar mais preocupação entre as adversárias.
“É bem complicado se acostumar a isso. Para todo atleta é bem difícil quando você começa a se destacar. Você tem de estar sempre muito concentrada, e isso é complicado. Para mim é mais fácil porque eu moro fora do Brasil desde 2003, mas é mais difícil quando eu volto ao país de férias, por exemplo. O assédio tem sido bem maior”, contou Alexandra.
A jogadora já era assediada entre os praticantes da modalidade. Depois de ter sido eleita a melhor do mundo, a principal mudança foi a extensão desse interesse: “Já existia alguma coisa, mas não se compara com o de hoje. Eu tento lidar com isso da melhor forma possível porque sei que é importante para a modalidade, para mim e para a confederação”.
Um exemplo do status que Alexandra atingiu é o site oficial do Mundial de handebol de 2013. A página publicou no dia 3 de novembro uma entrevista com a brasileira, que é descrita como uma estrela do campeonato, cujo início está previsto para o dia 6 de dezembro.
Parece muito para alguém que há menos de dez anos pensou em abandonar o handebol. Alexandra começou a jogar por causa do pai, que também foi atleta e morreu quando ela tinha 12 anos. Depois dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, contudo, uma fratura por estresse na tíbia da ponta quase impediu que ela vivesse o atual momento.
“Em 2005, ano em que eu comecei a namorar, eu vivia o momento mais difícil da minha carreira por causa da operação. Cheguei a pensar em parar de jogar, mas o meu marido abriu minha cabeça e me deu muita força”, disse Alexandra.
Martínez, porém, não tem sido apenas um motivador para a ponta. O chileno, até pelo conhecimento técnico, também é um dos principais críticos dela: “Ele não cobra muito e nem elogia demais, mas vê as coisas objetivamente. Ele é ponta direita, assim como eu, e nós nos ajudamos muito. Ter encontrado com ele foi a soma para eu estar onde estou. A felicidade está completa”.
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