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Pessoa defende "brasilidade" e já monta filho de Baloubet

Luciana de Oliveira<br/> Em São Paulo

15/09/2004 18h22

Em mais uma passagem-relâmpago pelo Brasil, nesta semana, a primeira desde a conquista da medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas, Rodrigo Pessoa se mostrou cansado das críticas de que não é 100% brasileiro. Nascido, criado e radicado na Europa e dono de indisfarçável sotaque francês, ele afirma que esse tipo de acusação parte de "pessoas frustradas e com inveja".

Luiz Doro/ Divulgação 
"Sou brasileiro e não tenho culpa de ter nascido na França", diz Rodrigo Pessoa
"Nunca tive dúvida de que sou brasileiro. Não tenho dupla nacionalidade", respondeu o cavaleiro durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira,
em São Paulo.

Ligeiramente contrariado com o assunto, ele desabafou: "Meus pais são brasileiros. Não tenho culpa de ter nascido em Paris. E fui morar na Bélgica (onde vive até hoje) por causa do trabalho do meu pai, que hoje é o meu trabalho também."

Ele é filho de Nelson Pessoa, outro importante cavaleiro brasileiro que, na década de 70, deixou o país para competir e, posteriormente, montar um prestigiado centro de treinamento na Bélgica.

Casado com uma norte-americana que se naturalizou brasileira, Pessoa chegou a dizer que gostaria de trocar a moradia em Bruxelas para viver no Brasil, "mas o trabalho não permite". Segundo ele, um cavaleiro de alto nível precisa estar na Europa, onde acontecem as principais competições. "Não tenho condição de vir ao Brasil para os dois dias de descanso que tenho entre um concurso e outro."

O medalhista chegou nesta terça a São Paulo, vindo do Canadá, onde competiu, e voltaria à Bélgica ainda nesta quarta.

"Não tenho interesse de competir por outro país. Enquanto precisarem dos meus serviços aqui no Brasil será um prazer e uma honra para mim", encerrou.

O sucessor

Pensando nas próximas grandes competições -entre elas citou a Copa do Mundo (anual), o Mundial de 2006, o Pan de 2007 e os Jogos de Pequim-2008 -, Pessoa já prepara o substituto de Baloubet du Rouet, de 15 anos, cavalo com o qual conquistou a prata em Atenas.

O eleito é Hermes, sela francesa de 9 anos. "Ele tem um caráter complicado, mas isso o faz especial. Ele será o número um na nossa escuderia", descreveu Pessoa. Com a montaria ele já ganhou dois Grandes Prêmios, em La Coruña (Espanha) e Roma, em 2003.

Mas Baloubet ainda está longe de descansar. "Ele está muito bem e deve competir por mais um ano e meio ou dois". Um dos cavalos mais vencedores do mundo, ele só não irá à sua terceira Olimpíada porque já terá 19 anos em 2008. A montaria coleciona duas medalhas olímpicas -foi bronze por equipes, com Pessoa, em Sydney-2000- e três títulos da Copa do Mundo. E um famoso fracasso: as refugadas que eliminaram o conjunto da final individual de Sydney.

Um filho de Baloubet está sendo preparado para o futuro. Parecido com o pai, Palutine, de 5 anos, é treinado no manége dos Pessoa e já participa de suas primeiras provas. Ele só atingirá o ponto ideal para os grandes concursos quando tiver nove anos -idade com a qual o pai conquistou a Copa do Mundo, em 1998, com Pessoa.

Outros 'herdeiros' de Baloubet são preparados na Europa. A venda do sêmen deste garanhão francês rende US$ 2,5 milhões ao ano a seu dono, o português Diogo Coutinho.


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