Topo

Federação pune irlandês, e Pessoa deve ganhar ouro olímpico

Das agências internacionais<br/> Em Genebra (Suíça)

27/03/2005 19h26

Sete meses depois do final da Olimpíada de Atenas, o Brasil deve ganhar mais uma medalha de ouro. Neste domingo, a Federação Internacional de Hipismo (FEI) decidiu cassar a vitória do irlandês Cian O'Connor na Grécia, em virtude do doping do cavalo Waterford Crystal. Assim, o brasileiro Rodrigo Pessoa, que ficou em segundo lugar, deve herdar a medalha de ouro.

Arquivo 
Pessoa (esq) e O'Connor mostram as medalhas conquistadas na Olimpíada
A decisão de tirar a medalha conquistada por O'Connor foi tomada após uma reunião de 11 horas entre membros da FEI em Zurique, na Suíça. O cavaleiro irlandês ainda foi suspenso por três meses de todas as competições internacionais.

Com a decisão, o Comitê Olímpico Internacional (COI) deve oficializar Rodrigo Pessoa como o novo campeão olímpico. O norte-americano Chris Kappler será o novo medalhista de prata, e Marco Kutscher, da Alemanha, ganhará o bronze.

O'Connor tem 30 dias para apelar da decisão da FEI. Caso perca o recurso, ele ainda poderá tentar manter a medalha na Corte de Arbitragem do Esporte (CAS), última instância que julgará o caso. Entretanto, os advogados do ginete ainda não decidiram se vão apelar.

Apesar de tirar a medalha de O'Connor e de suspender o cavaleiro, a FEI reconheceu que ele não teve culpa pelo doping do cavalo. O irlandês sempre negou estar envolvido com substâncias proibidas.

"Estou feliz que o bom nome de Cian esteja sendo inocentado pela FEI, que concluiu que ele não dopou o cavalo para obter vantagem na competição. Mas é claro que o resultado do julgamento é desapontador para ele e para a Irlanda", disse Andrew Coonan, advogado do irlandês.

A medalha de O'Connor foi a única de ouro obtida pela Irlanda na Olimpíada de Atenas. Com essa nova medalha, o Brasil, que já havia conseguido o seu melhor resultado em Jogos Olímpicos, ganha duas posições na classificação geral, ultrapassando Holanda e Noruega e pulando para a 16ª colocação. Se o COI confirmar a mudança, o país passará a ter cinco medalhas de ouro, duas de prata e três de bronze.

O caso
O cavalo Waterford Crystal, montado por O'Connor nas Olimpíadas, testou positivo as substâncias flufenazina e zuclopentixol, ambas proibidas, que poderiam ter sido utilizadas para acalmar o animal durante a competição.

No final de outubro do ano passado, a FEI anunciou que a segunda amostra de urina colhida do cavalo teria sumido no transporte de Paris para a Inglaterra, onde os exames seriam realizados.

À época, o advogado de Rodrigo Pessoa, Thomaz Mattos de Paiva, especialista em direito desportivo, afirmou que o sumiço da prova B não invalidaria a amostra A. Opinião contrária demonstrou James Sheeran, veterinário de Waterford Crystal. O ginete brasileiro cogitava até levar o caso ao CAS se a decisão da FEI fosse favorável ao cavaleiro britânico.

Agora, a medalha de ouro vai coroar de forma definitiva a redenção de Pessoa e seu cavalo, Baloubet du Rouet. A prata já era o melhor resultado obtido pelo país no esporte na história olímpica, e serviu para apagar o gosto amargo deixado pelo fracasso da dupla na Olimpíada de Sydney-2000, quando a série de refugadas de Baloubet enterraram o sonho da conquista do ouro.

Em Atenas, a dupla estava afiada, apesar de não ter o mesmo favoritismo de quatro anos atrás. Na decisão da medalha individual, o conjunto carregava oitos pontos perdidos e não podia se dar a chance de mais uma falta. Pessoa e Baloubet foram perfeitos e ganharam a prata que deve virar ouro.

Leia mais