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Brasil consegue 2º lugar inédito no Grand Slam da redenção do judô feminino

Mayra Aguiar mostra medalha de ouro que ganhou no Grand Slam do Rio - Daniel Zappe/Fotocom
Mayra Aguiar mostra medalha de ouro que ganhou no Grand Slam do Rio Imagem: Daniel Zappe/Fotocom

Guilherme Coimbra

No Rio de Janeiro

20/06/2011 07h01

Pela primeira vez na história, o Brasil terminou em segundo em uma das quatro principais competições do judô mundial. A seleção brasileira somou onze medalhas no Grand Slam do Rio, seis delas conquistadas pelas mulheres, que pela primeira vez subiram no lugar mais alto do pódio, com Érika Menezes e Mayra Aguiar. O Brasil ficou atrás apenas do Japão, que continua imbatível.

“O Japão é um país à parte na história do judô”, justifica Ney Wilson, coordenador técnico internacional da Confederação Brasileira de Judô (CBJ). “A gente briga com quatro países: Coreia do Sul, Holanda, França e Rússia. A gente está se firmando cada vez mais na segunda posição.”

COMENTARISTA CHORA E COBRA ALMOÇO DE JUDOCA

Medalhista de ouro no Pan de 2007, a ex-judoca Danielle Zangrando agora trabalha como comentarista do Sportv. Mas a ligação com o esporte é forte, muito forte. Neste domingo, na transmissão do Grand Slam do Rio de Janeiro, ela chorou com a vitória de Leandro Guilheiro e ainda cobrou um almoço do atleta.

No masculino, foram dois bronzes com Tiago Camilo e Hugo Pessanha (ambos nos 90kg), uma prata com Daniel Hernandes (acima de 100kg) e dois ouros, com Leandro Guilheiro (81kg) e, o mais surpreendente de todos, João Gabriel Schlittler (acima de 100kg). O judoca do Rio entrou na equipe dois dias antes da competição, no lugar do lesionado Leandro Gonçalves, e faturou o ouro ao derrotar Daniel Hernandes numa inédita final brasileira.

No feminino, só no sábado foram três medalhas, duas de prata com Sarah Menezes (48kg) e Rafaela Silva (57kg). O ouro veio com Érika Miranda (52kg), que três anos depois de ser cortada da seleção olímpica de Pequim por causa de uma lesão no joelho deu a volta por cima no Rio.

 “Sabia que a minha hora chegaria”, desabafou. “O esporte ensina a ter paciência e hoje estou vivendo o melhor momento da minha vida.”

SCHLITTLER TROCA INGRESSO POR OURO

  • Wallace Teixeira/Fotocom

    Das onze medalhas do Brasil no Grand Slam do Rio de Judô, nenhuma foi mais surpreendente do que a de João Gabriel Schlittler. Na quinta-feira, o judoca de 26 anos estava pedindo um convite para assistir à competição da arquibancada. No dia seguinte, soube que estava na equipe. No domingo, saiu do Maracanãzinho com a medalha de ouro no peito, superando até um campeão olímpico.

No domingo, o Brasil ganhou mais dos bronzes no feminino, como Maria Portela (70kg) e Rochele Nunes (acima de 78kg). Na derrota nas semifinais, Rochele se lesionou ao ser derrubada pela gigante turca Gulsah Kocaturk e pode ter rompido o ligamento cruzado anterior do joelho direito. A atleta será submetida a exames nesta segunda-feira.

Na categoria até 78kg, Mayra Aguiar venceu a americana Kayla Harrison, campeã mundial, com quem vem desenvolvendo uma dura rivalidade.

“Minha meta é a medalha olímpica”, comentou a judoca de Porto Alegre. “Esse foi o melhor resultado da minha vida, mas é só mais um tijolinho no meu verdadeiro objetivo.”

A boa fase do judô feminino é resultado de um trabalho que vem desde 2005, quando o trabalho com as meninas passou a ser encarado pela CBJ como uma modalidade à parte do masculino.

“Hoje a gente tem investimentos iguais aos do masculino, aliados a uma metodologia de trabalho específica para o feminino”, comentou a técnica da seleção feminina, Rosicléia Santos. “Quando era atleta, sentia na pele a comparação com os homens, mas hoje fico feliz por termos conquistado o nosso espaço.”

O coordenador técnico da CBJ também celebrou a boa fase das meninas, mas deixou claro que o Brasil ainda tem muito trabalho pela frente até se consolidar como uma estrela de primeira grandeza no judô mundial.

“Agora também é página virada”, decretou Ney Wilson. “Na semana que vem já temos a Copa do Mundo de São Paulo. Não dá para pensar em comemoração. Na segunda, todos esses atletas estão pesando às sete da manhã. Já na parte da tarde estarão treinando. Eles treinam até quarta com os estrangeiros e quinta-feira embarcam para São Paulo”, completou.

QUADRO DE MEDALHAS APÓS O PRIMEIRO DIA DE GRAND SLAM

PaísOuroPrataBronze
1º - Japão802
2º - Brasil434
3º - Rússia122
4º - Romênia101
5º - Itália020
6º - França018