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Vice-campeonato no mundial de Rafaela Silva coroa projeto social da Cidade de Deus

Pódio da categoria 57kg: Rafaela, Aiko Sato (ouro) e Corina Capriocu e Kaori Matsumoto - AFP/Miguel Medina
Pódio da categoria 57kg: Rafaela, Aiko Sato (ouro) e Corina Capriocu e Kaori Matsumoto Imagem: AFP/Miguel Medina

Do UOL Esporte

Em São Paulo

24/08/2011 15h29

Rafaela Silva conquistou a medalha de prata nesta quarta-feira, no Mundial de Paris, e levou ao pódio a Cidade de Deus e seu mentor, Flávio Canto. A judoca de apenas 19 anos é a joia do Instituto Reação, projeto social do medalhista olímpico em comunidades carentes do Rio de Janeiro.

"MINHA BRIGA AGORA VALE MEDALHA"

  • AFP/B.Langlois

    Pegar a atual campeã olímpica logo na primeira luta assustou?
    A gente sempre espera por uma chave tranquila e pegar logo de cara a campeã olímpica não é fácil. Fiquei um pouco nervosa, mas como havia vencido a italiana esse ano, sabia que ela não era imbatível.

    Você saiu da final com cara de choro. Ficou decepcionada?
    Claro que eu treinei para ganhar a medalha de ouro. Mas a prata foi boa também. Evolui bastante no último ano, ganhei motivação e minha meta, agora, é treinar para a medalha olímpica em Londres-2012

    Qual o papel do judô na sua vida?
    Não sei onde estaria hoje se não fosse o judô. Eu ficava na rua brigando... mas minha briga agora vale medalha.

     

Ela começou a praticar o judô por insistência do pai, que queria tirar a menina briguenta das ruas. Ao lado da irmã, Raquel, que já fez parte da seleção, logo se destacou e passou a receber atenção especial de Canto e do técnico Geraldo Bernardes.

"Eu comecei no judô com cinco anos, perto de onde eu morava. Em 2000, passei a treinar no Reação. Meu pai reclamava que eu e minha irmã ficávamos muito tempo na rua. Então, eu fui fazer judô, e a Raquel foi fazer dança. No final, eu a convenci a vir para o judô também", diz Rafaela.

Canto, bronze nas Olimpíadas de Atenas-2004, não se cansa de elogiar a dupla: “Elas são as principais estrelas do Reação. Treinam desde o início, com o meu técnico (Geraldo Bernardes). É surpreendente ver como elas se desenvolveram rápido”.

"A gente tem muitos casos de transformação de sucesso no projeto. E as duas representam os dois caminhos que nós traçamos, unindo esporte e educação com sucesso. As duas estudam, a Raquel em universidade e a Rafaela em colégio, os dois particulares, por causa do projeto. Deixaram de ser bagunceiras na escola", completa.

Nesta quarta-feira, Rafaela conquistou o melhor resultado de sua curta carreira. Vice-campeã mundial, ela passou por uma campeã olímpica (a italiana Giulia Quintavalle) e uma medalhista do último mundial (a grega Ioulietta Boukouvala), mas parou na japonesa Aiko Sato. Em 2008, ela já tinha sido campeã mundial sub-20, na Tailândia.

Com o resultado em Paris, Rafaela dá um grande passo para garantir vaga nos Jogos Olímpicos de Londres, no ano que vem. Para se classificar, ela precisa estar entre as 14 melhores do ranking (contando apenas um judoca por país). Hoje, ela é 6ª dessa lista, mas vai somar mais 300 pontos com o Mundial. Com isso, praticamente garante sua vaga – sua rival nacional, Ketleyn Quadros, é a 25ª do ranking geral, com 364 pontos, e tem chances remotas de alcançar Rafaela após ser eliminada na estreia em Paris.