"Catada" de perna volta a atormentar Brasil, que sofre com golpe ilegal no judô e perde chance de ouro
A seleção brasileira voltou a conviver no Mundial de judô por equipes, no final de semana, com um incômodo que já tirara as chances de medalha de uma atleta nos Jogos Olímpicos de Londres e que rendeu polêmica: a conhecida “catada” de perna.
Na Inglaterra, a brasileira Rafaela Silva foi desclassificada pelo golpe e perdeu a chance de disputar o bronze na repescagem depois de ser desqualificada contra a húngara Hedvig Karakas, por golpe ilegal.
Naquela oportunidade, a arbitragem chegou a marcar um waza-ari para Rafaela no começo da luta, mas desclassificou Silva depois, por meio de um VT, por ela ter atacado a perna direita da adversária antes do desequilíbrio.
Rafaela chorou muito após a luta e chegou a se irritar por ser acusada por falta de “jogo sujo”. O golpe foi ilegal porque Rafaela começou seu ataque contra a húngara direto pela perna, o que foi proibido há três anos pela Federação Internacional de Judô.
No último sábado, Rafaela chegou a fazer movimentos no mínimo semelhantes, mas nada foi marcado pela arbitragem.
Já no domingo o Brasil sofreu com a “catada de perna”. Leandro Cunha foi desclassificado quando vencia sua luta. O mesmo aconteceu dois combates depois, quando Victor Penalber também vencia duelo e foi desclassificado.
O Brasil perdeu por 3 a 2 para a Rússia, sendo que dois dois combates vencidos pelo rival foram por esta desqualificação no momento em que os lutadores brasileiros venciam; situação semelhante vivenciada por Rafaela.
"Há três anos atrás essa regra não existia, e a catada de perna era liberada. Eu sempre catava muita perna. O reflexo às vezes engana a gente. Acontece, é um erro. Você só pode pegar em sequência. Não pode pegar direto na perna”, falou o primeiro.
“Está ainda mal interpretada [a regra]. Às vezes você precisa executar para direcionar o golpe. O adversário estava nas minhas costas. Mas temos que entender direito essa regra para não atrapalhar e prejudicar futuramente a gente em outros campeonatos”, falou Cunha.
Agarrar as pernas de um oponente no judô só é válido em três circunstâncias: quando um judoca tenta o contra-ataque, como sequência ou complemento de um golpe ou quando um atleta está sendo agarrado por cima, do lado oposto da perna em que pode agarrar.
Penalber e Cunha lamentaram que as derrotas tenham sido por punição, o que poderia colocar o Brasil na final. “Foi uma pena, poderíamos ter passado [pela Rússia]. O Leandro estava ganhando por wasari, mas reverteram para a punição. Eu estava ganhando e peguei na perna faltando um minuto. Qualquer uma dessas lutas nos daria a vitória [contra a Rússia]”, falou Penalber.
“Eu até coloquei no meu Twitter, perdemos para nós mesmos. Nós erramos, o erro foi nosso. Não foi a adversário que acertou. Estávamos melhores nas duas lutas e éramos pra estar nessa final”, falou o coordenador técnico da equipe, Ney Wilson.
O técnico do time masculino, Luiz Shinohara, afirmou que o golpe sai no impulso, mas que precisa ter um basta. “O pessoal vinha fazendo muito essa catada de perna, e os que faziam [sempre], na hora do sufoco, de repente sai. Mas a tendência é acabar catação de perna. E os nossos todos têm que parar com isso.”
Como alento, a vitória que rendeu a medalha de bronze no masculino veio de uma catada ilegal de atleta francês sobre Rafael Silva, que rendeu os 3 a 2 para o Brasil.
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