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Bi mundial, Derly lembra 'vaquinha' por água e vê Brasil temido no judô

Bicampeão mundial, João Derly concedeu palestra aos judocas da seleção brasileira na última terça-feira - Rodrigo Paradella/UOL
Bicampeão mundial, João Derly concedeu palestra aos judocas da seleção brasileira na última terça-feira Imagem: Rodrigo Paradella/UOL

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/08/2013 06h00

Hoje vereador em Porto Alegre, o bicampeão do mundo João Derly teve papel fundamental para que o Brasil chegasse em alta para o Mundial do Rio de Janeiro, que começa na próxima segunda-feira.  Em visita à seleção brasileira na última quarta-feira, no Rio de Janeiro, o ex-atleta recordou momentos difíceis que passou até ver o país respeitado no esporte.

“Era um momento diferente. Às vezes não tínhamos nem água para tomar. No Mundial júnior de 2000 [realizado na Tunísia], víamos os coreanos cheio de suplementos e outras coisas, e nós juntávamos dinheiro para comprar água porque não tinha. No clube, meu técnico fazia de tudo: era psicólogo, preparador físico...”, contou Derly, que foi campeão júnior na ocasião.

Atualmente, a seleção brasileira conta com staff de 30 profissionais entre técnicos, médicos, psicólogos e até mesmo estrategistas. A nova realidade deixa Derly otimista sobre o futuro da equipe no Mundial, que acontecerá no Maracanazinho. Segundo ele, a geração que disputará esta edição pode superar a que ganhou três ouros em 2007, no mesmo Rio.

“Aquele foi um Mundial atípico. Hoje temos melhores condições financeiras e de estrutura. É uma equipe mais homogênea e muito respeitada no cenário internacional. O pessoal chega aqui até mais confiante de que pode encarar o desafio e conquistar medalhas”, argumentou o ex-judoca, que foi um dos campeões em 2007.

João Derly encerrou a carreira no ano passado, aos 31 anos. Hoje, ele aproveita os intervalos para almoço no trabalho como vereador de Porto Alegre para praticar o judô duas vezes por semana e perder um pouco do peso que ganhou depois da aposentadoria. “Os ex-companheiros ficam pegando no meu pé, falando que eu estou gordinho”, brincou.

Questionado sobre sua maior contribuição para o esporte, João Derly crava: o ouro no Mundial do Cairo, em 2005. A convicção não vem só do aspecto esportivo da conquista, a primeira medalha dourada do Brasil nesta competição. O ex-atleta lembra da influência da vitória no concretização de um importante contrato da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).

“Naquele Mundial, usamos a marca da Infraero no quimono mesmo sem o contrato estar assinado. Estava tudo certo, mas a oficialização do patrocínio não acontecia. Coincidentemente, três dias depois do meu título eles assinaram e o vínculo entrou em vigor. Acredito que fui fundamental para isso [risos]”, recordou. Após o episódio, a estatal continua nos uniformes da seleção brasileira até hoje.

Apesar de afastado da carreira de atleta, João Derly segue próximo dos tatames. Eleito como segundo vereador mais votado de Porto Alegre, o ex-judoca luta defende a bandeira do esporte na câmara municipal da cidade gaúcha.

“A carreira política é muito discriminada. Precisamos de representantes das várias esferas da sociedade na política, como o esporte, por exemplo. Acredito que faço a minha parte”, encerrou Derly.