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Judoca do Kosovo nega provocação a brasileiros após 1ª vaia do Mundial

A euforia de Majlinda Kelmendi após a vitória sobre Érika Miranda na decisão irritou os brasileiros - AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA
A euforia de Majlinda Kelmendi após a vitória sobre Érika Miranda na decisão irritou os brasileiros Imagem: AFP PHOTO / YASUYOSHI CHIBA

Rodrigo Paradella

Do UOL, no Rio de Janeiro

28/08/2013 10h30

Mais do que a própria derrota de Érika Miranda na decisão do Mundial de judô, um fato causou uma pequena revolta do público presente ao Maracanãzinho para a final da categoria. Ao conquistar o título mundial sobre a brasileira, a judoca do Kosovo Majlinda Kelmendi comemorou tão efusivamente que recebeu vaias e um sonoro “Ih, fora” da torcida local.

“É a primeira vez que o meu país conquistou uma medalha tão importante, de ouro, em uma competição mundial.Eu estava tão feliz pela vitória, nem lembro do que fiz depois. Quando você está feliz, não consegue controlar as emoções. Até vi que a torcida me vaiou, mas isso é normal”, minimizou a judoca.

Apesar do ineditismo, Majlinda não foi uma zebra na categoria até 52kg. Ela já havia passado perto de uma medalha no mundial de 2010, em Tóquio, pouco depois da independência de seus país, proclamada em 2008. Ela ficou com o quinto lugar da competição. Nos Jogos Olímpicos de Londres, o sonho acabou mais cedo: ela perdeu para Christianne Legentil, das Ilhas Maurício, na segunda rodada.

Na disputa das Olímpiadas, no entanto,Majlinda defendeu as cores da Albânia. Tudo porque o Kosovo ainda não é reconhecido pela ONU (Organização das Nações Unidas) e, consequentemente, pelo COI (Comitê Olímpico Internacional). Isso significa que, por enquanto, ela defenderá outra bandeira no Rio de Janeiro, em 2016.

“É claro que eu gostaria de lutar por Kosovo, mas tive que defender a Albânia. Isso não é tão problemático para mim. Somos países com as mesmas tradições, culturas, mas eu adoraria representar Kosovo nas Olimpíadas, pena que questões políticas atrapalham. Só que eu não sou uma política. Preciso ser vista como uma atleta”, lamentou Kelmendi.

Independente da Sérvia desde 2008, seu país é considerado pobre, tem pouco menos de dois milhões de habitantes e baixa representatividade em esportes olímpicos. Criada no contexto da sangrenta Guerra do Kosovo, Kelmendi exaltou a importância do feito dentro dessas condições.

  • Rodrigo Paradella/UOL

“Tudo é possível nesse mundo. Você só precisa querer e trabalhar forte pelas coisas. Kosovo é um país novo, pequeno, pobre, com muitas famílias, mulheres e crianças que não tem o que comer. E ser campeã mundial por esse país é uma sensação inexplicável”, exaltou a judoca, que começou cedo na luta.

“Comecei no judô aos oito anos em uma pequena cidade no Kovoso. Eu praticava todo dia com meu técnico, me dediquei a esse esporte. Dedico esse sucesso a ele”, encerrou a atleta.

Além de Érika Miranda, Eleudis Valentim também disputou a categoria até 52kg nesta terça-feira. A companheira da judoca vice-campeã mundial, no entanto, não teve desempenho tão brilhante, e acabou caindo em seu segundo combate no dia.

Nesta quarta-feira, o judô feminino brasileiro terá mais duas judocas na busca pela inédita medalha de ouro em mundiais. Rafaela Silva e Ketleyn Quadros disputam a categoria até 57kg feminino. Já os homens contam com Bruno Mendonça no torneio até 73kg para ganhar sua primeira medalha nesta edição da competição. Até aqui, o Brasil soma duas: a prata de Érika Miranda e o bronze de Sarah Menezes.