Policial da Angola obtém marca inédita no Mundial com treinos na rua
A angolana Antonia Moreira de Fátima conquistou um feito inédito para sua nação nesta sexta-feira. Pela primeira vez, uma judoca do país encerrou o Mundial de judô com um sétimo lugar. Mas enquanto boa parte das suas rivais da categoria médio (70 kg) contaram com grandes investimentos e estrutura de ponta, a lutadora teve que se virar com muito menos e chegou a treinar de quimono na rua pela escassez de tatames em sua terra natal.
“Treinávamos na rua porque meu clube não tinha um dojô [local de prática da arte marcial]. Meu treinador era formado em Cuba e já estava acostumado com dificuldades e nos encorajava. Dizia: 'não temos uma sala, vamos treinar na rua". No judô, você só precisa de um quimono e um adversário”, afirmou a atleta de 31 anos antes de citar outros locais de treino inusitados.
“Às vezes ia para campo de futebol ou futsal, de quimono e tênis. Só não podia jogar o outro, porque se caísse muito forte poderia machucar. Mas quando conseguia horário, ia para o outro clube com tatame com o mestre para praticar as quedas”, completou da lutadora, que terminou o Mundial na mesma posição que a brasileira Maria Portela.
Não bastasse a falta de estrutura, Antonia também tem que lidar com outro obstáculo no dia-dia de judoca. Como não consegue viver só do esporte, ela divide o tempo de preparação com suas obrigações como policial em Angola - ela é professora de lutas e defesa pessoal dos outros oficiais – e só consegue treinar dois dias por semana.
A atleta ainda tem experiência em modalidades como o caratê e o kickboxing e por isso é considerada uma espécie de ícone das lutas em seu país, segundo matérias da imprensa local.
“Já pensei em lutar MMA e já recebi convites também, mas ainda estou na fase do judô. Não posso deixar porque é algo profissional e não dá pra misturar. Estou sempre competindo para conseguir vaga para as Olimpíadas”, declarou a atleta, que já tem no currículo a participação nos Jogos de Atenas-2004 e Londres-2012.
Mas apesar de ter experiência no circuito mundial, Antonia Moreira estava longe das favoritas na competição desta sexta. A angolana entrou na 24ª posição do ranking e como uma mera coadjuvante da categoria. Mas depois de superar a espanhola Maria Bernabeu por ippon e avançar às quartas-de-final, ela chamou a atenção.
Foi então que ela enfrentou a alemã Laura Koch e acabou derrotada por ippon, mesmo resultado da repescagem contra a holandesa Kim Polling. “Já senti um grande crescimento, pois sempre treinei em Angola e é difícil. Mas tenho bons treinadores e eles acreditam em mim. Vou continuar e ficar mais forte”, prometeu a africana.
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