Mestre indígena de judô tenta levar corrida de toras para Rio-2016
O Brasil terá uma oportunidade perfeita para exibir sua cultura ao mundo nas Olimpíadas de Rio-2016. E se depender do mestre de judô Everson Índio, o país usará o momento para exaltar seu lado indígena. Preparador físico de atletas como Leandro Guilheiro, o “ameríndio-brasileiro” está lutando para colocar a modalidade corrida de toras na cerimônia de abertura dos Jogos, apresentando a história de seus antepassados.
“Acho importantíssimo sabermos de onde viemos. Foi assim que comecei a busca pelo meu passado até chegar aos Jogos dos Povos Indígenas. Por isso, estamos em contato com o COI [Comitê Olímpico Internacional] para viabilizar a corrida de toras na cerimônia de abertura. Será algo bacana para a nossa cultura”, comentou o judoca de 38 anos.
Personal trainer de lutadores e atletas da seleção brasileira de rugby, Everson tem descendência das tribos tupis da região de Minas Gerais. Neto de caboclos - índios catequizados -, ele começou a praticar judô na infância até se transferir para o clube Pinheiros nos anos 90. Desde então, não largou mais o esporte.
O atleta se formou em educação física na USP e passou a trabalhar como treinador especializado nas modalidades de lutas. Foi durante o período da faculdade que Everson começou a dar atenção à história de seus antepassados e passou a estudar os Jogos dos Povos Indígenas, realizados a cada dois anos com a participação de até 150 tribos diferentes.
Depois disso, ele promoveu demonstrações das modalidades indígenas em grandes centros urbanos para popularizar o evento. Agora, tentará levar a exibição da corrida de toras (revezamento de corredores carregando uma tora) para o estádio Maracanã em 2016.
“Trabalho com várias etnias desde 2003. Promovemos as modalidades indígenas em diversos locais, como a corrida e a uca-uca [luta indígena]. Fizemos corridas em locais como o campus da USP, Avenida Paulista e outros. Mas queremos mesmo é levar uma apresentação para as Olimpíadas”, explicou o faixa preta.
Bastante conhecido no judô nacional, Everson também lamentou o fato de ainda ver o povo indígena ser vítima de preconceitos na sociedade. É justamente por isso, também, que ele deseja viabilizar a união das tribos com os Jogos de Rio-2016.
“Ainda sentimos que isso existe no Brasil. As pessoas te olham diferente pelo fato de você ser índio. Tento não ligar, mas é algo legal. Então, quanto mais trabalharmos para mudar isso na cabeça das pessoas será melhor”, completou o preparador nascido no interior de São Paulo.
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