Judocas exportados começam a se destacar. Brasileiros devem se preocupar?
Natural do Espírito Santo, o meio-médio Nacif Elias fez parte da seleção brasileira por vários anos. Em 2013, resolveu aceitar o convite do Líbano e se naturalizou. Estreou pelo novo país no Mundial do Rio e, na Rússia, chegou longe: foi até as quartas de final e ficou a uma luta de disputar a medalha de bronze.
Pode parecer pouco, mas o sucesso de Elias no Mundial de Chelyabinsk, na Rússia, é um marco. Exportado, o atleta igualou o desempenho de Victor Penalber, o principal atleta brasileiro na categoria (81kg). O carioca também terminou em sétimo lugar, perdendo na final da repescagem.
A categoria foi vencida pelo geórgio Avtandili Tchrikishvili, que chegou ao torneio como líder do ranking mundial. A prata foi para o surpreendente Antoine Valois-Fortier, do Canadá. O francês Loic Pietri e o russo Ivan Nifontov ficaram com o bronze.
Outros cinco atletas nascidos no Brasil competiram por outras nações até agora – no Rio de Janeiro, em 2013, foram sete. Nenhum foi tão bem quanto Nacif. Quem chegou com a melhor cotação foi Taciana Lima. Ex-reserva de Sarah Menezes, ela defende, desde o ano passado, Guiné Bissau. Ela é filha de um político do país e só conheceu o pai recentemente.
Quando veio o convite para se naturalizar, aceitou. Somando a juventude (seis anos mais nova) e os resultados (campeã olímpica e três vezes medalhista em mundiais) da rival, uma vaga de titular na seleção brasileira ficou complicada.
Desde a adoção nova nacionalidade, ela voltou a se destacar e é a quarta colocada no ranking Mundial. Na Rússia, porém, perdeu logo na estreia. Como atenuante, sua algoz foi a medalhista olímpica argentina Paula Pareto, que foi tornou vice-campeã do torneio.
Camila Minakawa, da categoria leve (57kg), é outro exemplo. Filha do árbitro Edson Minakawa, que está trabalhando no Mundial, ela também defendeu a seleção brasileira, mas hoje compete por Israel. A escolha foi feita pelo maior apoio que receberia no país asiático. No Mundial, ela venceu uma luta (a coreana Yumi Cha), mas perdeu logo em seguida (para a mongol Sumiya Dorjsuren).
Entre os homens, Carlos Luz, luso-brasileiro, disputou a chave dos meio-médios (81kg). Venceu duas vezes (Tomislav Marijanovic, da Croácia, e Valeriu Duminica, da Rômenia), mas perdeu para o geórgio Avtandili Tchrikishvili, que levou a medalha de ouro. Filho de um professor de judô do interior de São Paulo, o ligeiro (60kg) Hernan Birbrier defendeu a Argentina e venceu sua estreia (Fabrice Kwizera, do Burundi), mas perdeu logo em seguida (In Hyuk Choi, da Coreia do Sul).
O desempenho de Nacif, chegando perto do pódio e igualando o atleta da seleção brasileira, e a ascenção de Taciana desde a mudança de nacionalidade (mesmo com o desempenho ruim no Mundial) mostra que o processo de exportação de talentos brasileiros para outros países pode dar certo. Os Emirados Árabes já lucram com isso: no segundo dia do Mundial, o país conquistou seu primeiro pódio em Mundiais, nos leves (73kg), com Victor Scvortov, que nasceu na Moldávia.
Em pouco tempo, se o sucesso dos atletas exportados aumentar, esse fenômeno pode ameaçar os talentos que ainda estão por aqui. Essa possibilidade se torna ainda mais preocupante ao olhar o desempenho verde-amarelo em Chelyabinsk. Após seis medalhas no Mundial do Rio, em 2013, o país só conseguiu uma na Rússia até agora, com Érika MIranda (bronze nos 52kg). Nomes importantes, como a campeã olímpica Sarah Menezes (48kg), a campeã mundial Rafaela Silva (57kg), os medalhistas olímpicos Felipe Kitadai (60kg) e Ketleyn Quadros (57kg) e o líder do ranking mundial Charles Chibana (66kg), já competiram e não foram ao pódio.
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