Rafael Silva repete Olimpíada e leva bronze no Mundial
Rafael Silva não conseguiu bater Teddy Riner - ninguém, até hoje, conseguiu fazer isso na categoria pesado em um campeonato mundial. Mas nem por isso voltará para casa de mãos abanando. Após perder a semifinal para o melhor judoca do planeta atualmente, ele sacudiu a poeira, voltou para a decisão do bronze, bateu o holandês Roy Meier e levou o bronze no Mundial de Chelyabinsk, na Rússia.
Nas Olimpíadas de Londres, em 2012, já tinha sido assim. Há dois anos, ele perdeu nas quartas de final para o russo Alexander Mikhaylin, ignorou a decepção, foi à repescagem e levou o bronze – na luta decisiva, venceu o sul-coreano Sung-min Kim.
O terceiro lugar do mais pesado dos atletas da seleção neste sábado (30) faz com que o time brasileiro feche o Mundial com quatro medalhas. Maria Suelen foi prata na categoria pesado (+78kg) neste sábado, perdendo a final para a cubana Idalys Ortiz minutos antes de Rafael entrar para o seu combate decisivo. Mayra Aguiar foi campeã das meio-pesadas (78kg) na sexta-feira e Érika Miranda levou o bronze nas meio-leves (52kg) na terça, no segundo dia da competição.
Dono dos melhores resultados do Brasil no circuito mundial, Rafael perdeu a semifinal para Riner por estrangulamento, ainda no primeiro minuto. O francês está invicto desde 2010 e chegou a sua oitava final em mundiais.
Antes, o brasileiro tinha passado por sua chave na fase de classificação com autoridade de número 1 do mundo. Acostumado a usar sua força para forçar o erro dos rivais, ele nem mesmo precisou pontuar para vencer suas duas primeiras lutas.
Contra o alemão Andre Breitbarth, ele forçou duas punições, sem conseguir projetar o rival nenhuma vez. Contra o egípcio Islam El Shehaby, foi ele quem tomou a primeira punição, mas quando os cinco minutos acabaram, outras três tinham sido dadas, todas para o judoca africano.
Nas quartas de final, porém, a vaga veio, literalmente, na marra. Ele saiu atrás do lituano Marius Paskevicius e entrou no último minuto da luta precisando de um yuko. Usou sua técnica favorita, o osoto-gari: esticou a perna, não ligou que a posição parecia travada e, usando toda a sua força, projetou o rival. Recebeu um wazari.
David Moura fica sem medalha
A maior surpresa do Brasil no Campeonato Mundial vai voltar para casa sem uma medalha. David Moura perdeu a semifinal para o japonês Ryu Shichinohe de virada e, minutos depois, mostrou que o resultado o abalou. Contra o russo Renat Saidov, apoiado pela torcida de Chelyabinks, foi novamente superado.
Mesmo assim, seu resultado já é o melhor do que nomes mais conhecidos, como o líder do ranking mundial dos meio-leves (66kg) Charles Chibana, os campeões mundiais Tiago Camilo (nos 90kg) e Luciano Correa (nos 100kg) ou o medalhista de bronze de Londres-2012 Felipe Kitadai (60kg). Nenhum deles chegou tão longe.
Menos conhecido que Rafael Silva, David Moura chegou ao torneio na Rússia como o sexto colocado no ranking. Poucos, porém, acreditavam que ele chegaria tão longe.
Na semifinal, perdeu para o japonês Ryu Shichinohe, mas a luta foi equilibrada. Ele abriu vantagem de um wazari ainda no primeiro minuto. Permitiu o empate com dois minutos e meio. E quando foi tentar decidir o resultado, no último minuto, acabou sendo derrubado pelo rival.
Antes, porém, David venceu suas três lutas com autoridade de favorito. Nas duas primeiras, não ficou nem mesmo dois minutos no tatame, com direito a um ippon a 17 segundos sobre Stanislav Bondarenko, da Ucrânia.
Nas quartas de final, contra o holandês Roy Meyer, foi mais complicado. O brasileiro não conseguiu pontuar, mas mostrou uma série de golpes rara nos pesos pesados. Ele projetou o rival três vezes e quase conseguiu a imobilização duas vezes. A vitória, porém, veio com uma punição no último minuto do combate.
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