Caso Sabino: investigação aponta que armas de ambos os policiais dispararam
A Polícia Civil de São Paulo abriu, na terça-feira (29), um inquérito para apurar o assassinato do agente da PM e judoca Mário Sabino, que aconteceu na sexta-feira (25) em Bauru, no interior de São Paulo. O suspeito de efetuar os disparos é o sargento Agnaldo Rodrigues, que também foi encontrado morto no local do crime. A apuração ocorre paralelamente à investigação da Polícia Militar, uma vez que o crime envolve dois agentes da PM.
UOL Esporte ouviu o promotor de justiça de Bauru responsável pelo controle externo da atividade de polícia judiciária militar, João Henrique Ferreira. Segundo ele, diferentemente do apontado no início da investigação, as armas dos dois policiais dispararam no momento do crime. Apesar de o laudo da perícia ainda não ter sido finalizado, Ferreira diz que ambos os agentes foram alvejados mais de uma vez.
"Tanto a pistola do Sabino como a arma do Agnaldo efetuaram disparos. A sinalização do laudo pericial, por enquanto, é a de que o ex-lutador teria sido atingido com dois tiros, um no peito e um na região do pescoço. Já Rodrigues, diferentemente do que havia sido reproduzido, foi alvejado com três tiros na região do peito e um tiro na cabeça", diz.
O atestado de óbito de Sabino e o agente funerário responsável pelo sepultamento do atleta, ouvido pela reportagem, trouxeram uma versão diferente: o documento mostra que o judoca foi atingido por dois tiros na região da nuca, mesma versão apresentada pelo agente funerário. Questionado, Ferreira diz que "atestado de óbito não é perícia".
"Sem o laudo pericial e o exame das provas, é impossível concluir o que aconteceu. Agora, a perícia vai coletar material para exame residuográfico das mãos dos policiais [que estiveram na cena do crime] e concluir o laudo. Como a PM lidera a investigação, conversei pessoalmente com a cúpula de agentes responsáveis pelo caso para ter acesso a essas informações", explica.
Mulher de PM morto está em batalhão da PM
A Polícia Civil tentou intimar a agente Aguida Barbosa Rodrigues para prestar depoimento nesta quarta-feira (30). Ela também é policial militar, era casada com Rodrigues e estava presente na cena do crime. O delegado responsável pela investigação da Polícia Civil, Clédson Nascimento, afirma que Aguida deve ser ouvida na sexta-feira (1º).
Uma fonte próxima à investigação, que prefere não se identificar, contou à reportagem que a agente está, desde a manhã de terça-feira, dentro do Comando de Policiamento do Interior (CPI-4), batalhão da PM. Segundo Nascimento, uma equipe da Polícia Civil foi até a casa dela pela manhã de quarta-feira (30) para intimá-la a depor, sem sucesso: Aguida não estava em casa. "Ouvi que está presa administrativamente, mas estou apurando se procede. Também não atende ao telefone", diz Nascimento.
Ainda de acordo com a fonte, a policial passa o dia em um quarto de repouso de 4 m² e não sai nem para fazer as refeições com o grupo. "Uma pessoa leva a comida dela e ela se alimenta dentro dessa sala, que tem uma cama, uma mesinha e uma janela", diz. O clima dentro do CPI-4, segundo a fonte, é de tensão e a ordem é clara: quem vazar informações para a imprensa vai enfrentar processo administrativo e pode ser expulso da corporação.
No sábado (26), Aguida participou do velório do marido em Pirajuí, no interior do Estado. Ela permaneceu no local por 30 minutos e saiu escoltada por policiais após ser recebida com revolta pelos familiares do marido. No final da tarde, a agente prestou depoimento ao inquérito militar. Uma vizinha de Aguida afirma à reportagem que a casa em que ela morava com o marido está vazia desde sábado.
Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirma que a investigação é exclusiva da Polícia Militar, uma vez que o crime envolve dois agentes da PM, o que, segundo o artigo 16 do Código de Processo Penal Militar, torna o crime um caso militar.
A SSP explica, ainda, que a investigação da Polícia Civil não invalida a da PM e que ambas ocorrem paralelamente.
Relembre o caso
O judoca Mário Sabino Júnior foi morto na noite de sexta-feira, em Bauru, no interior de São Paulo, onde servia como cabo do 4º Batalhão da Polícia Militar do Interior. O sargento Agnaldo Rodrigues, do Centro de Operações da Polícia Militar, Copom, que também foi encontrado morto no local, é o principal suspeito do assassinato. Existe a suspeita, ainda, de que Agnaldo teria se suicidado após o crime.
Policiais que estavam em patrulhamento pelo Jardim Niceia, em Bauru, suspeitaram do posicionamento de dois veículos e, ao se aproximarem, encontraram os corpos dos policiais caídos no chão. Nenhum dos dois estava trabalhando no momento do desentendimento.
O blog Olhar Olímpico apurou que Sabino e Rodrigues teriam se desentendido por questões pessoais envolvendo Aguida. Moradores do bairro Jardim Niceia contaram para a reportagem que os dois carros chegaram ao local por volta das 21h. Depois de uma breve discussão, foram ouvidos os disparos. Minutos depois, os policiais chegaram.
O tenente-coronel Ézio Carlos Vieira de Melo, Comandante do CPMI 4, afirmou que Sabino foi morto por Rodrigues, mas disse não ser possível confirmar o suicídio dele. Para Melo, apenas a perícia e os laudos poderão confirmar essa versão.
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