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Além de Tifanny: Histórias de trans no esporte começaram na década de 70

Tifanny tem se destacado no Bauru Imagem: Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

21/01/2018 04h00

O caso Tifanny Abreu no vôlei trouxe a discussão de atletas transgêneros para o Brasil nos últimos tempos, mas o tema está em cheque no mundo desde a década de 1970. Tenista de pouco sucesso entre os homens, Renée Richards chegou ao Top 20 entre as mulheres, mesmo com mais de 40 anos.

No vôlei de praia norte-americano, a atleta Tia Thompson, que falou recentemente com o UOL Esporte, sonha em disputar a Olimpíada de 2020. Outro caso que deu bastante polêmica no Brasil foi o da lutadora de MMA Fallon Fox, que inclusive foi desafiada pelo mineiro Paulo Borrachinha.

No entanto, o esporte não possui somente histórias de mulheres que viram homens. Ex-companheiro de Katie Ledecky na natação feminina, o americano Schuyler Bailar fez a transição e hoje compete nas piscinas na categoria masculina.

Veja casos de atletas transgêneros no esporte

  • Renée Richards (Tênis)

    O primeiro caso de uma transexual na história do esporte ocorreu na década de 70. Nascido em agosto de 1934, Richard Raskind foi tenista profissional masculino entre o começo da década de 1950 até 1960. Depois de se aposentar para seguir carreira como oftalmologista, Raskind voltou às quadras sob uma nova identidade. Em 1975, ele virou Renée Richards após se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo e retornou ao tênis um ano depois. No entanto, após se recusar a fazer um teste de cromossomos exigido pelas associações de tênis, Richard não conseguiu voltar a competir de imediato. Em 1977, uma ação da Suprema Corte de Nova York garantiu o direito da trans em atuar como jogadora profissional de tênis feminino, aos 43 anos. Sua estreia pelo tênis profissional foi em 1977, no US Open. E foi justamente na edição em que ela teve seu melhor desempenho em um Grand Slam. Richards foi vice-campeã de duplas ao lado da também americana Betty Ann Grubb Stuart. Aposentada aos 47 anos em 1981, ela chegou à 20ª colocação do ranking da WTA.

  • Tifanny Abreu (Vôlei)

    Primeira atleta transexual brasileira a conseguir autorização da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) para atuar entre as mulheres, Tifanny Abreu é alvo de uma grande polêmica por só ter feito a transição em 2014, aos 29 anos, quando ainda jogava vôlei masculino. A jogadora, que atua pelo Bauru desde dezembro do ano passado, passou a ser questionada por outras atletas e comissões técnicas de times do Brasil devido a sua força física e por ter feito a transição tarde, já que antes ela teve uma formação óssea e muscular a base de testosterona. Antes de assinar com a equipe brasileira, a jogadora de 32 anos também sofreu questionamentos sobre o seu corpo na Itália. Sua passagem pelo Golem Software Palmi, da Série A2, foi marcada por reclamações e ameaças de processos na Justiça para impedir Tifanny de entrar em quadra.

  • Tia Thompson (Vôlei de praia)

    Antes de Tifanny, outra praticante de vôlei já chamava a atenção por nascido homem e atuar como jogadora após a transição de sexo. Por mais que também só tenha começado a atuar profissionalmente como jogadora de vôlei de praia feminino a partir de 2017, Tia Thompson começou a tomar hormônios visando a mudança quando já tinha 18 anos de idade. Natural do Havaí, a atleta teve de esperar 3 anos para finalmente obter a autorização para jogar como mulher já que só em 2015 o Estado facilitou a mudança de nome e sexo nos documentos. Thompson jogará o Campeonato Nacional deste ano e possui chances de representar os Estados Unidos na Olimpíada de 2020.

  • Fallon Fox (MMA)

    Outra atleta que virou assunto no Brasil foi a lutadora de MMA Fallon Fox. Nascido em 1975, Boyd Burton se casou aos 19 anos e teve uma filha. Depois de juntar dinheiro como motorista de caminhão, ele viajou à Tailândia e fez três cirurgias para mudar de sexo em 2005. Fox iniciou sua carreira no mundo da luta em 2012, e só revelou ser transgênero após seus dois primeiros duelos, em que venceu ambos por nocaute. Ao todo, a lutadora de 42 anos possui 5 vitórias e uma derrota em seu cartel. Alvo de críticas de vários lutadores do UFC e até mesmo de Dana White e Joe Rogan, Fox foi citada nos últimos tempos por Paulo 'Borrachinha' Costa. O brasileiro dos pesos médios do UFC se colocou à disposição para "dar uma surra" na americana, ao afirmar que ela "massacrava" suas adversárias. A última luta de Fox aconteceu em 2014. Rival da ocasião, Tamikka Brents afirmou que a trans era uma adversária diferente de suas outras rivais. "Eu lutei contra muitas mulheres e nunca senti a força dos golpes que senti como naquela noite". Em 2015, Fox foi protagonista de um documentário chamado Game Face. O longa está disponível na plataforma de streaming da Netflix.

  • Jessica Millamán (Hóquei de grama)

    A trajetória da argentina Jéssica Millamán teve percalços logo no início de sua vida. Após sair de casa aos 15 anos por brigas com familiares, ela entrou no mundo da prostituição para sobreviver. Apaixonada por hóquei de grama desde a infância, em que parou de jogar aos 10 anos por não se dar bem com os meninos, Jéssica voltou a atuar em 2013 depois de se estabilizar como cabeleireira. No entanto, sua profissionalização no esporte só aconteceu no ano passado, após a atleta ter de esperar um ano depois de uma associação de hóquei da província de Chubut se negar a dar autorização para ela entrar em quadra por não ter feito a cirurgia de mudança de sexo. Mesmo só tomando hormônios, ela recorreu da decisão junto à Confederação Argentina de Hóquei (CAH), que a liberou para todos os campeonatos femininos. Com 33 anos, Millamán atualmente joga pelo Germinal de Rawson.

  • Schuyler Bailar (Natação)

    Por mais raro que seja, também há casos de mulheres que viram homens e seguiram carreira no esporte. Schuyler Bailar começou a nadar com 1 ano de idade e desde então nunca deixou as piscinas. Destaque também nos colégios, Bailar chegou a quebrar um recorde americano do 4x100 medley nadando na equipe que também tinha Katie Ledecky, nadadora que ganhou 5 medalhas de ouro na Rio-2016. No entanto, os problemas com sua sexualidade começaram a surgir em 2012. Com 16 anos, ela sofria com crises de depressão e bulimia. Após começar a fazer workshop em Miami, ela passou a aceitar o seu gênero e começou a fazer a transição de sexo em 2014. Um ano depois, Bailar fez cirurgias e começou a terapia para reposição hormonal. Seu caso é tão raro que ao contrário dos atletas masculinos transgêneros, que precisam fazer um tratamento de controle hormonal, Schuyler não possui qualquer restrição para competir contra homens nas piscinas.

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