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23/02/2006 - 16h50

Fora de noitadas, Popó se prepara para ter novo cinturão

Bruno Thadeu
Especial para o UOL
Em Santos
Noitada, bebida e drogas. A combinação explosiva é encarada por Acelino Freitas, o Popó, como um dos principais vilões do boxe. E o tricampeão mundial sabe o que diz, pois sua carreira esteve ameaçada em virtude de problemas ligados ao álcool. A "salvação" do atleta responde pelo nome Eliana Guimarães, sua esposa.

Arquivo
Popó, que volta a disputar cinturão no final
de abril, e a sua salvadora Eliana Guimarães
"Contei com a ajuda de minha mulher em um momento delicado na minha carreira. Não queria me concentrar, por exemplo, na noite anterior a uma luta", afirmou Popó.

O pugilista volta ao ringue no dia 29 de abril, para lutar pelo título mundial dos leves da OMB (Organização Mundial de Boxe), contra o norte-americano Zahir Raheem, 29 anos, que tem 27 vitórias (16 por nocaute) e uma derrota em seu currículo. Já o brasileiro conta com 37 vitórias (32 por nocaute) e uma derrota.

Em entrevista ao UOL Esporte, Popó reclama do fato de ser apontado regularmente como o "ex-tricampeão mundial" e exalta o surgimento tardio de Valdemir dos Santos Pereira, o Sertão, campeão mundial categoria pena pela Federação Mundial de Boxe.

UOL Esporte - Você chegou a admitir publicamente ter enfrentado sérios problemas com o álcool. Como superou essa etapa e o que a nova geração do pugilismo poderá aprender com o Popó?
Acelino "Popó" Freitas - Contei com a ajuda de minha mulher em um momento delicado na minha carreira. Não queria me concentrar, por exemplo, na noite anterior a uma luta. Agora eu sei que algo estará errado se a noite passa a ser sua principal atenção. Tem gente que está bebendo ou usando drogas, deixando de lado seus compromissos. Aquele que não pretende evoluir no esporte pode seguir esse caminho.

UOL Esporte - Um fato que te incomoda bastante é quando a mídia o anuncia como o "ex-tricampeão" Acelino Popó Freitas. O que acontece?
Popó - É impressionante. O Brasil é pentacampeão no futebol, mas se perder a próxima Copa do Mundo, a seleção não será vista como a equipe ex-pentacampeã. Diferentemente do boxe. Geralmente, o boxe é bastante perseguido. Tive uma infância muito pobre e consegui ser campeão. Quando encerrar minha carreira, quero ser lembrado como o tricampeão do mundo, sem o 'ex'.

POPÓ, O EMPRESÁRIO
A "Boxe Brasil" cuida da carreira de oito pugilistas no Brasil. O mais novo integrante é o superpena Carilhos Furacão.

"Queremos promover aquele que realmente é bom no boxe, porque o país é uma fábrica de talentos. Não queremos trabalhar com 'galinha morta', mas sim investir em quem tem potencial", afirmou Popó.

. "Saí de uma casinha lá da Bahia para ser campeão do mundo. Aprendi a promover e espero fornecer uma estrutura adequada, algo que eu não tive inicialmente, para fazer novos campeões", completou. Leia mais.
UOL Esporte - Por que a idéia de criar a Boxe Brasil?
Popó - A intenção é abrir uma frente para o boxe. A verdade é que fui passado para trás em várias ocasiões e acabei aprendendo a lidar com a minha própria agenda. Vamos acompanhar a carreira dos principais destaques do boxe. Primeiramente, é preciso que o atleta consiga um ranking internacional. Não adianta vencer e não provar o potencial para as principais organizações do esporte. Para isso, é necessário passar por várias etapas.

UOL Esporte - Um dos maiores destaques do boxe nacional, Valdemir dos Santos Pereira, o Sertão, não integra sua empresa. Pretende contratá-lo para sua "equipe"?
Popó - Trabalhamos com os fixos da empresa, oito ao todo, e promovemos, eventualmente, combates com pugilistas de fora, como foi o caso do Sertão. Aliás, esse sim é uma pessoa vitoriosa. Ele se tornou o melhor do mundo com 31 anos. Tem gente com 22, 25 anos, com boa estrutura, que já se dá por vencido. O Sertão veio do nada e é um exemplo a ser seguido por todos nós, dentro ou fora do boxe.

UOL Esporte - Personalidades do esporte brasileiro, como o atacante Ronaldo e o tenista Gustavo Kuerten, também atuam em prol da massificação e da educação através do esporte. Até que ponto você se enquadra nesse contexto e qual sua contribuição para o boxe nacional?
Popó - Às vezes, você tem de provar a imprensa que está ajudando ao próximo. Eu faço isso todo dia e muitos nem sabem disso. Independentemente do gesto do Ronaldinho, procuro fazer a minha parte. Quanto ao boxe, a audiência sempre foi muito grande em lutas minhas transmitidas de madrugada, por exemplo. Sinal de que o boxe é interessante ao povo.

UOL Esporte - Pretende acompanhar de perto o trabalho desenvolvido pelo seu novo reforço, o Carlinhos Furacão? Ele trocará Santos por Salvador?
Popó - Nem pensar [risos]. Ele está muito bem treinado em Santos. Com 17 vitórias em 17 lutas, existe razão para mudança?

UOL Esporte - Com esse "empurrão" dado por sua empresa, você acredita que o Furacão seja o primeiro contratado a faturar um título mundial?
Popó - Sempre digo uma coisa: eu não faço campeão. A competência do campeão fica por conta do profissional.

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