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29/04/2006 - 09h00

Popó enfrenta americano pelo título dos leves da OMB

Por Eduardo Ohata
Enviado especial da Folhapress*
Em Mashantucket (EUA)
Pela quarta vez na história, o Brasil ganha a chance -nunca materializada- de ter simultaneamente dois representantes no topo do boxe internacional.

OS RIVAIS
Popó
Idade - 30
Ranking - 1
Vitórias - 37
Derrotas - 1
Nocautes - 32
Raheem
Idade - 29
Ranking - 3
Vitórias - 27
Derrotas - 1
Nocautes - 16
Se derrotar na noite deste sábado o norte-americano Zahir Raheem, pelo título vago dos leves da OMB, Popó irá se juntar a Sertão, dono do cinturão dos penas (até 57,1 kg) pela FIB. O combate será no Foxwoods Casino, em Mashantucket (EUA).

Nesta sexta-feira, Popó e seu adversário pesaram no limite da categoria dos leves, que é de 61,2 kg.

"Quem já fez isso? Nunca houve dois brasileiros campeões mundiais ao mesmo tempo. E não esqueça meus outros três títulos [superpenas e leve]", disse Popó.

"Será uma luta muito difícil, mas acho que vai dar Popó. Aí serão os dois baianos campeões mundiais", espera Sertão.

Popó, de maneira reservada, afirma crer na possibilidade de uma vitória por nocaute. Diz que, sem deixar a técnica de lado, deve seguir a tendência, iniciada após a derrota em 2004 para Diego Corrales, de recuperar a agressividade e aproveitar sua pegada.

A primeira oportunidade de o Brasil ter dois campeões simultâneos surgiu com Luiz Claudio Freitas, irmão mais velho de Popó, que subiu ao ringue para desafiar o mexicano Marco Antonio Barrera, campeão em várias categorias. Quando Luiz Claudio, um peso-pena que se desgastou para descer uma categoria e enfrentar Barrera pelo título dos supergalos, foi fulminado em menos de um assalto, Popó detinha o cinturão dos superpenas pela OMB.

Agora, o carrasco do irmão, Barrera, está na mira de Popó. "Ele [Barrera] está na lista de possíveis rivais [para o futuro]." O porto-riquenho Oscar Suarez, técnico de Popó, afirma que outra opção seria uma revanche com Diego Corrales, que tomou o cinturão do brasileiro em 2004.

AS TENTATIVAS*
Popó
- De 7.ago.99 a 9.ago.03 (enquanto Popó foi campeão superpena)
Luiz Claudio Freitas, irmáo de Popó, baixou de categoria e enfrentou o ídolo mexicano Marco Antonio Barrera pelo título dos supergalos da OMB. Caiu no primeiro assalto na casa do rival (17.jun.00).
O campeão brasileiro dos pesados, George Arias, também desceu de peso para tentar um título da OMB, o dos cruzadores. O britânico Johnny Nelson o superou por pontos (27.jan.01)
Popó
- De 3.jan.04 a 7.ago.04 (enquanto Popó foi campeão leve)
Sem ter lutado com ninguém que tivesse uma vitória no cartel, o mosca Reginaldo Martins perdeu a disputa pelo título dos moscas da OMB. Foi nocauteado por Omar Narvaez (6.mar.04)
Sertão
- De 20.jan.06 até agora
Popó busca recuperar esta noite o cinturão dos leves da OMB contra o norte-americano Zahir Raheem
*Pugilistas que tentaram cinturões mundiais durante reinado de outro brasileiro
Ainda durante o reinado de Popó como superpena, outro brasileiro tentou formar dobradinha. Em janeiro de 2001, foi a vez de o campeão brasileiro dos pesos-pesados, George Arias. Também desceu de categoria, para a dos cruzadores, e pegou o britânico Johnny Nelson. Foi superado por pontos, na casa do adversário.

"Foi um combate difícil. O Nelson não gosta de lutas, mas de marcar pontos. Achei que tinha condições, fui com o objetivo de ser campeão, mas perdi. Quem sabe no futuro a gente consiga formar uma trinca [de campeões brasileiros]?", comenta Arias.

Enquanto Popó teve o cinturão dos leves da OMB, só um lutador tentou duplicar o feito do brasileiro. Foi o mosca Reginaldo Martins, que escalou o ranking da OMB sem nunca ter vencido alguém que tivesse uma única vitória no cartel. Viajou à Argentina em março de 2004. No entanto, não agüentou o campeão Omar Narvaez, que o nocauteou.

Após o combate desta noite, Popó não deve subir de peso.

A hipótese havia sido levantada na quinta-feira, quando o promotor do brasileiro, o norte-americano Arthur Pelullo, afirmou, em entrevista coletiva, que o vencedor de Popó x Zaheem "será um nome forte entre os leves e meio-médios-ligeiros", dando a entender que o brasileiro poderia mudar de categoria.

Nesta sexta, contudo, Pelullo descartou a possibilidade de Popó deixar os leves.

Brasileiro não terá companhia da mulher
Popó não terá a companhia da mulher, Eliana Guimarães, na luta desta noite. "Passei por cirurgia na vesícula há três semanas. Também por conta do bebê [o primeiro filho do casal, Acelino Popó, de sete meses], combinamos que era melhor não ir", conta Eliana.

"Poderia tirá-lo do foco. O bebê poderia acordar de madrugada chorando."

A mulher de Popó foi uma das responsáveis pela mudança radical em sua carreira, quando ele substituiu sua equipe original, a quem hoje acusa de exploração, pela atual. O único combate em que ela não foi desde 2000 -estavam separados-, foi um dos mais difíceis do brasileiro, contra o argentino Jorge Barrios, que chegou a derrubá-lo, em 2003. Popó parecia desconcentrado.

"Não fará diferença na luta [o fato de Eliana não estar presente]", diz Popó.

Na TV - Rede TV!, ao vivo, a partir das 23h

*O jornalista Eduardo Ohata viajou a convite da Banner Promotions

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