Topo

Geração "fominha" adia renovação da equipe masculina no Mundial

Daniel Neves<br/> Em São Paulo

14/08/2009 07h01

BRASIL NO MUNDIAL DE 2009
Márcio Rodrigues/Fotocom.net
Tiago Camilo segue na seleção, mas em uma nova categoria
-60 Kg: Denílson Lourenço
-66 Kg: Leandro Cunha
-73 Kg: Leandro Guilheiro
-81 Kg: Nacif Elias
-90 Kg: Tiago Camilo
-100 Kg: Luciano Corrêa
+100 Kg: Daniel Hernandes
KETLEYN VOLTA A COMPETIR
JUDOCAS FAZEM ANTIDOPING
LEIA MAIS NOTÍCIAS SOBRE JUDÔ
A seleção brasileira de judô que disputará o Mundial de Roterdã, entre os dias 26 e 30 de agosto, na Holanda, terá uma delegação masculina de caras bem conhecidas. Praticamente sem renovação, a equipe terá apenas dois atletas que não disputaram nenhuma edição do torneio.

"Ninguém aqui quer perder a vaga. Todos são fominhas mesmo", comentou o pesado Daniel Hernandes, que partirá para seu quinto Mundial. O judoca, porém, competirá pela segunda vez na categoria +100 Kg. Nas outras três, lutou na Absoluto.

As únicas caras novas da seleção brasileira serão o meio-leve Leandro Cunha e o meio-médio Nacif Elias. Os dois, porém, se aproveitaram de lacunas deixadas pelos atuais medalhistas de ouro. No meio-leve, o bicampeão mundial João Derly teve que abrir mão de disputar a competição em Roterdã, por causa de uma lesão. Já Tiago Camilo, detentor do título no meio-médio, decidiu mudar de categoria e lutará no médio.

BRASIL NO MUNDIAL DE 2007
-60 Kg: Breno Alves
-66 Kg: João Derly (ouro)
-73 Kg: Leandro Guilheiro
-81 Kg: Tiago Camilo (ouro)
-90 Kg: Carlos Honorato
-100 Kg: Luciano Corrêa (ouro)
+100 Kg: João Gabriel Schlitter (bronze)
Absoluto: Daniel Hernandes
Para Camilo, o bom desempenho apresentado pelo judô brasileiro nos últimos anos faz com que seja difícil para que novos talentos "roubem" o lugar dos veteranos na seleção. "É uma equipe consagrada, com atletas com mais resultados e experientes. Isso acaba sendo difícil para os atletas que estão chegando, ter que tomar o lugar dos mais experientes, que tem atitude dentro do tatame", comentou o judoca, que disputará seu terceiro Mundial.

Além do bom desempenho dos atuais membros da equipe, outro motivo para a ausência de caras novas na seleção masculina pode estar fora dos tatames. Atleta da delegação com o maior número de participações em Mundiais, Daniel Hernandes acredita que a nova geração não apresenta a mesma "fome" de espaço que os veteranos.

"Hoje tem esse fenômeno de computador, videogame", comentou Hernandes. "O pessoal acaba não tendo a mesma força de vontade que a minha geração teve, de sofrer um pouco mais, de penar para viajar, de ter que fazer rifa. Hoje, eles pegam tudo muito mais acomodado. Tenho mais disposição do que a molecada de 18 e 19 anos".

BRASIL NO MUNDIAL DE 2005
-60 Kg: Denílson Lourenço
-66 Kg: João Derly (ouro)
-73 Kg: Leandro Guilheiro
-81 Kg: Tiago Camilo
-90 Kg: Alexsander Guedes
-100 Kg: Luciano Corrêa (bronze)
+100 Kg: Walter Santos
Absoluto: João Gabriel Schlitter
Atleta mais velho da delegação brasileira, Denílson Lourenço é um exemplo de "fominha" da atual seleção. O judoca de 32 anos cogitou subir de categoria, mas abriu mão da mudança para manter uma vaga na equipe pelo próximo ciclo olímpico.

"Subir de categoria seria abrir mão da vaga na seleção e começar tudo de novo no meio-leve", disse Lourenço. "É um sacrifício grande que venho enfrentando há anos, mas por enquanto estou focado na competição e verei até quando vou agüentar ficar nessa categoria. Espero que seja até terminar esse ciclo olímpico. É claro que os mais novos estão aí para conseguir a vaga, mas estou aqui para defender".

A delegação brasileira que disputará o Mundial de Roterdã terá a missão de manter a sequência de bons resultados conquistados pelo país. Na última edição do torneio, disputada no Rio de Janeiro, em 2007, o Brasil obteve seu melhor desempenho na história da competição. Somente no masculino, foram três medalhas de ouro e uma de bronze, o que garantiu o segundo lugar na classificação geral.