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Brasileira vê rival ir para a luta livre antes do Mundial de braço de ferro

Gabriela Vasconcelos e a sueca Sarah Backman tiveram uma acirrada rivalidade - Arquivo Pessoal
Gabriela Vasconcelos e a sueca Sarah Backman tiveram uma acirrada rivalidade Imagem: Arquivo Pessoal

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

05/09/2013 06h00

Em 2012, o Brasil foi o palco do Mundial de luta de braço, o popular braço de ferro, que mostrou ao público que a modalidade é levada bem mais a sério do que muitos imaginavam. Nesta sexta-feira, é a Polônia quem sedia o evento, e o Brasil será representado na disputa por medalhas de ouro. Uma competidora verde-amarela, por sinal, viu suas chances aumentarem: a arquirrival - e musa - Sarah Backman, da Suécia, recentemente surpreendeu e foi contratada para ser uma das “divas” do WWE, maior organização de luta livre dos EUA.

Gabriela Vasconcelos e Sarah Backman tem um longo histórico de duelos. No Mundial de São Vicente, deu Suécia. Neste ano, no Arnold Classic, evento de Schwarzenegger realizado no Rio de Janeiro, foi a brasileira quem prevaleceu. Desta vez, no entanto, não haverá duelo.

“Apesar da rivalidade com a Sarah, eu sentirei a falta dela no Mundial e no esporte. Gostaria que ela estivesse presente”, admite Gabriela.

Sarah Backman, que era uma adolescente gordinha, acabou encontrando nos duelos de queda de braço uma motivação para mudar de vida. Fez dieta, ganhou músculos e trocou totalmente o visual. A beleza e as atuações destacadas na modalidade chamaram a atenção do WWE. Sarah chegou a postar fotos assinando com a organização, mas ainda aguarda sua estreia nas lutas encenadas que atraem milhões de norte-americanos.

Para a brasileira Gabriela Vasconcelos, um novo desafio pintou para este Mundial, já que ela mudou de categoria.

“Quanto maior o desafio, maior a vitória. Como estou lutando um Mundial pela primeira vez nessa categoria de 70kg - desde 2006 eu jogava na 80kg - não sei o quanto facilitará a ausência dela, mas estou confiante e preparada pra qualquer desafio e espero voltar com o título.

Gabriela é só uma entre os cerca de 1.200 competidores na Polônia. O Mundial de luta de braço tem disputas na mão esquerda e direita, em categorias que vão do júnior ao másters, passando por deficientes e, claro, adultos. Sempre tanto com chaves masculinas e femininas.

A brasileira hoje consegue tirar recursos do esporte, com patrocínios e até Bolsa Atleta para pagar sua viagem. Ela divide os treinos, à noite, com o trabalho como professora de ginástica artística e também de musculação durante todo o dia.

Os brasileiros na Polônia tem a missão de tentar bater a marca do Mundial de 2012. Na ocasião, foram 23 medalhas conquistadas, contra 22 do evento em 2011, no Cazaquistão.

Brasileiro supera graves lesões e vê braços terem 6cm de diferença

Outro brasileiro que estará no palco do Mundial será Giuliano Pareja. O competidor tem uma carreira cheia de lesões por conta das disputas de braço de ferro e terá de mostrar superação para brigar pelo ouro, no que pode ser sua última competição.

O fato é que Pareja já sofreu rupturas no bíceps em três oportunidades. Treinando atualmente com um só braço - o direito -, o ele viu a diferença na musculatura deixá-lo com medidas com 6 cm de diferença de um para o outro.

“Cara, é muito Rocky Balboa. Eu treinei seis meses só com o braço esquerdo. Comecei a fazer barra com um braço só, até subir corda eu aprendi (risos)”, contou ele. Giuliano rompeu o bíceps direito em 2001 e não operou. Passou a competir com o esquerdo, mas também lesionou o músculo. Só aí foi para a cirurgia. Mas recentemente um novo problema tirou de ação o braço esquerdo.

O esforço e a falta de apoio de órgãos oficiais desanimam o paulista, que busca forças para brigar por uma última medalha. “Estamos pagando nossa própria inscrição, passagem, hotel. Vou gastar R$ 5 mil, brincando. Eu tenho patrocínio particular, mas tive que vender camisetas personalizadas para levantar parte do dinheiro”, criticou ele. “Acho que é meu último Mundial. Além do corpo, a falta de apoio faz você pensar. Negligenciei família e trabalho em busca deste sonho, mas quero voltar com um pódio.“