Ofensa de membro do governo a Macron repercute no exterior, e cônsul reage
A imprensa internacional repercutiu as declarações do ex-lutador Renzo Gracie contra o presidente da França Emmanuel Macron e sua mulher Brigitte. Em um vídeo e em entrevista ao UOL Esporte na semana passada, Renzo, recém-nomeado "embaixador do turismo internacional" pelo governo de Jair Bolsonaro, chamou Macron de "franga" e Brigitte de "dragão".
"Macron... I'm sorry, Micron, Micron. Mermão, tá falando mal do meu país. O único fogo que tem é no coração dos brasileiros e do nosso presidente, seu palhaço. Vem aqui que tu vai tomar um gogó nesse pescoço, nesse pescoço de franga. Tu não me engana não, pô. Aqui o Merthiolate tá ardendo, fera", afirma Renzo Gracie em uma gravação que circula nas redes sociais.
Por telefone mais tarde, Renzo iria além: "É claro que um monte vai se espantar, vai achar que eu chamei ele de franga porque a hombridade dele é duvidosa, mas não. Eu já conheci muitos gays mais machos que esse imbecil", afirmou sobre o presidente francês.
E emendou ataques à primeira-dama: "Vou te fazer uma pergunta, a mulher dele é bonita ou feia? Você pegava? Se você esculhambar o nosso país, se prepara para ouvir um monte de besteira, e também sobre seus parentes. O fato dele estar dormindo com dragão não faz dele especialista em incêndio. Ela é feia, mermão!"
Veículos da França, da Inglaterra, dos Estados Unidos, da Austrália, da Índia e da Rússia traduziram as palavras de Renzo e contextualizaram a rixa que opõe o governo brasileiro e o francês em torno da crise ambiental provocada por incêndios na Amazônia.
Comentando o vídeo do embaixador do turismo brasileiro, um cargo não remunerado na estrutura da Embratur, Brieuc Pont, cônsul francês em São Paulo, respondeu com ironia: "Cachaça deve ser consumida com moderação, e nó de gravata, ajustado. Sem falar dos modos na mesa."
Um dos mais importantes jornais do Reino Unido, o "Independent" chamou de "homofóbicos" e "misóginos" os comentários de Gracie sobre o casal presidencial e disse que eles vêm na esteira de "uma guerra de palavras entre o presidente francês e o governo brasileiro a respeito dos incêndios na Amazônia."
O site da americana "Fox News" afirmou que as "declarações inflamadas" de Renzo mostram que "a briga entre Paris e Brasília se tornou ainda mais hostil - e pessoal".
"As declarações inflamadas intensificam as brigas fúteis entre os governos francês e brasileiro depois da condenação de Macron à forma como o Brasil lida com os incêndios que abalam a floresta amazônica", escreveu a "Fox News".
Na França, as palavras de Renzo viraram reportagem no site da "L'Obs", a principal revista semanal em circulação no país, e no do canal de TV "CNews". A "L'Obs" afirmou que o professor de jiu-jitsu "lançou ataques sexistas" a Brigitte Macron. "O clã do presidente brasileiro parece não ter nenhuma intenção de aliviar as tensões diplomáticas."
Já a revista semanal "Valeurs actuelles" destacou os insultos do embaixador do turismo e disse que "eles não devem consertar a relação entre França e Brasil". "Essa é a segunda vez em apenas uma semana que Brigitte Macron é alvo de um membro do governo brasileiro por causa de sua aparência", afirmou o veículo, lembrando de um comentário on-line do próprio Jair Bolsonaro sobre a primeira-dama francesa.
Os ataques de Renzo Gracie também foram tema de reportagens no "Daily Mail" e "Daily Star" (Inglaterra), "News.com.au" (Austrália), "RT" (Rússia) e "International Bussiness Times" (Índia), além de veículos especializados em artes marciais, como o "Bloody Elbow".
"Gracie elevou as coisas algumas notas acima, em uma troca diplomática que envergonharia o trash talk de qualquer lutador do UFC", afirmou a agência RT, com sede em Moscou.
Além de professor de jiu-itsu, Renzo Gracie é ex-lutador de MMA e empresário, dono de uma rede de academias em Nova York. Depois de ser diplomado embaixador do turismo pela Embratur, ele vem participando de reuniões com autoridades e empresários americanos para fomentar o turismo no Brasil.
Em entrevista, ele afirmou que no meio de uma série de reuniões em Miami resolveu desabafar contra Macron, que estaria em uma campanha contra o Brasil. Desde as eleições do ano passado, Renzo tem sido um eloquente apoiador de Bolsonaro e participou de uma de suas lives em agosto.
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