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Alheios ao sucesso do UFC Rio, clubes mantêm cautela com investimentos no MMA

Lutadores exibem símbolos de clubes de futebol após suas vitórias no UFC Rio - UFC/Divulgação
Lutadores exibem símbolos de clubes de futebol após suas vitórias no UFC Rio Imagem: UFC/Divulgação

Thales Calipo*

Em São Paulo

31/08/2011 07h00

Anderson Silva corintiano, Rodrigo Minotauro colorado, Paulo Thiago cruzeirense... A relação entre MMA e o futebol, que ganhou destaque no UFC Rio, no último fim de semana, e pareceu uma tendência, ainda é encarada com muita cautela pelos clubes. Apesar dos exemplos citados, a maioria dos times ainda estuda a possibilidade de entrar e qual a melhor forma de explorar esse lucrativo mercado.

A primeira investida de um clube no universo do UFC partiu do Corinthians. Por meio da 9ine, empresa de marketing esportivo de Ronaldo, o time firmou um contrato com Anderson Silva, que passou a vestir uma camisa especial da equipe antes e depois das lutas. O próximo passo da parceria será o lançamento de uma linha de produtos ligada ao lutador.

Outro exemplo de um clube disposto a investir no UFC é o Cruzeiro. Os mineiros firmaram um contrato com o lutador Paulo Thiago até o fim deste ano e, nesta sexta-feira, uma reunião irá traçar os rumos da parceria.

“Essa foi uma iniciativa do presidente Zezé Perrella, que vislumbrou a possibilidade de ter um atleta no UFC Rio, em função da visibilidade. Estamos agora planejando algumas ações que vinculem a marca Cruzeiro à imagem do atleta”, explicou Marcone Barbosa, diretor de marketing cruzeirense.

Essas duas investidas, no entanto, ainda são ações isoladas na convergência entre os dois esportes. O Internacional, que foi representado por Rodrigo Minotauro no evento do Rio de Janeiro, não ganhou nenhum centavo do clube para usar a camisa do time colorado. Nesta quarta-feira, o lutador receberá uma homenagem antes da partida contra o Santos, no Beira-Rio, mas isso não significa a continuidade da parceria entre as partes.

“O objetivo foi estar presente e capitalizar com este evento, e isso nós atingimos. Não sabemos ainda qual será a agenda de lutas dele e, com calma, vamos ver se devemos ou não continuar a parceria”, explicou Jorge Avancini, diretor executivo de marketing do Inter.

As três equipes que entraram no UFC Rio foram unânimes em admitir que a exposição, principalmente internacional, foi o grande motivador para a parceria. Segundo os organizadores, o evento do último fim de semana poderia ser visto em 500 milhões de lares espalhados por 175 países.

Apesar disso, outros clubes seguem apenas no flerte à modalidade, sem definir a entrada definitiva no UFC. O Flamengo, por exemplo, alegou não ter dinheiro para bancar uma parceria com José Aldo. O Coritiba tentou explorar o fato de Maurício Shogun ser torcedor do clube. Porém, depois de receber uma camisa do time de presente, o lutador respondeu solicitando um patrocínio, possibilidade descartada pelos paranaenses.

Na semana que antecedeu o UFC Rio, o movimento em busca de uma parceria entre algum lutador e um clube de futebol aumentou. O São Paulo, por exemplo, admite ter recebido várias sondagens. Chegou-se, inclusive, a especular que o time do Morumbi teria perdido Minotauro para o Internacional, mas a direção tricolor nega que o MMA esteja entre suas metas imediatas.

“Recebemos e-mails de última hora solicitando parceria, mas não havia tempo hábil. O MMA é um esporte, mas o nosso negócio é o futebol. O São Paulo dá preferência ao futebol e aos esportes praticados no seu departamento social”, disse Rogê David, diretor de marketing do São Paulo.

*Colaboraram Maurício Dehò e Ricardo Perrone, em São Paulo

ANDERSON SILVA VÊ CHANCE DO MMA CRESCER COM O FUTEBOL

Mesmo que o diálogo entre MMA e futebol ainda esteja só começando, Anderson Silva já vê a chance de a modalidade lucrar com a parceria. Para ele, essa aproximação das equipes de futebol fará com que o MMA cresça ainda mais no país. "Acho que não é apenas lutador defendendo um time, mas sim os clubes estarem apoiando o nosso esporte", disse ele, que foi vaiado por parte da torcida ao vestir a camisa do Corinthians. Nitidamente chateado, Anderson cobrou união de todas as torcidas. "Temos de nos juntar, pois todos os lutadores, em algum momento, vão vestir a camisa de um clube, mas seguimos torcendo uns pelos outros. Vaiar não é o caminho, pois somos uma grande potência."