Topo

MMA


Após depressão, Minotauro detalha emoção de lutar em casa e mira volta ao Japão

Rodrigo Minotauro participa do programa Agora é Tarde, com Danilo Gentilli, na Band - Bandeirantes/Divulgação
Rodrigo Minotauro participa do programa Agora é Tarde, com Danilo Gentilli, na Band Imagem: Bandeirantes/Divulgação

Maurício Dehò

Em São Paulo

02/09/2011 07h00

Menos de uma semana após seu retorno com vitória no UFC, Rodrigo Minotauro não para. A agenda cheia já o levou a uma partida do Internacional em Porto Alegre e a uma participação no programa de Danilo Gentili. Após este último compromisso, o baiano conversou com o UOL Esporte e falou sobre seu recente triunfo, a recuperação de suas três cirurgias e os planos futuros, audaciosos: a vontade é encarar uma revanche contra Frank Mir, e de preferência no Japão, terra em que o peso pesado brasileiro se consagrou. Confira o papo:

Médicos comparam Minotauro a Ronaldo e relatam dor e superação antes do UFC Rio

  • O Rodrigo Minotauro que nocauteou Brendan Schaub no último sábado, pelo UFC Rio, tem pouco daquele que virou 2010 para 2011 de muletas, praticamente sem andar. A depressão pela dificuldade em se recuperar de três cirurgias, sendo duas no quadril, transformou-se em poucos meses na superação que se viu dentro do octógono. E se a fisioterapia deve acompanhar o baiano pelo resto da carreira, a comparação dos médicos que o trataram com o caso de Ronaldo Fenômeno deixa claro que ele ainda pode fazer muito lutador. LEIA A MATÉRIA COMPLETA

UOL Esporte: Minotauro, você estreou em casa apenas em sua 40ª luta no MMA. Qual foi a sensação em ver o público brasileiro te apoiando na arena?
Minotauro:
Foi um momento muito especial, porque nunca pude lutar aqui, nunca pude encarar o público brasileiro. Quando entrei no ginásio só ouvi aquela barulheira. Eu entrei enrolado na bandeira do Brasil e o pessoal começou a gritar. Então, eu olhei para baixo e não tive coragem de olhar para cima, senão eu sabia que iria me emocionar. Fiquei de cabeça baixa, entrei sem falar com ninguém e me concentrei no cara (Brendan Schaub). Mas senti uma vibração. A cada soco que eu acertava nele vinha um grito da galera e eu me senti mesmo em casa. Eu pensei comigo: “eu não perco aqui nem f... Aqui é a minha casa!”. O termômetro da luta era o público e eu usei isso a meu favor.

Depois deste resultado, você já fala em lutar em dezembro. Não é pouco tempo para retomar a preparação?
Eu tenho que ver, porque realmente terei de puxar os treinos para fazer uma luta em dezembro. Eu já fiz isso para o Rio, então tenho que conversar com minha fisioterapeuta. É claro que tenho medo de me machucar de novo, forçar demais. Agora, vou ficar uma semana de férias, depois eu volto a treinar e vamos ver como meu corpo fica.

Mas você não prefere ter mais tempo e lutar em fevereiro, no Japão?
Minha preferência é o Japão (onde foi campeão no Pride), com certeza. Mas lutar em dezembro me atrai muito também, porque já peguei um pouco o gás com essa luta, então toparia fazer outra.

Os rivais mais cotados para você são Brock Lesnar e Frank Mir. Ter uma revanche contra o Mir é a melhor opção na sua cabeça?
São dois adversários que eu gostaria muito de lutar. Já me ofereceram a revanche contra o Mir, mas tive de recusar por causa das lesões. O fato de já ter perdido para ele me faz querer mais este combate.

O que ficou de impressão daquela derrota?
Que eu tenho que estar bem fisicamente para lutar. Eu não estava, tive uma lesão na costela, rompi o menisco, então não estava bem. Claro que isso não é uma desculpa, ele foi melhor do que eu. Mas se eu tiver condição de lutar 100%, sei que posso vencer. Foi depois dessa luta que passei a me cuidar mais, fazer fisioterapia...

Falando sobre sua recuperação, seus médicos nos relataram o sofrimento que você passou, principalmente após a primeira cirurgia, que foi difícil para você...
Eu estava depressivo. Vim de uma cirurgia no cruzado anterior do joelho, que é superdolorosa, demorada para se recuperar. Depois dos cinco meses de tratamento eu fiz a cirurgia de quadril. Andar para mim ficou muito dolorido. Eu andava 100 metros de muleta e tinha que sentar porque doía o joelho. Foi bem puxado.

Você ficou em depressão, realmente?
Eu fui para os Estados Unidos operar e levei minha mãe e minha ex-namorada. Poucos dias depois nós terminamos, então fiquei meio sozinho lá. Cara, na hora de voltar para o Brasil, eu tinha que levar sozinho cinco malas no aeroporto, com o quadril operado, imagina só? Foi um pesadelo (risos).

A volta para se tratar no Brasil foi um fator que ajudou no aspecto emocional?
Com certeza. Eu tive apoio da família, minha filha. E a família da academia ajudou muito, com o Anderson, Cigano, Feijão... Desta vez eu entrei blindado pela galera. Na academia, tinha 30 pessoas para treinar, todo mundo queria ajudar. Muita gente que gosta de mim falou para eu não ir ao UFC Rio, mas eu pedi um mês para treinar e vi que poderia ir à frente.

Você achava que poderia ficar sem lutar após as cirurgias?
No começo eu não acreditei que poderia ficar bom para o UFC Rio. Mas minha fisioterapeuta disse: ‘se você quer, vamos. Vamos que dá’. Quando aceitei a luta ainda pensava, ‘será que vai dar?’. Mas pedi para confirmar assim mesmo e, com o movimento da galera, eu fui levado por isso para conseguir esta vitória.