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Com volta marcada, Cyborg ergue bandeira feminina no MMA e vê prejuízo em hegemonia

Campeã do Strikeforce, Cris Cyborg é considerada a melhor lutadora da atualidade - Esther Lin/Strikeforce/Divulgação
Campeã do Strikeforce, Cris Cyborg é considerada a melhor lutadora da atualidade Imagem: Esther Lin/Strikeforce/Divulgação

Maurício Dehò

Em São Paulo

04/11/2011 07h00

Não são raros os casos de atletas que dominam suas modalidades. Ocorreu com Schumacher, Isinbayeva, Slater, e é o caso da brasileira Cris Cyborg no ainda crescente MMA feminino. Mas a hegemonia nem sempre é garantia de apenas bons frutos. No caso da lutadora, uma escassez de rivais à sua altura levou a um afastamento de um ano e meio dos ringues. Em dezembro, Cyborg volta a defender o cinturão do Strikeforce, com a missão de erguer a bandeira de seu esporte e mostrar que é viável apostar nas mulheres.

SAIBA MAIS SOBRE A CAMPEÃ

CRISTIANE SANTOS
- 26 anos, de Curitiba
- 10 vitórias, 1 derrota
- Invicta desde 2005
- Campeã peso pena do Strikeforce

Cyborg cresceu no MMA a ponto de ser considerada a melhor lutadora peso por peso da atualidade. Depois de tomar o cinturão da musa Gina Carano em 2009, fez duas defesas com sucesso. Mas a parada para negociar o contrato com o Strikeforce e buscar uma nova rival foram complicadas para ela.

“É lógico que fiquei chateada, porque batalhei muito pelo cinturão e para defendê-lo. Então você fica desmotivado ao vencer e ver que não alcançou nada. Mas deixei nas mãos de Deus. Refleti, treinei e esperei esta oportunidade”, afirmou Cyborg ao UOL Esporte, já em tom animado para o duelo contra a japonesa Hiroko Yamanaka, que tem 12 vitórias e só uma derrota. O encontro é no dia 17 de dezembro, em San Diego (EUA).

Antes da estreia nos EUA, em 2008, Cris ficou quase dois anos sem lutar, mas por conta de uma lesão. Um hiato mesmo em totais condições de ir ao ringue foi mais doloroso, mostrando um lado negativo em ser a melhor do planeta.

“O ponto positivo é eu mostrar que estou cada vez melhor, mas também há o negativo, ao ficar sem lutar, procurando rivais. Eu vivo de luta, preciso mostrar meu trabalho”, explica ela. “Mas aproveitei para melhorar outras modalidades, como o jiu-jítsu e o wrestling. Melhorei muito como lutadora e como pessoa e teremos uma grande luta em dezembro.”

Cris foge de polêmica e concorda com crítica de Dana White ao MMA feminino

  • Um dos principais detratores do MMA feminino é o homem mais poderoso da modalidade, o presidente do UFC Dana White. E, com a compra do Strikeforce pelo Ultimate, ele passou também a ser chefe de Cris. A brasileira não entra em atrito, mesmo com as críticas de Dana. “Infelizmente o MMA feminino ainda não está à altura do que temos com os homens. Ele diz que não há meninas para montar categorias. Não vejo nada errado com o que ele diz, mas sigo lutando para melhorar a situação”, disse ela, que analisou o futuro das organizações. “Eles falaram que querem fazer o Strikeforce crescer, então acho que vão manter os dois eventos. Mas, se não houver o Strikeforce, outros vão querer o MMA feminino, não há mais como acabar.”

O fato de ser parte de um grupo pioneiro de mulheres que resolveu investir no MMA faz com que a curitibana tenha de erguer ainda mais a bandeira da modalidade. Para ela, o Strikeforce tem tudo para manter o crescimento feminino nas artes marciais mistas, mesmo que ainda haja dúvidas de que ele continuará apostando nisso após a compra pelo UFC. O presidente Dana White já fez críticas pela falta de atletas.

Com tudo isso em jogo, Cyborg não lutará apenas por si quando entrar no ringue do Strikeforce. “Lógico que tenho meus objetivos pessoais. Mas quero que o esporte cresça, que mais meninas queiram lutar e que as mulheres mostrem que podem. Vou para o combate por mim e pelas próximas lutadoras”, afirma.

Ganhando como os homens?

Quando foi confirmado o novo acordo de Cris Cyborg com o Strikeforce, o empresário da atleta afirmou ao UOL Esporte que a melhor lutadora da atualidade “está ganhando melhor do que muito marmanjo”. A brasileira, no entanto, foi discreta ao retratar o tema, mas admitiu que a situação financeira é satisfatória.

“Eu fico feliz, porque eu faço o que gosto. Me sinto valorizada, agradando aos fãs e ao pessoal do Strikeforce. Isso ajuda a melhorar as bolsas, mas ainda chego aos pés dos campeões masculinos”, concluiu.

BOA FASE DE CRIS CONTRASTA COM DECLÍNIO DO MARIDO

Se Cyborg vive grande fase, o homem de quem ela ?tomou? o apelido não vai tão bem. Seu marido, Evangelista Cyborg, tem seis derrotas nas últimas nove lutas. Em casa, no entanto, seja nos reveses ou nos hiatos - como o da lutadora - prevalece a motivação, para animar ambas as partes. ?Cada atleta tem seus altos e baixos, mas é uma questão de se manter insistindo, treinando. Um levanta o outro. Se um está desanimado, o outro corre atrás para continuarmos atrás dos nossos objetivos, seja quando estamos em casa, dando aula, ou treinando.?