Belfort se sacrifica longe de Joana Prado e filhos e se reinventa para lutar até os 40
Maurício Dehò
Do UOL, no Rio de Janeiro
23/08/2012 06h00
Mesmo tendo 17 anos de MMA nas costas, o veterano Vitor Belfort ainda vê muito a fazer dentro dos octógonos. O carioca planeja competir até chegar aos 40 anos e, em vez de se manter em uma zona de conforto a esta altura, aposta na sua reinvenção como lutador. Depois de anos morando em Las Vegas, ele tem se sacrificado longe da família na tentativa de voltar a aprender e evoluir nos treinos. A primeira parada é o UFC Rio 3, em 13 de outubro, quando enfrenta Alan Belcher e busca sua terceira vitória seguida no Ultimate.
Vitor se rendeu ao formato mais comum de preparação, dentro de uma equipe de MMA, e se juntou à Blackzilians, da Califórnia. Agora, tem a companhia de grandes lutadores, como Rashad Evans, Thiago Silva e Gesias Cavalcante e pode afiar uma variedade maior de artes marciais, reforçando e deixando mais completo seu jogo.
Por outro lado, os treinamentos para a edição carioca do UFC precisam de um esforço maior. Acostumado à comodidade do lar, junto aos filhos e à esposa Joana Prado, que ficou conhecida como a personagem Feiticeira, ele teve de se afastar por um tempo, mas espera que o esforço gere recompensas.
“Tudo isso faz parte da minha reinvenção como lutador. Estou inventando um novo Vitor, aprendendo novas artes e buscando treinos de alto nível. A dureza agora é ficar longe da minha família. É uma coisa difícil, mas um sacrifício que tenho que fazer. Estou fazendo tudo que está ao meu alcance e acredito na vitória no UFC Rio”, afirmou Belfort.
Em Las Vegas, Vitor tinha Joana Prado não só como mulher, mas como a “chefe” do lar. Ela trocou a fama do Brasil pelo anonimato e passou a ser dona de casa. Uma das vantagens era a de poder ajudar com a dieta do lutador, que perde cerca de dez quilos a menos de uma semana do combate. Ele espera, no entanto, levar a família para perto de si em breve.
Vitor esteve também na mais recente edição do Ultimate na capital fluminense, quando venceu Anthony Johnson com um mata-leão, a primeira finalização em sete anos, apesar de ele ser oriundo do jiu-jítsu.
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“Isso eu também vejo como parte dessa reinvenção, espero finalizar mais vezes. Tenho treinado muito o jiu-jítsu, que é uma característica que tenho desde a época em que treinava com o Carlson Gracie. Mas também tenho conseguido misturar muito mais as artes, como o muay thai, ou o wrestling que tenho trabalhado com o Rashad Evans. Me adaptei muito bem nesta equipe, fui muito bem recebido”, contou o lutador.
Depois de 17 anos de muito treino, o processo serve também para tirar a monotonia de um processo de preparação para a luta, mas ele destaca o aprendizado como a chave deste novo momento.
Para a luta contra Alan Belcher, que possui chutes muito potentes, uma característica de sua especialidade em kickboxing, Belfort espera um grande desafio, mesmo que não tenha contado com ele como principal desafiante. O brasileiro esperava enfrentar Chris Weidman, sensação na categoria.
“Belcher é um grande lutador e que superou as expectativas ao vencer o Toquinho. É um cara muito duro e vou para a luta pensando em enfrentar o leão que ele é”, analisou o carioca. “Eu acho que era o mais justo enfrentar o Weidman. Mas não controlo as coisas, nem sempre o que pedimos será aceito. Mas quero desafios altos, o pedido do Alan Belcher foi aceito e eu vou buscar crescer para chegar no cinturão.”