'Se não achasse que iria longe, não entraria no MMA', diz Duda Yankovich antes da estreia
Duda Yankovich teve uma infância dura na Sérvia, em meio à guerra, e em 1998 resolveu se mudar para o Brasil. Obstáculo após obstáculo, ela sempre trouxe consigo as lutas. Primeiro o kickboxing, ainda na Europa, depois o boxe - em que chegou ao título mundial em 2006 - e agora encara mais um desafio. “Desafio”, por sinal, é uma palavra que faz parte do dia a dia de Duda, que neste sábado, aos 35 anos, fará sua estreia no MMA, no Bitetti Combat 12, no Rio de Janeiro.
“Eu já fiz minha parte como lutadora de kickboxing e boxe. Conquistei títulos e tive muitas vitórias. Digamos que eu gosto de desafios. Minha entrada no mundo do MMA é minha própria vontade de me testar, (entrar em) uma nova área que eu quero explorar”, explica ela, que ficou famosa também por ter participado do reality show A Fazenda, do qual acabou sendo expulsa acusada de agressão em 2011.
Depois de uma carreira que a levou a ser a primeira campeã de boxe “brasileira” (ela ainda tenta a naturalização, mas sempre se colocou como representante do Brasil nos ringues), Duda acabou se deparando com uma série de quatro derrotas seguidas dentro do quadrilátero. A lutadora passou a fazer uma lenta transição para as artes marciais mistas, afiando sua luta de chão e outras modalidades, como o wrestling. Tudo de modo a completar o boxe, que segue como sua especialidade.
“Eu nem entraria no MMA se não achasse que poderia chegar longe”, afirma ela. “O MMA é muito completo, mas estou preparada. Por isso demorei tanto para estrear. O trabalho é sério e tenho certeza de que a evolução foi boa.”
Apesar da confiança, Duda prefere não colocar grandes metas em sua frente. Entrar para organizações como o Strikeforce e ter pela frente estrelas do nível de Ronda Rousey e Cris Cyborg será uma “consequência de um trabalho sério”, esclarece a lutadora, que mostra confiança de um dia chegar ao nível delas. “A Cris é um ícone e a Ronda, uma nova estrela. As duas têm muitas qualidades, mas todos têm pontos fracos.”
Bitetti Combat na Rocinha
A 12ª edição do Bitetti Combat terá uma locação especial, a comunidade da Rocinha. O evento começa às 20h (o canal Combate transmite às 20h45) e terá a presença apenas de convidados para as dez lutas. Pelo título dos médios, André Chatuba vem de cinco vitórias seguidas para encarar Cassiano Tytschyo. Serão realizados ainda GPs nos pesos 61 kg e 66 kg.
Duda admite que atualmente o dinheiro está mais próximo do MMA do que do boxe no Brasil, mas prefere não ligar sua transição para uma nova modalidade a questões financeiras.
A lutadora espera que seu histórico tanto nos ringues quanto nas telinhas a ajude a já contar com uma forte torcida verde-amarela na nova empreitada. No reality show A Fazenda, ela foi eliminada de forma polêmica. Deu um tapa na cabeça de Thiago Gagliasso por achar que ele tocou seus seios durante uma prova. A direção optou por tirá-la do jogo mais cedo.
Apadrinhada pelos irmãos Nogueira
Por falar em torcida, pelos menos duas estrelas do UFC estarão do seu lado: os irmãos Nogueira, Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro. Isso porque ela treina e dá aulas na academia da dupla, no Rio de Janeiro, a Team Nogueira.
“É uma honra e uma autocobrança constantes”, diz ela, sobre lutar pela equipe. “Estar do lado deles, viver e treinar no mesmo espaço, não tem preço. Eles são um verdadeiro ‘doping natural’ pra gente, puro incentivo.”
Duda enfrentará Jéssica Andrade na noite de sábado. Ela traz um cartel no boxe de 15 lutas, com 11 vitórias e quatro derrotas. A sérvia radicada no Brasil se sagrou campeã mundial peso meio-médio ligeiro da Associação Internacional de Boxe Feminino em 2006, quando venceu por pontos a colombiana Darys Pardo.
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