Pezão admite afobação em estreia 'sangrenta' e se vê com moral para recomeço no UFC
O peso pesado Antônio Silva, o Pezão, não teve a estreia que esperava no UFC. Vindo do Strikeforce, ele pegou uma parada duríssima no UFC 146, em maio, ao enfrentar de cara o ex-campeão Cain Velásquez. O resultado foi uma derrota sangrenta, em que uma cotovelada e um largo ferimento na testa contribuíram para encerrar o combate mais cedo. Nesta sexta-feira, o gigante - literalmente, já que o paraibano sofreu de gigantismo - tenta o recomeço na organização.
Conhece sua história? Pezão sofreu com tumor e gigantismo, mas venceu dificuldades. RELEMBRE
Pezão faz a luta principal do UFC on FX 5 contra Travis Browne, dos EUA, posição de prestígio para ele se recolocar entre os grandes nomes da categoria pesado, que tem como campeão o catarinense Júnior Cigano.
Em entrevista ao UOL Esporte, o brasileiro analisou sua estreia, admitiu certa afobação contra Velásquez e relembrou a dificuldade em enxergar mais do que um “vulto vermelho” devido ao corte em sua testa. Ele também se mostrou favorável às cotoveladas mesmo após o acontecido e espera usar o golpe como arma nesta sexta:
UOL Esporte: Pezão, gostaria de falar de sua estreia no UFC. Como você estava para aquele UFC 146?
Pezão: Eu estava 1000%. Estava doido para sair na mão com o Cain Velásquez. Estava com muita vontade, tanto que parti para cima logo no começo, e ele conseguiu de cara usar a estratégia dele de me botar para baixo. Tenho que reconhecer o trabalho dele, e ele foi feliz com a primeira cotovelada, que abriu a testa.
UOL Esporte: Você acha que o fato de estrear te afobou um pouco?
Às vezes você faz um bom trabalho de dois ou três meses, e o momento é do adversário. Ele é um grande atleta, mas fui infeliz em chutar no começo sem usar meu soco. É algo básico que, antes de qualquer chute, você deve usar as mãos. Eu não fiz isso e fui pego. Mas não tive nenhum problema antes desta luta, estava 100% e agora vou entrar com a mesma vontade que daquela vez.
UOL Esporte: Muito se falou das cotoveladas. O quanto aquilo te atrapalhou, já que você ficava chacoalhando a cabeça a todo momento?
Pezão: O sangue atrapalhou minha visão, porque estava entrando dentro do meu olho. Quando balançava a cabeça, conseguia ver um vulto vermelho na minha frente. Quando parava, escurecia tudo. Não sei se poderia ter sido diferente por parte da arbitragem, mas com certeza me atrapalhou. Mas não tenho problema com cotoveladas, é um golpe como qualquer outro. Para cada ataque há uma defesa. Mas eu não estava tão preparado, por ter lutado muitos eventos em que não valia. Me pegou um pouco de surpresa.
UOL Esporte: Neste sábado, você participa da luta principal em Minneapolis. Isso mostra confiança do UFC em você?
Pezão: É um voto de confiança deles, que sabem que posso oferecer boas lutas. O público gosta de me ver no octógono, assim como o Travis Browne, e espero retribuir.
UOL Esporte: Depois desta roubada de estrear contra o Velásquez, como é encarar um recomeço?
Pezão: Eu encaro na boa, minha vida sempre teve muita dificuldade, tanto no lado pessoal quanto no profissional. Nada para mim foi fácil e desta vez eu enfrentei um ex-campeão. Eu estava confiante e aceitei a luta. Agora, já ergui a cabeça, treinei bastante e espero dar a volta por cima. Fiz um camp muito duro e estou com a cabeça boa, que é o que mais importa. Trabalhei bastante para aquela derrota não me abalar.
UOL Esporte: E o que você pode analisar do Travis Browne?
Pezão: Ele é um cara com envergadura boa, versátil na trocação tanto no chute quanto nos socos. É difícil conseguir levá-lo para baixo. Ele é um ótimo lutador, não é à toa que tem este cartel (13 vitórias e um empate).
UOL Esporte: Você mudou algo em seu jogo para esta luta?
Pezão: Para mim não tem segredo, não. Meu jogo não muda. Vou usar meu ground and pound, que é o que eu tenho de melhor e desta vez eu é quem quero usar as cotoveladas para vencer.
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