Maldonado critica interrupção, mas vê Glover como próximo campeão: 'passou o trator'

“Estou zeradão”. É assim que Fabio Maldonado atende ao telefone, mesmo depois de ter o rosto desfigurado por Glover Teixeira no UFC Rio 3 e passar por uma cirurgia no nariz, fraturado, poucas horas depois da luta. O sorocabano retornou à sua casa nesta terça-feira e atendeu ao UOL Esporte para falar da “guerra” que enfrentou no fim de semana. E, se foi contra a interrupção na luta por decisão médica, ele enalteceu Glover Teixeira e já vê o rival como o próximo campeão dos meio-pesados: “ele é o cara que vai vencer Jon Jones”.

O duelo dos meio-pesados no Rio de Janeiro, na madrugada de domingo, foi um dos mais sangrentos da noite, com Glover dominando Maldonado e o castigando, principalmente com socos e cotoveladas no ground and pound. Mesmo muito ferido, o paulista mostrou garra, não se entregou e até teve sua chance de nocautear, com um soco no queixo do mineiro, no fim do primeiro assalto.

“Eu me lembro bem da luta. No primeiro round fiquei grogue, fazia anos que não ficava. Foi meu pior momento. Mas a minha cabeça estava boa, eu estava muito lúcido”, conta Maldonado.

Questionado sobre a interrupção, que foi uma decisão que o médico do evento tomou levando em conta justamente o nível de consciência do lutador, Maldonado se posiciona contra.

“Eu queria lutar mais. Não queria que ninguém decidisse por mim a hora que eu teria que parar. Eu sou um cara que pode terminar a luta com um soco. Não interessa o estado que eu estava”, opina o sorocabano, que é um pugilista invicto e, apesar de uma série de três derrotas, é conhecido pelas lutas duras no UFC.

Elogios ao rival: 'futuro campeão'

Mesmo que o período pré-luta tenha sido de muita provocação, o combate acabou com elogios de lado a lado. Glover afirmou que o rival foi “sobre-humano”, tamanha sua resistência. Agora, Maldonado retribui e vê um bom futuro para o rival num futuro próximo.

“Eu perdi para o futuro campeão. Ele é o cara que vai derrotar Jones”, sentencia o meio-pesado. Glover estreou em maio no UFC, de forma tardia. Problemas de visto o fizeram adiar até os 32 anos a entrada na organização. Agora, já são duas vitórias, com performances espantosas.

“Eu falei que ele nunca tinha encontrado um cara durão como eu, e é vedade. Mas o Glover é um cara dez, humilde. Ele passou o trator mesmo, me bateu muito e é merecedor de tudo o que tem”, elogiou Maldonado.

Recuperado e com fome de luta

Mesmo tendo acabado de deixar o hospital, Maldonado já falou em dar uma caminhada para manter o físico em dia. A derrota, segundo ele, só aumentou sua fome de lutar.

“Eu estou bem já. Meu rosto está muito marcado, mas estou zerão. Quero dar umas caminhadas”, diz ele. “Como pararam a luta naquela hora, eu sai do octógono com mais vontade ainda de lutar. Eu tinha uma parada para resolver ali.”

Apesar de não procurar desculpas, Maldonado afirma que uma lesão em um treino de jiu-jítsu prejudicou um pouco sua preparação. Ele foi pego em um triângulo, machucou a região da omoplata e teve dores nas costas. Por ter de tomar anti-inflamatórios, afirma que teve mais dificuldade em perder peso e achar a melhor forma física.

Mesmo com a derrota, a expectativa é de voltar o quanto antes e encerrar a série de reveses, para crescer na organização, que tem reconhecido seus esforços. “O que posso falar deles é o seguinte: tudo o que eles já combinaram comigo nunca foi apenas cumprido; eles sempre me deram mais. Sempre ganhei mais do que tinha em contrato. Só tenho a agradecer ao UFC”, concluiu.