Maldonado diz que filha se assustou com surra que levou e 'desiste' de dar show no UFC

A surra levada por Fabio Maldonado no UFC Rio 3, em outubro, fez com que a filha do lutador se assustasse ao acompanhar a luta com a mãe e amigos da família em Sorocaba, no interior paulista.

O combate foi um dos preferidos do público, principalmente pela alta resistência de Maldonado, que protagonizou cenas impressionantes ao sofrer com fortes socos quando estava no chão e ainda assim não foi nocauteado.

Ele conta que foi só falar com a filha Júlia Vitória, de apenas oito anos, depois de sair do hospital, ao ter que realizar uma cirurgia no nariz.

 “Tadinha, ela assistiu à luta na casa do Patric [companheiro de treinos]. E eu tomei um espancamento. Naquela hora ela começou a chorar. Quem teve que consolar ela foi a Letícia, filha do Patrick. Ela falou que o papai dela estava sendo forte, aí ela ficou contentinha”, contou Maldonado.

“Ela falou: ´papai,  o Glover bateu muito em você, né?´. Mas aí eu falei pra ela ´você viu que acertei uma bem dada nele também né?”, brincou o meio-pesado.

Depois de ser castigado durante todo o primeiro round, Maldonado respondeu no fim do primeiro round e quase conseguiu com um só soco nocautear o rival. Ainda assim, voltou a ser arrasado no segundo round e, devido aos ferimentos, a luta foi interrompida no intervalo para o terceiro assalto por precaução.

O lutador de Sorocaba disse que ele mesmo se impressiona com seu queixo duro quando revê a luta em casa. Em 24 lutas no MMA, jamais foi nocauteado. O mesmo vale para suas 22 lutas profissionais no boxe.

“Cara, eu sinto que sou diferente de uma pessoa normal. Depois que eu tinha caído e ele montado veio montado, fiquei meio grogue. No segundo round eu cometei até a me acostumar. Eu  tomava cada soco que olho e falo ´pelo amor de Deus. Quando eu vejo a luta eu falo: ´eu aguento porrada mesmo´, sinto que sou diferente.”

Depois de 11 vitórias seguidas no MMA e uma delas em sua estreia no UFC, Maldonado vem de três derrotas seguidas no torneio. Exceto a última, as outras duas foram em combates movimentados e equilibrados, em que alguns consideram até que Maldonado foi vencedor.

Seu estilo queixo duro e de trocação passou a fazer com que fosse um dos preferidos dos fãs e até da organização. Foi premiado com mais dinheiro do que deveria nesses duelos. Mas isso tudo não tem o deixado em paz.

O lutador admite estar muito incomodado com a falta de vitórias e quer dar um basta na fama de dar show por levar surra. “Perdeu, mas deu show. Chega disso aí, não quero mais ouvir isso aí não”, falou.

“Fico feliz de a turma gostar, me agrada muito. Mas o principal é voltar às vitórias. Preciso ganhar. Eu acho que é bacana, é bacana fazer luta que o povo gosta. Nunca fui tão espancado e tive tanto reconhecimento.  Mas o importante é vencer. Melhor fazer luta feia e vencer. Não adianta, pode ser emocionante, mas perdeu. Vou dar tudo que eu tenho pra trazer a vitória. Tenho que vencer”, falou.

Especialista no boxe e com bom conhecimento de jiu-jitsu, o lutador de Sorocaba diz que precisa aprender mais sobre alguns momentos de transição nos combates, principalmente os que envolvem o wrestling, luta pouco praticada por brasileiros e mais comum entre os americanos.

“Cara, preciso aprender. Tenho que aprender mais. Mas não é só treinando 30, 40 dias. Tem que fazer várias repetições, se acostumar. O pessoal fala que tenho que chutar mais, mas não sei. Acho que é essa [no wrestling] a parte que preciso me aprimorar mais. É o que devo focar mais a partir de agora”, falou.

Apesar disso, ele admitiu que seu boxe falhou ao receber o golpe de Glover no primeiro round. Não quer deixar de intensifica-lo. “Acho que treinei muito jiu-jitsu e acabei esquecendo o boxe. Não era para ser daquele jeito que foi, foi um vacilo meu”, explicou.

Fábio Maldonado ainda não tem data e adversários definidos para voltar ao octógono. Mas disse que isso pode ser anunciado em duas ou três semanas.