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Após dar casa à mãe, Barão se espelha em Aldo e evita salto alto em 1ª defesa de título

Renan Barão festeja vitória sobre Urijah Faber que lhe deu o cinturão interino dos galos - Nick Laham/Zuffa LLC via Getty Images
Renan Barão festeja vitória sobre Urijah Faber que lhe deu o cinturão interino dos galos Imagem: Nick Laham/Zuffa LLC via Getty Images

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

14/02/2013 06h00

De um garoto humilde a campeão do UFC, Renan Barão trilhou uma longa estrada. No próximo sábado, pela primeira vez ele entrará no octógono como campeão do principal evento mundial de MMA. Aproveitando-se de um longo período de afastamento do dono do cinturão, o lesionado Dominick Cruz, o potiguar faturou o título interino dos galos e mudou sua vida e a de sua família. Comprou uma casa para a mãe e sentiu o reconhecimento nas ruas, mas sem "mascarar". Com o exemplo positivo de José Aldo - e as lições aprendidas nas derrotas dos favoritos Júnior Cigano e Alistair Overeem -, a missão é manter os pés no chão para seguir rumo ao aguardado combate contra Cruz.

Barão venceu Urijah Faber em julho para faturar o cinturão e se diz motivado para encarar o jovem Michael McDonald, na Inglaterra, mesmo mais uma vez se vendo longe de Cruz, em recuperação de uma nova cirurgia no joelho. Parte desta motivação é fruto da torcida da família, que também se beneficiou da sua recente conquista.

“Este título mudou muito na minha vida. Hoje vejo o pessoal ter reconhecimento do meu trabalho e pude ajudar minha família. Foi muito importante”, contou ele. “Depois da luta eu pude comprar uma casa para a minha mãe, que era um grande desejo. Agora, se ganhar é a minha vez de comprar alguma coisinha, mas não pensei em nada, não, estou tranquilo (risos).”

Além do título interino dos galos, o cartel com uma série invicta em 30 lutas impõe respeito dentro do UFC. Embalado desde 2009, o norte-americano Mcdonald tentará bater o recorde de Jon Jones como mais jovem campeão do UFC - na era das atuais categorias de peso. O currículo de 15 vitórias e uma derrota e os recentes nocautes não chegam a assustar o brasileiro, mas ele admite que vai misturar um pouco de cautela ao seu estilo ofensivo de lutar.

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“A parte em pé dele é bem perigosa, principalmente seu muay thai, que é muito bom e rendeu nocautes em atletas duros. Então, tenho de tomar cuidado quanto a isso. Vamos sentir a luta e ver o que acontece. Não quero mudar minha característica, eu gosto de partir para cima, mas vou fazer isso sem correr riscos”, explicou Barão.

Com a máxima de que se manter no topo é mais difícil do que chegar lá, Barão tem o exemplo de José Aldo, que venceu Frankie Edgar na superluta do UFC 156, e também tirou lições de outros grandes nomes, que pecaram e acabaram derrotados, como Júnior Cigano e Alistair Overeem.

“Acho que não tem salto alto nenhum, eu trabalho numa equipe excelente, muito forte. Sigo o exemplo do Aldo, ele foi muito estratégico, foi lá e venceu a luta. Estou muito bem treinado, sempre tive os pés no chão e é só mais uma luta”, disse o campeão interino dos galos.

Os treinos de Barão tiveram a vantagem de seus companheiros também estarem com lutas marcadas, então as sessões sempre tiveram nomes como José Aldo e Marlon Sandro “voando” e ajudando a puxar o ritmo. “Foi bem diversificado, trabalhamos muito boxe, muay thai, wrestling e jiu-jítsu..”

Tudo também já conta para ampliar as qualidades e deixar o jogo mais completo para um futuro combate com Dominick Cruz, para tirar de vez o nome “interino” de seu cinturão. “Quero muito que aconteça essa luta, com certeza. Ele infelizmente se machucou, ficou fora, mas meu objetivo é esse, não por ser ele, mas pelo cinturão indiscutível”, afirmou Barão. “Não vejo como um risco ter aceito enfrentar o McDonald em vez de esperar o Cruz. Eu gosto de lutar, ia ter de lutar de qualquer jeito com o Michael no futuro, então não tem problema em ser agora.”