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Abalados por doping, Feijão e T. Silva fazem duelo de showmen no UFC

Rafael Feijão estreia no UFC contra Thiago Silva, num duelo de especialistas na luta em pé - UFC
Rafael Feijão estreia no UFC contra Thiago Silva, num duelo de especialistas na luta em pé Imagem: UFC

Maurício Dehò

Do UOL, em Fortaleza

06/06/2013 06h00

Se há uma luta cotada para levar o prêmio de melhor da noite neste sábado, no UFC que será realizado em Fortaleza, é a de Rafael “Feijão” Cavalcante contra Thiago Silva. Dois lutadores que costumam entregar grandes shows quando sobem em um ringue, eles têm em comum o fato de voltarem de suspensões de doping. Enquanto Feijão estreia no Ultimate, Thiago Silva tenta se manter na organização após dois flagras. Mas o fato é que ambos prometem deixar para trás as polêmicas e se dizem amadurecidos na tentativa de ir longe na dura divisão dos meio-pesados.

Rafael Feijão chega ao UFC com a esperança de repetir desempenhos de destaque no Strikeforce. Ele foi campeão dos meio-pesados no extinto evento em 2010. Depois de perder o cinturão para Dan Henderson, ele não se abalou. Venceu Yoel Romero com um nocaute que começou com um belo soco giratório e em seguida finalizou Mike Kyle em 33 segundos. Esta segunda luta, no entanto, teve o resultado cancelado por um positivo no antidoping para a substância estanozolol.

Depois de cumprir suspensão por um ano, Feijão retorna diretamente no UFC. São 13 meses afastados do octógono, mas ele afirma estar ainda melhor, numa versão melhorada de si mesmo.

“O Feijão do UFC é um cara muito mais treinado. Eu evolui em todas as partes, tanto no chão quanto em pé. Trouxemos os melhores em cada arte e minha preparação física está ótima, estou num ‘shape’ que ninguém nunca viu. E estou muito amadurecido como lutador. Nada acontece por acaso e meu caminho é este. Estou pronto para abalar”, diz o experiente lutador de 32 anos, que sabe que está no momento certo para tentar embalar rumo ao cinturão.

Feijão comemora ainda o fato de voltar a lutar no Brasil depois de cerca de sete anos fora, algo que ele vinha pedindo há tempos, principalmente após acompanhar Erick Silva e Anderson Silva no córner, no Rio. A esperança de que o combate seja muito movimentado só acrescenta um tempero especial para este sábado.

“Eu sempre sou muito agressivo lutando. Sou muito competitivo, eu acho que tem que dar show mesmo, não é só lutar, não é ganhar, é como você ganha. Estou sempre disposto a definir a luta, por finalização ou nocaute. Tanto que até hoje nenhuma foi por pontos, e que seja assim em Fortaleza”, afirma ele.

“O Thiago é um cara muito duro. Ele é de alto nível, aguerrido, agressivo, tem um cartel com muitos nocautes, acho que será muito difícil, por isso me preparei tanto”, completa ele, que tem como meta entrar no top 5 dos meio-pesados em um ano.

Thiago Silva fala: showman, maconha e “1000% limpo” para o antidoping

O brasileiro Thiago Silva, que mora em Fort Lauderdale (EUA), retorna ao seu país natal pela primeira vez desde 2006, ano em que estrou no UFC. Mesmo com dois casos de doping em menos de dois anos, ele segue dentro do Ultimate e com posição de destaque entre os meio-pesados.

“Eu me considero um showman. Não sou o melhor atleta do mundo, não sou o mais top. Mas sou guerreiro. Eu vou para definir a luta”, promete o meio-pesado de 30 anos. “Se ele acha que pode bater de frente comigo, que o faça. Senão, vai ficar correndo o ringue inteiro e eu vou caçar ele. Quem me conhece sabe: sou agressivo, quero definir a luta.”

Thiago e Rafael trocaram provocações durante os últimos dias, curiosamente depois de Feijão negar uma frase do rival, que disse que eles eram conhecidos. “A gente é conhecido, como conheço os outros brasileiros. Tentei ser cordial com ele. Como eu dou menos entrevista e todo mundo está correndo atrás dele, acho que ele se sentiu a celebridade e foi meio mal-educado. Mas não estou nem aí. Vou fazer meu trabalho, vou encher a cara dele de soco lá em cima”.

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O paulista de São Carlos, de 30 anos, diz que não se sente ameaçado de perder o emprego na organização, mas admite que mudou de postura. Ele teve um caso em que forjou a urina de um antidoping em 2011 e, em 2012, depois de finalizar Stanislav Nedkov, teve o resultado anulado por ser pego com maconha no organismo.

“O UFC é justo na atitude deles, não demite sem ter motivo. Se estou no evento, é porque tenho valor. Eu parei de fumar. Garanto 1000% que estou limpo, podem me testar quanto quiserem, que estarei limpo. Eu dou meu sangue pelo evento, para dar show e para vencer. Não estou aqui para brincar, mas para trabalhar”, explicou Thiago.

Ele ainda acrescentou sobre a mudança de atitude: “É verdade, (mudei) até para não me queimar com a organização. Eles cuidam de mim muito bem, sempre foram muito bons comigo. Eu caí em dois antidopings e eles me tratam do mesmo jeito. É o mínimo que tenho que fazer para retribuir isso: não pisar na bola de novo e dar meu melhor dentro do cage. É o mínimo de atitude que posso mostrar para o evento e parar de aparecer em escândalos, porque não é só o meu nome envolvido, mas o do evento”.