Minotauro e Werdum se reencontram com clima de decisão em UFC da nova geração

Fortaleza recebe neste sábado seu primeiro UFC. E se a luta principal tem dois experientes pesos pesados fazendo um combate decisivo para suas carreiras, o restante do card mostra toda uma geração de brasileiros com chances de crescimento na organização. A noitada é marcada pela decisão do TUF Brasil 2, o reality show do Ultimate, com as revelações William Patolino e Léo Santos disputando um contrato. Na luta principal, os pesos pesados Rodrigo Minotauro e Fabrício Werdum fazem revanche do encontro de 2006 e um tira-teima após serem os técnicos do TUF.

Minotauro já era um astro do Pride quando encarou a revelação do jiu-jítsu Werdum, há sete anos, e comprovou seu favoritismo com uma vitória por pontos. Hoje, a situação mudou totalmente. O baiano luta a luta precisa provar que a idade ainda não o pegou, aos 36 anos. No UFC Rio 3, deu certo, com uma finalização sobre Dave Herman. Mas agora o desafio é bem maior.

Fabrício Werdum tem 35 anos e, depois de uma carreira de destaque no jiu-jítsu, hoje já demonstrou ser um lutador de MMA completo, com um jogo perigoso também em pé. Suas duas vitórias seguidas ao entrar no UFC o levaram ao terceiro lugar no ranking dos pesos pesados, com pouco o separando de uma disputa por cinturão.

“Vai ser um grande espetáculo e eu tenho certeza de que se vencer este combate este resultado pode me levar ao título. O Dana White já disse que estou merecendo uma chance pelo cinturão e vencer aqui em Fortaleza pode me levar lá”, afirmou Werdum, de olho no campeão Cain Velásquez. Apesar da vontade, ele deve ter mais uma luta antes disso, já que Velásquez tem combate acertado com Júnior Cigano.

Minotauro, por sua vez, começa a voltar a falar em fazer mais uma corrida pelo cinturão, apesar da idade avançada. “Se ele melhorou, eu também melhorei”, disse o baiano.

Diferentemente do primeiro TUF, em que os técnicos Vitor Belfort e Wanderlei Silva tinham grande rivalidade, Minotauro e Werdum fizeram um reality show de “boas-praças”. Apesar das pegadinhas entre os times, o respeito mútuo prevaleceu – Werdum sempre foi fã de Minotauro apesar de eles duelarem no Pride – por todo o programa, passando pela semana de luta e a pesagem.

Quando a jaula se fechar, no entanto, as palavras do técnico do baiano, Luiz Dórea, sobre ambos, mostra o que deve ser visto. “O Werdum evoluiu muito na trocação, hoje é um lutador muito superior. Mas o Minotauro é uma lenda”, costuma dizer.

Não foi desta vez que o TUF teve uma final com dois lutadores que realmente se classificaram dentro do octógono. A bruxa das lesões atacou o argentino Santiago Ponzinibbio, que teve de ser substituído. O especialista em jiu-jítsu Léo Santos é quem terá a missão de parar o favorito William Patolino, que com seus resultados no reality show pinta como a grande revelação do programa - só falta provar com o título.

Patolino foi um dos grandes personagens do TUF. Com 21 anos e um jeito totalmente brincalhão e sorridente, participou de pegadinhas, ganhou fama de beijoqueiro e foi eleito o mais “atiradinho” pela ring girl Camila Oliveira. Mas, quando ele sobe no octógono, o tempo fecha. A segurança que mostra fez Minotauro o comparar a Anderson Silva, mesmo que o técnico não tenha torcida neste sábado, uma vez que os dois finalistas foram seus pupilos no programa.

Há dez anos, Patolino ajudava em obras e entregava marmitas. Hoje, lida com a pressão e a fama, para que nada disso o atrapalhe. “Eu não me considero uma estrela. Isso não tira o meu foco, eu não vou deixar que nada suba na minha cabeça. Estou com meus pés no chão. O Léo perdeu para o Santiago, mas foi uma luta muito dura, sei que não será fácil”, afirmou ele.

Léo, que leva em mente o filho pequeno como inspiração, tem uma finalização contra Georges St-Pierre como ponto alto da carreira, em um torneio de grappling. Agora, vem provando que também pode lutar em pé no MMA, o que o fez na dura semifinal com Ponzinibbio.

“O Patolino também é ótimo no jiu-jítsu, mas não vou ao octógono lutar jiu-jítsu. Vou para lutar MMA, e o que quer que seja preciso, farei”, afirmou ele.

A terceira luta em importância da noite tem uma rivalidade que esquentou e muito nas últimas semanas. O veterano do UFC Thiago Silva encara o ex-campeão do Strikeforce Rafael Feijão, que estreia no Ultimate com certo atraso depois de suas atuações nos últimos anos. Os meio-pesados tinham uma relação amistosa, mas Feijão negou conhecer Silva e foi alvo da ira do sempre polêmico rival.

Polêmica, por sinal, foi a marca dos últimos compromissos de ambos. Em Fortaleza eles retomam a carreira após suspensão por doping: Thiago por maconha e Feijão por um esteroide. Ambos se dizem amadurecidos e em grande fase para iniciarem sua jornada até o cinturão de Jon Jones. Nocauteadores natos, ambos não pensam em participar de um combate que dure três assaltos.

O card é repleto de brasileiros mas, além de Minotauro, dois nomes mexeram mais com a torcida da casa: os cearenses Rony Jason e Godofredo Pepey, campeão e vice do TUF Brasil 1. Jason está no card principal. O peso pena vem em boa fase, com um nocaute sobre Sam Sicilia no UFC Rio 3, que foi premiado como o nocaute da noite.

Já Pepey ainda busca uma grande performance no UFC. Ele venceu Milton Vieira em São Paulo, em janeiro, mas com decisão dividida por pontos.

A torcida deve empurrar Pepey, como se viu na pesagem, mesmo que ele encare um brasileiro. O duelo é com Felipe Sertanejo, que ouviu “uh, vai morrer” e respondeu com uma encarada tensa e provocações verbais em direção ao cearense, que ficou revoltado.

A nova geração no card de Fortaleza ainda tem Erick Silva tentando se recuperar do revez contra Jon Fitch no UFC Rio 3 e nomes como o campeão de jiu-jítsu Antonio Braga Neto, Ildemar Marajó e Leandro Buscapé (esses dois últimos lutam um contra o outro).

O TUF Brasil 2 Finale terá acompanhamento do Placar UOL. O card preliminar começa às 17h45 (de Brasília) e o principal está programado para as 21h. O canal Combate transmite em pay-per-view e a Rede Globo anuncia a transmissão das duas últimas lutas ao vivo, após o “Zorra Total”.