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Babá de lutadores, sessentão dá broncas e cuida até de namoradas no UFC

Faz-tudo do UFC, Burt Watson posa em Fortaleza, na passagem do evento por lá, em julho Imagem: Maurício Dehò/UOL

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

23/08/2013 12h00

Em meio ao show de uma pesagem do UFC, um senhor negro, de boné, óculos e muita - mas muita - energia se destaca no palco. Anima os lutadores, grita, organiza tudo... Ele é Burt Watson, um sessentão que não entra no octógono, aparece só de canto nas telas, mas que é fundamental na engrenagem do Ultimate. Ele é uma verdadeira babá, cuidando para que seus “garotos” tenham todos os detalhes que precisam acertados e foquem apenas em lutar. Detalhes que vão da pesagem a namoradas de atletas.

“Eu estou com o UFC há 13 anos, e faço as operações básicas relacionadas aos lutadores. Trabalho de solo, viagens, hotéis, treinos, treino aberto, preparação física, coletiva de imprensa e a entrada no octógono...”, apresenta-se ele, sempre falando alto e pontuando com risadas suas frases e piadas. O tom é empolgado, como se Burt ainda fosse um novato no UFC.

Burt Watson é um dos primeiros a chegar quando o “circo” do UFC desembarca em uma cidade. Inclusive no Brasil, que ele já considera uma segunda casa, tantos são os eventos que presenciou. A primeira função é receber os lutadores no check-in do hotel. Começa aí a marcação cerrada: é bom não se atrasar, ou a primeira bronca do norte-americano vai ressoar em seu ouvido.

“Eu tenho de garantir que os lutadores sempre estejam no lugar certo e na hora certa. Eu sou o que liga o evento com os lutadores. Se o lutador precisa de algo, sou eu quem faço”, explica ele. E os detalhes são dos grandes aos minúsculos. “Se o lutador precisa de alguma pequena maluquice que está atrapalhando sua cabeça, sou eu quem tento tirar essas pequenas coisas da sua mente para que ele fique ligado apenas em perder peso, treinar e lutar.”

Ele enumera: “Pode ser um problema com uma namorada, com o quarto do hotel que está frio, ou com seus amigos que se perderam... Ou se esqueceu as bandagens, não sabe onde está seu shorts de luta, perdeu o protetor bucal... Qualquer coisa, eles recorrem a mim, porque tudo isso pode virar algo que lhes tire o foco”.

Para fazer este trabalho de organização de base Burt conta que foi muito importante ter trabalhado com os astros do boxe, em função semelhante, antes de entrar no UFC, há 13 anos. Ele admite que não conhecia muito do mundo da modalidade, mas a ligação foi instantânea - a ponto de ele não pensar em parar mesmo estando “velho pra burro” aos 65 anos, apesar de ainda transbordar energia.

Burt chegou a trabalhar com Joe Frazier e o contato com estrelas do boxe o preparou para o mundo às vezes “mimado” de alguns nomes do MMA. Mas não tente tirar críticas da boca do norte-americano. Ele não cede. “Sei que você está querendo que eu diga alguns nomes, mas não vou falar não, baby!”, gargalha ele.

“Sabe, é nisso que tento não me ligar muito. Se o lutador está focado em sua popularidade e na fama, então ele está perdendo o que é real. Ele tem que lidar com seu dia a dia, com sua preparação. Porque se pensar só na fama, as coisas mudam.  Eu não posso me prender a isso. Eu tenho de manter a disciplina, manter as coisas acontecendo sob controle, para que seja feito o que precisa ser feito”, explica.

E isso implica em ser duro, mesmo se for diante de astros como Anderson Silva, ou fortões como Alistair Overeem, não é? “A maioria das vezes, sim. Eles são jovens, atletas profissionais que podem lutar. Então, sabe, não dá para deixar fazerem o que querem. Se não houver controle, é o caos. Eu sou o paizão, sou o irmão mais velho. E, nesta posição, eles têm de me ouvir, sou eu quem está certo.”

“Os mais fáceis de trabalhar são os que ouvem, os que chegam na hora e que ficam no peso. Quando não acontece isso, complica. Se fizerem tudo, fica tudo bem e posso deixá-los ir para o octógono tranquilamente... Lá é problemas apenas deles”, completa Burt.

Apesar de muitas vezes ter de explodir e abandonar o sorriso pelas carrancas, o humor prevalece em Burt. “Eu sempre fui cheio de energia, assim. Desde criança. Eu nunca coloquei essa energia nos esportes. Acho que, se eu fosse um atleta, estaria competindo até hoje”, conclui ele, imaginando como seria se tivesse trocado os bastidores pelos holofotes.

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