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Técnicos revelam "lado nerd" de Jones e contam como lapidaram seu talento

Jorge Corrêa

Do UOL, em Albuquerque (EUA)

18/09/2013 06h01

Hoje em dia, é quase impossível se falar da preparação de Jon Jones e não pensar no técnico Greg Jackson e sua academia. Mas o campeão dos meio-pesados do UFC entrou para o time de Albuquerque apenas em 2009, vindo de Nova York e já com nove lutas profissionais de MMA, sendo três no Ultimate. Ele chegou ao time já como um fenômeno em potencial.

Mas foi lá que ele ganhou fama e onde nitidamente cresceu como lutador. Apesar de já ter chegado com um ótimo wrestling – sua luta de origem desde a época do ensino médio – e alguma desenvoltura na trocação, Jones cresceu muito nos últimos anos, técnica e taticamente.

“Quando ele veio aqui pela primeira vez, já era muito bom e muito criativo, apenas o vimos crescer em suas lutas e sua enorme capacidade de finalizá-las em alto nível e rapidamente. Agora você vê o resultado, como grande artista marcial que ele é, porque agora ele domina todo mundo”, explica Greg Jackson.

Com todos os técnicos da Jackson’s MMA com que o UOL Esporte conversou, eles foram unânimes: Jon Jones é um talento-nato, ele precisava apenas de algum direcionamento e lapidar a base de artes marciais que já tinha – antes, treinou na Team BombSquad e na Tristar Gym, a mesma de Georges St-Pierre.

Mas nenhum talento funciona sem trabalho e o norte-americano trabalha muito, até mesmo fora do ginásio. Mike Winkeljohn, responsável por ensinar boa parte do arsenal de trocação do campeão, revelou que Jones é um verdadeiro “nerd das lutas”. Segundo o treinador, ele vê muito MMA, assiste a muitos VTs, estuda muito as lutas de seus adversários, algo que poucos lutadores fazem.

“Ele é o cara que mais passa tempo comigo assistindo replay de lutas, ele vê por conta própria várias vezes, sabe o que seus oponentes vão fazer antes de eles fazerem. Jon estuda o jogo, acredita em si mesmo. Quando ensino trocação para ele, alguma técnica nova, 50 minutos depois já está usando no sparring.”

Para Jackson, ele se tornou um lutador mais técnico desde que se mudou para Albuquerque. “Antes ele estava aprendendo alguns movimentos também, alguns amigos estavam passando ainda coisas básicas ainda. Acho que com nós ele se tornou mais técnico”, disse Greg, seguido por Winkeljohn. Trabalhar com Jones é um prazer. Quando ele está lutando, temos alguns códigos, é como se estivesse jogando videogame. Sou abençoado.”

“Ele mostra que é humano”

Como o UOL Esporte já mostrou, apesar de ser um dos maiores campeões da história do UFC, Jon Jones faz questão de treinar com todo mundo na Jackson’s MMA, desde os outros campeões e ex-campeões, quanto com os iniciantes mexicanos. Para Izzy Martinez, responsável pelo wrestling no time, ele ajuda os outros lutadores da equipe a mostrar que ali todos são iguais.

Bronca no começo

Não temos estrelas aqui, expliquei que ele teria de trabalhar como os mais antigos do time. Disse: ‘Você não é especial, garoto, terá de trabalhar como todo mundo’. E ele fez isso.

Mike Winkeljohn

“Jones é muito importante para nosso time, porque se expõe a todos de uma maneira que ele mostrar ser humano, assim como todo mundo, com os mesmos problemas. Todo mundo sua, todo mundo sangra, todo mundo trabalha junto. Ter Jon aqui é algo a mais, mas não é o único campeão que temos aqui, temos os melhores dos melhores”, afirmou o técnico.

Uma história mostra bem essa posição de Jon Jones dentro da equipe. Assim que ele chegou a Albuquerque, chegou atrasado em um treino de Mike Winkeljohn e levou uma bela lição de moral. “Ele apareceu atrasado, me perguntou se podia entrar, disse que não sabia, que conversaríamos depois.”

“Não temos estrelas aqui, expliquei que ele teria de trabalhar como os antigos. Disse: 'Você não é especial, garoto, terá de trabalhar como todo mundo'. E ele fez isso. Desde aquele dia, ele fez questão de não faltar comigo e tem sido um prazer.”

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