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Jacaré reserva bônus do UFC para dar casa à família após juventude rebelde

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

20/11/2013 06h00

De garoto-problema a top 10 do ranking do UFC, o capixaba Ronaldo Jacaré mudou muito com o tempo e com as experiências. O ex-campeão do Strikeforce é considerado uma nova estrela na categoria que já foi dominada por Anderson Silva. Com duas vitórias na organização, o lutador já ganhou seu primeiro bônus, pela finalização da estreia. E em vez de torrar a bolada, ele está guardado para ajudar a família e retribuir um pouco do que eles passaram antes dele chegar à fama.

Jacaré nasceu na cidade de Vila Velha, mas morou em Itaenga e em Cariacica, onde sua família mora até hoje. Nestas cidades, Ronaldo cresceu dando trabalho para os pais. Ele chegou a vender picolés e chocolate na rua. Mas acabava sofrendo com más influências e brigava muito, inclusive em bailes funk.

Foi sua mãe quem pediu a ele para deixar o Espírito Santo. Ele resolveu ir para Manaus, onde virou lutador de jiu-jitsu e iniciou sua jornada até o Ultimate, onde hoje é o terceiro do ranking, atrás apenas de Vitor Belfort e de Anderson Silva - o campeão é Chris Weidman.

A vitória na estreia contra Chris Camozzi lhe rendeu um bônus de finalização da noite no valor de US$ 50 mil, o equivalente a R$ 113 mil. O montante está guardado numa conta bancária separada, garante ele.

“Meus pais ainda moram lá na casa onde eu nasci. Então estou vendo a possibilidade de comprar uma casa para eles”, contou o lutador, ao UOL Esporte.

“Eles moram lá em Cariacica e já falei que vou disponibilizar esta verba. O difícil lá é com a documentação, então demora um pouco. Mas aquele bônus está guardado para a família”, acrescentou.

Depois da estreia, ele ainda venceu o japonês Yushin Okami em Belo Horizonte, por nocaute. Agora, recuperou-se de uma lesão ligamentar no dedão do pé e espera retornar ao octógono em fevereiro, de preferência para ganhar mais um dinheiro extra para se somar à sua bolsa.

Ele já faz sua “campanha”. Jaraguá do Sul recebe um card em fevereiro e ele quer fazer parte dele. “Eu me sinto bem, é uma nova fase da minha carreira, estou felizão por ser acompanhado pelos fãs e pelos rivais. É bom mesmo eles ficarem espertos comigo porque estou preparado para surpreender muita gente.”

Jaraguá, Lyoto e Belfort

O peso médio teve anunciada nesta terça sua próxima luta: encara Francis Carmont no UFC de Jaraguá do Sul, em fevereiro. Antes do anúncio, ele falou ao UOL Esporte sobre outros rivais que vê em seu horizonte. Um deles era Vitor Belfort. Mas, como o carioca bateu Dan Henderson e tem prometida uma luta pelo cinturão dos médios, isso deve ficar para um futuro. Outro brasileiro que ele vê como possível rival é Lyoto Machida.

“O Vitor é um fenômeno, quem não gostaria de ter uma chance contra ele? Mas estou fazendo uma luta atrás da outra, seguindo meu caminho natural das coisas. Tem lutas boas para fazer. Se eu demorar mais um ano para chegar ao cinturão, para mim é normal”, diz ele.

Sobre Lyoto, ex-campeão dos meio-pesados, ele vê com bons olhos sua chegada a sua divisão.

“A estreia do Lyoto nos médios – um nocaute contra Mark Muñoz – foi muito boa, deu uma movimentada na categoria. Se eu posso enfrentá-lo ou não, a decisão é sempre do UFC. Lógico que eu aceitaria essa luta sem dúvida nenhuma”, analisou ele.

“A gente quando se encontra troca ideia, informações, temos muito respeito um pelo outro. Ele até me perguntou coisas relacionadas ao peso e falei para ele sobre baixar para os médios. Ele é um dos candidatos ao cinturão”, concluiu Jacaré, que só tem como condição fixa não encarar Anderson Silva, seu amigo de longa data.