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No fim da fila, Pezão se inspira em Minotauro em UFC com Shogun e novatos

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

06/12/2013 06h00

Cain Velásquez teve um efeito devastador para os pesos pesados brasileiros do UFC. Júnior Cigano e Antonio Silva, o Pezão, foram vítimas duas vezes do atual campeão e foram parar no fim da fila pelo cinturão. Nesta sexta-feira, em Brisbane, na Austrália, Pezão terá a chance de mais uma vez reiniciar sua jornada no evento. A inspiração diante de uma trilha tão dura é de um amigo que é quase um super-herói do MMA: Rodrigo Minotauro, citado por muitos lutadores como um exemplo de superação.

O peso pesado paraíbano encara em Brisbane o veterano Mark Hunt, um lutador com uma parte em pé perigosa e que sempre está cotado entre os dez melhores da categoria. Além dele, o card conta com outros brasileiros, sendo o principal o meio-pesado Maurício Shogun, além de Caio Magalhães e os estreantes Bruno Santos e Bethe Correia.

Em entrevista ao UOL Esporte, Antonio Pezão falou sobre a atual fase e afirmou que as duas derrotas para Velásquez e o fato de o norte-americano seguir dominante no topo da divisão não o desanimam.

“Eu sempre fui muito fã do Minotauro, é um cara que se supera a cada dia. Ele tem força, determinação, fez lutas memoráveis e continua fazendo. Eu me espelho muito nele, e nunca desisti, nunca vou pensar que não dá. Existe a dor, um caminho longo, mas tudo é um trabalho que você tem que fazer. Se desistir, já é um perdedor antes mesmo de entrar no octógono. Às vezes a derrota é que te faz um melhor atleta”, opinou Pezão, lembrando os casos do amigo Minotauro, desde um atropelamento por um caminhão na infância às três cirurgias antes do UFC Rio 1.

Pezão diz que respeita Hunt como um rival de peso que terá pela frente. Eles chegaram a realizar alguns treinos juntos antes da luta ser fechada, mas nenhum deles estava bem fisicamente. As conversas que o brasileiro teve com Cigano, último algoz do neozelandês, o tranquilizaram ainda mais para o combate desta sexta-feira.

“Conversei com o Cigano e ele me passou algumas coisas. Ele fez uma luta de três  rounds, nocauteou, e pôde me passar muita coisa. Isso me deixou  ainda mais tranquilo e agora é botar a estratégia em prática. Se conseguir, vou me dar bem”, contou o lutador.

“Eu costumo dizer que existem dois caminhos para vencer: um mais longo e um que é uma reta. Não é que eu não tenha condições de nocautear, eu ganhei duas lutas no UFC por nocaute e nunca perdi para rivais especialistas na trocação. Mas o caminho mais curto é ir para o chão, por ele ter menos técnica lá”, explicou ele.

Pezão chegou ao UFC vindo do Strikeforce, e até aqui foram duas vitórias e duas derrotas, sendo o último tropeço o nocaute sofrido contra Cain Velásquez, em maio, quando pela primeira vez lutou pelo cinturão. Já Hunt está desde 2010 no Ultimate, e vinha de quatro vitórias seguidas antes de ser nocauteado por Cigano, com um chute rodado do ex-campeão.

A volta do velho Shogun?

Maurício Shogun nunca esteve sobre tanta pressão no UFC. A derrota para Chael Sonnen, sendo pego por uma finalização ainda no primeiro round, foi vergonhosa para o curitibano, que já vinha de revés para Alexander Gustafsson. Agora, ele retomou parcerias de bastidores, com empresário e antigos parceiros de treino e encara James Te Huna para evitar ter de descer de peso ou até uma demissão do Ultimate.

O ex-campeão do Pride e do UFC retomou o trabalho com o empresário Eduardo Alonso, com quem teve longo trajeto, e se enfurnou em São Paulo para treinar ao lado de nomes como Demian Maia e Daniel Sarafian. Tudo em silêncio, quase escondido da imprensa e do público.

Te Huna, neozelandês de 32 anos, tem um de seus maiores rivais na carreira. Ele teve quatro vitórias seguidas entre 2011 e 2013, mas perdeu recentemente para Glover Teixeira – o atual desafiante ao cinturão de Jon Jones.

Mais brasileiros: ‘Monstros’ e ex-contadora

O Brasil ainda terá mais três representantes no card de Brisbane. Abrindo o card principal, a paraibana de Campina Grande Bethe Correia luta pela primeira vez no Ultimate e estreia contra a experiente Julie Kedzie.

Bethe chega invicta em seis combates. Ex-contadora, ela começou a lutar para perder peso e rapidamente virou profissional e conseguiu sua vaga como terceira brasileira do UFC. Kedzie, por outro lado, estreou no evento perdendo para Germaine de Randamie e já soma três reveses seguidos.

No peso médio, Caio Magalhães, apelidado de Monstro, tenta manter a boa fase. Ele finalizou Karlos Vemola no UFC de Fortaleza em sua primeira vitória no evento e agora pega Nick Ring que tem três triunfos e dois revezes desde que foi contratado.

Já Bruno Santos, também apelidado de Monstro, chega à organização com um cartel invicto de 13 combates, mas só uma por finalização e uma por nocaute, sendo todas as outras por pontos. Ele vem de triunfo contra Giva Santana no Bellator e enfrenta Krzysztof Jotko, da Polônia.