Lutador lembra lesão como a de Anderson e desafeto diz: 'levante a cabeça'

Dois lutadores sabem bem o que se passou com Anderson Silva no octógono do UFC 168, na madrugada deste domingo, em Las Vegas: Gustavo Coelho e o velho desafeto José Pelé Landy. Ambos tiveram contusões semelhantes à do ex-campeão dos médios e, ao verem o que aconteceu com Anderson, reagiram cada um à sua maneira. Enquanto Gustavo disse que passou um filme em sua cabeça, Pelé não conseguiu manter a rivalidade e postou de forma encorajadora sobre Anderson.

Pelé Landy e Anderson já foram companheiros de treino, mas a relação estremeceu há alguns anos, com trocas de acusações e até um suposto encontro quente nas ruas de Curitiba. Pelé enfrentava o americano Brian Gassaway, em 2008, quando tentou um chute baixo que pegou no joelho do rival. A fratura na canela foi chocante.

Depois do combate de Anderson Silva, Pelé postou sobre o desfecho da disputa de cinturão contra Chris Weidman. Deixou transparecer a torcida pelo norte-americano, mas não atacou o arquirrival.

“Lamentável,  mas Deus sabe o que faz. Até o jeito que ele perdeu é f..., não dá nem para comemorar, sinistro”, postou ele, no Facebook, surpreendendo com um encorajamento. “Levanta a cabeça, porque os campeões se fazem da revolução ao topo. O que não mata fortalece. Bora campeão, mostra agora que você veio pra ficar.”

No caso de Gustavo Coelho, as memórias ainda são recentes. Em março, ele teve o momento mais difícil da carreira, durante o WOCS 24, e ainda se recupera para voltar a lutar. No primeiro round de seu duelo contra Magno Alexandre, o lutador de 31 anos acabou dando um chute baixo que pegou no bloqueio do rival e causou uma fratura horrível. Ele descreveu sua dor e a que imagina que Anderson passou:

“Na hora eu tive dois momentos. Um de muita dor, achava que ia morrer de dor. Aí eu ficava com raiva porque a dor não passava”, contou ao UOL Esporte o lutador. “Tudo o que eu queria era não sentir aquilo. E você não pode fazer nada... Só quer ser atendido pelo médico. Pedia remédio, morfina, qualquer coisa. Ali, passa tudo na cabeça, se você vai voltar a andar, a lutar. Eu chorava de medo, desespero, porque sou um atleta e não sabia qual seria meu futuro.”

O chute de Gustavo causou uma fratura na tíbia. Ao apoiar o pé no chão, a fíbula quebrou também.

“No meu caso eu já tinha microfissuras na canela por conta de luta. Pegou um ponto certo, com o chute forte e o bloqueio correto. Quando o bloqueio é feito com perfeição, pode acontecer, não tem como evitar e não é algo proposital. Agora é rezar por uma recuperação rápida”, acrescentou o brasileiro.

“Quando eu vi a cena, passou um filme na minha cabeça”, contou ele. “Na época, quando tive, é uma dor que não desejo para ninguém. Você vê o que ele gritou... Quase senti dor na hora, uma coisa meio psicológica.”

Agora, Gustavo se prepara para voltar a lutar. Ele vai tirar alguns parafusos em uma cirurgia menor e espera voltar a treinar 100% só quando completar um ano da lesão. “Não estou com pressa. É uma recuperação difícil, mas ele pode voltar, sim. Somos atletas, nossa recuperação é rápida, a nossa cabeça é forte, temos algo a mais. Com certeza, torço para que volte, mas não há nada a provar. Se não voltar, temos que respeitar”, concluiu.