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Irmão diz que prisão de Thiago Silva não surpreende: sucesso subiu à cabeça

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

14/02/2014 06h00

A prisão do lutador brasileiro Thiago Silva na Flórida (EUA), após entrar numa academia fazendo ameaças à sua ex-mulher, surgiu como um susto para a sua família no Brasil. Uma semana depois do ocorrido e ainda com poucas informações sobre a atual situação do ex-atleta do UFC, o sentimento de impotência em poder ajudá-lo incomoda o irmão, Diego Ramos, e a mãe, Regina. Ela inclusive já começou os processos de imigração para poder ir aos Estados Unidos o quanto antes.

Em entrevista ao UOL Esporte, Diego falou sobre o ocorrido e sobre a personalidade do irmão, que ganhou fama de marrento e polêmico durante sua passagem pelo Ultimate. Para ele, o irmão sempre foi tranquilo, mas as facilidades que sua vida de lutador o trouxeram fizeram o “sucesso subir à cabeça”, alterando o seu jeito de ser e o isolando da família desde que se mudou para os Estados Unidos.

“Surpresa não é, vou ser sincero”, admite Diego, sobre as acusações que recaíram sobre o irmão. O susto, é claro, abateu a família, mas os casos de doping no UFC e o histórico recente do lutador já eram conhecidos. “Eu acho que o caso do Thiago é de acompanhar com psicólogo. Ele entrou num mundo em que essas coisas (bebida e drogas) são fáceis. O sucesso fez isso com ele. Porque ele sempre foi um cara tranquilo.”

“Apesar do jeitão dele, ele não tem aquela marra, acho que aquilo é para amedrontar adversário. Ele era um cara muito explosivo, agitado, mas era tranquilo, nem balada ele curtia. Ele é meu irmão, mesmo com tudo isso eu amo ele e vou fazer tudo o que puder para ajudar”, acrescentou.

O irmão de Thiago Silva já teve divergências públicas com o irmão, quando o lutador afirmou que sofreu agressões do pai na infância. Diego negou esta versão, o que os afastou desde então.

“Foi uma infância normal. O que posso dizer é que a família nunca apoiou a luta. Mas foi só isso. Ele meio que usou esse fator, talvez para ter força própria, e isso criou uma barreira. Tivemos a mesma criação e ele não sofreu violência. Falar em apanhar é aqueles tapinhas que todo mundo já apanhou. Aprontava e apanhava, mas era só um castigo e não o que ele falou”, afirmou ele.

  • Arquivo Pessoal

    Diego (e) e Thiago Silva cresceram juntos em São Carlos. O lutador, dois anos mais velho, acabou se mudando para São Paulo para seguir carreira como lutador

Na adolescência, Thiago Silva queria fazer lutas e, sem o apoio da família, resolveu partir para São Paulo. “Ele morava com a avó, depois que ela ficou viúva, para fazer companhia. Um dia encanou, pegou a mochilinha dele foi para São Paulo. Pegou e saiu sem falar nada”.

Desde então, o contato com a família diminuiu, até o isolamento de Thiago com sua mudança para os EUA. Diego conta que acompanha todas as suas notícias, mas que sofre com as lutas. "Depois da última, em Barueri, eu prometi não ver mais nenhuma ao vivo."

Abalada, mãe tenta ir para os EUA

A família de Thiago Silva recebeu a notícia pela internet e ficou em choque. Curiosamente, as informações que passaram a ser dadas para eles foi justamente por parte de Thaysa Kamiji, ex-mulher do lutador, que o acusa de agredi-la e de abuso de drogas. Eles acabaram o relacionamento há um ano, de acordo com ela, mas no último mês ele voltou a ameaçá-la, até acontecer o episódio de sua detenção pela SWAT.

“Nós vimos tudo pela internet. E minha mãe tem contato com a Thaysa. A Thaysa mesmo entrou em contato e elas ficam trocando mensagens pela internet. Todo mundo tomou um susto... É difícil, a gente fica impotente em não poder fazer nada, em não poder ajudar. Estamos acabados”, disse Diego, que cresceu em São Carlos com Thiago e hoje é projetista de estruturas metálicas em Belo Horizonte.

“Agora a minha mãe está tentando tirar passaporte para tentar ir vê-lo e ver o que pode fazer. Coração de mãe é assim. Está todo mundo ainda perdido. A notícia quebrou muito a minha mãe. Ela passa 24 horas por dia na internet, está sem dormir...”, relatou o irmão, dois anos mais novo que Thiago, que está cuidando da documentação da mãe no processo de tirar passaporte e visto.

Thiago segue mantido encarcerado, sem possibilidade de pagar fiança e com direito a visitas de familiares - sem pessoas da família nos EUA, só o advogado tem o visto. Seu caso está em processo de reanálise das acusações, já que num primeiro momento as evidências para sua detenção foram consideradas fracas. A princípio, ele foi acusado de tentativa de assassinato, agressão agravada por uso de arma letal e resistência a ação policial sem violência.