Topo

MMA


Maldonado suicida e finais do TUF marcam volta esvaziada do UFC a São Paulo

Jorge Corrêa e Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

31/05/2014 06h00

O UFC volta a São Paulo neste sábado, para um card que tem como principais atrações as finais do TUF Brasil 3 e um combate de pesos pesados na luta principal. Mas, um ano e quatro meses depois de Vitor Belfort nocautear Michael Bisping na capital paulista, o evento acabou esvaziado por mudanças no card e se salva pela promessa de que os finalistas do reality show possam dar show e pela total imprevisibilidade ao se ver o raçudo Fabio Maldonado lutando fora de sua categoria contra o 7º do ranking Stipe Miocic. O sábado é de rodada dupla e, antes de São Paulo, Berlim recebe um card liderado por Mark Muñoz x Gegard Mousasi (leia abaixo).

O cronograma de lutas na capital paulista – que começa às 19h (de Brasília) - começou prometendo uma das lutas mais aguardadas dos últimos anos: o duelo de técnicos do TUF Wanderlei Silva e Chael Sonnen. Por conta da proibição do TRT (tratamento de reposição de testosterona, que era feito por Sonnen), o combate foi transferido para julho e esta semana acabou cancelado. Em seu lugar, Júnior Cigano foi escalado para encarar Miocic. No começo de maio, o ex-campeão dos pesados foi cortado por lesão e, sem melhores nomes a escolher, a vaga caiu no colo de Maldonado, meio-pesado que não pestanejou em aceitar o desafio.

O “Caipira de Aço” sempre pediu ao UFC para fazer alguns desafios entre os pesados, mas a ideia era considerada maluquice pela organização. Agora, ele poderá provar que pode suportar a força do “gigante” Miocic, depois de travar batalhas sangrentas e vir de uma boa sequência de três vitórias.

Mas Maldonado, que viu seu terceiro filho nascer nesta semana, sabe que não terá vida fácil. A tática é a dos kamikaze, os pilotos japoneses da 2ª Guerra Mundial que se jogavam com seus aviões para ferir o inimigo. “Eu vou para o suicídio”, disse o sorocabano de 34 anos, cuja estratégia é simplesmente transformar o octógono num “banho de sangue”.

“É uma questão de honra, mas não penso em ganhar moral com o UFC, nada disso. Não faço isso por moral. Se eu fosse campeão, não aceitaria uma luta pelo cinturão nesse prazo. Mas acabou de nascer meu terceiro filho, o que eu falaria para ele se não topasse essa luta?”, explicou ele. “Eu sou frio. Aperto o  botão “dane-se” e vou pra cima.”

Frieza, por sinal, é o forte de Miocic. Norte-americano de origem croata, é difícil fazer o peso pesado mudar de expressão. Foi só ao falar do trabalho como bombeiro e do resgate de uma velhinha que ele ressuscitou com as próprias mãos que o gringo se exaltou, falou alto e gesticulou.

Sobre Maldonado, Miocic se ateve a um discurso de confiança. “Ele acha que tem um boxe melhor que o meu, e eu acho que tenho um boxe melhor que o dele”, disse ele, que teve títulos nacionais de wrestling e também no pugilismo antes do MMA. “Ele é duro, nunca se entrega, mas tenho minha estratégia e vou fazer o que faço”.

Finais do TUF: hora da consagração

Apesar de o TUF Brasil 3 ter dado enfoque maior aos técnicos Wanderlei e Sonnen do que aos próprios lutadores – que pouco se destacaram pelas performances ou como personagens -, as finais do reality show prometem, com lutadores que se mostraram preparados para fazer parte do plantel do UFC.

No peso pesado, Antonio Cara de Sapato chega mais badalado. O paraibano tem Júnior Cigano como padrinho – ambos começaram a treinar jiu-jítsu juntos, no fim da adolescência. Campeão mundial de jiu-jítsu, Cara de Sapato, do time de Wanderlei, finalizou nas três lutas que fez no MMA profissional e provou que é completo com nocautes arrasadores nas eliminatórias do TUF. Ele encara Vitor Miranda, do time de Sonnen, um veterano que tem uma história sofrida – perdeu o filho afogado em uma piscina – e que tenta sua grande cartada como lutador.

No peso médio, dois lutadores com grande potencial: Warlley Alves nocauteou com joelhada e teve uma finalização relâmpago e traz um cartel de respeito, com boas vitórias no Jungle Fight antes do TUF; Márcio Lyoto leva ao octógono as características que o deram esse apelido, com seu jogo marcado pelas técnicas de caratê. Ambos foram do time de Sonnen.

Cuidado com o facão!

Alguns lutadores em ação neste sábado precisam ter cuidado e buscar a vitória a todo custo. Demian Maia, por exemplo, vem de duas derrotas, sendo que uma delas também lutando em casa. No UFC Barueri, ele perdeu para Jake Shields, na luta em que um triunfo o levaria à disputa de título. Agora, ele encara o estreante russo Alexander Yakovlev e admite que está na corda bamba.

Paulo Thiago também segue pressionado. Ele tem cinco derrotas nas suas últimas sete lutas e vem de revés contra Brandon Thatch no UFC realizado em Goiânia. O policial do Bope pega Gasan Umalatov, russo que faz sua segunda luta no Ultimate e vem de derrota.