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Lyoto luta para vingar Anderson e retomar cinturão mais brasileiro do UFC

Jorge Corrêa e Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

05/07/2014 06h00

Lyoto Machida nunca vai admitir. Mas este sábado é sim dia de vingança brasileira no UFC 175, em Las Vegas. Um ano se passou desde que Chris Weidman chocou o mundo e venceu Anderson Silva. Duas vezes. O “Dragão” – que é político demais para falar em vingança - entra no octógono para recolocar o Brasil de volta no topo, mas não só. Ele, individualmente, tem muito em jogo, com a chance de retomar um lugar entre os campeões e entrar no restrito rol dos lutadores com títulos em duas categorias.

O cinturão dos médios é o que mais tempo ficou nas mãos de um brasileiro, com Anderson, e também foi de Murilo Bustamente antes disso. Uma conquista de Lyoto tem várias consequências positivas. Para ele, permite igualar uma marca história e se tornar o terceiro lutador a ter cinturões em duas categorias do Ultimate – ele foi campeão dos meio-pesados. Só Randy Couture e BJ Penn já conseguiram a façanha.

Seria ainda a coroação de sua aposta em descer de peso e recomeçar sua carreira. Depois de conquistar o título dos meio-pesados contra Rashad Evans, em 2009, Lyoto defendeu só uma vez o título, perdeu para Maurício Shogun, e não conseguiu retomá-lo no duelo que teve com Jon Jones.

Restou a ele se reinventar e realmente deu certo: foram duas vitórias dominantes contra Mark Muñoz e Gegard Mousasi, de um Lyoto mais focado, mais ágil e ainda com a potência de nocauteador que sempre teve. Esta é a aposta do carateca contra Weidman, um lutador de cabeça forte e técnica suficientes para provar que não foi apenas o cara mais sortudo do planeta contra Anderson Silva.

“Estou focado só na luta, na vitória e em toda a técnica que precisarei por em jogo para vencer Weidman. Uma vez que acontecer posso olhar para trás e repassar tudo isso que aconteceu”, disse Lyoto, que se mostrou descontraído e sorridente na semana de luta. “Qualquer vez que você lute pelo cinturão, há um gosto diferente. Mas tento não pensar muito nisso. Tento manter a vida o mais normal possível.”

Como Lyoto, Weidman também tem jeito de bom moço, família e sem se vislumbrar. A chave, diz ele, é ser o mesmo lutador que chegou para enfrentar Anderson Silva. “Tenho as mesmas pessoas comigo desde sempre. E a motivação é simplesmente vencer. Se estou vencendo, estou motivando, e quero me manter assim para sempre”, disse ele.

O norte-americano elogiou o desafiante e o colocou como um adversário ainda mais duro que Anderson. Desta vez, Weidman deve ver um rival menos ofensivo e mais propenso a esperar os contra-ataques, uma velha característica de Lyoto. “Mas ele não vai me fazer perder a paciência”, garante o campeão, que pode tentar usar seu wrestling para levar o brasileiro para o solo.

Para além do âmbito competitivo, outro ponto importante é o que um cinturão representa para o MMA brasileiro agora, já que sem Anderson Silva e Renan Barão como campeões, José Aldo não tem conseguido sozinho manter a empolgação de outrora. Ter novamente o carismático Lyoto como ídolo tem tudo para manter o interesse dos fãs.

O UFC deste sábado tem início às 20h, com o card preliminar. O card principal começa às 23h. O único canal a transmitir o evento ao vivo é o Combate. A Globo anuncia o evento para 1h10, mas passa os combates com no mínimo 30 minutos de atraso, conforme manda o contrato com a organização.