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Assunção luta para retomar posto na fila pelo cinturão: 'não fico chorando'

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

03/10/2014 12h00

Há seis meses, Raphael Assunção estava prestes a viver seu maior momento no UFC: a disputa de um cinturão. Mas uma costela quebrada e uma montanha-russa de acontecimentos mudaram e muito seu futuro na categoria galo da organização. Neste sábado, ele compete no card principal do UFC de Halifax, no Canadá, em um dia de 12h de MMA divididos em dois eventos – o primeiro é na Suécia. Contra um rival pior ranqueado, tem muito a perder, mas uma boa vitória pode colocá-lo de volta àquela posição.

“Tudo muda, o planeta tá virando aí”, riu Assunção, em entrevista ao UOL. “Não fico chorando em casa. O UFC não vai esperar por mim, está tudo correndo muito rápido, são muitos eventos, então eu entendo esse lado”, completou o pernambucano de 32 anos, que vem de seis triunfos consecutivos e encara Brian Caraway.

Para se entender a reviravolta que aconteceu com Assunção, é preciso voltar a quando Renan Barão ainda era o campeão. O pernambucano seria o desafiante pelo título, mas a lesão na costela o fez ser trocado por TJ Dillashaw. O norte-americano surpreendeu, conquistou o cinturão e teve uma revanche com Barão anunciada (a luta não ocorreu pois Barão passou mal no corte de peso), enquanto Assunção se recuperava.

Outro fator importante aconteceu no último sábado, quando Assunção se viu “passado pra trás” mais uma vez. Dominick Cruz voltou de lesão após três anos e, com uma vitória avassaladora por nocaute, foi colocado como próximo desafiante ao cinturão, hoje de TJ Dillashaw. O UFC sequer esperou o combate de Assunção para ver se lhe dava uma chance, mas o pernambucano diz que não vê um problema.

“Meu trabalho é de atleta: treino e luto. Mas entendo um pouco como funciona. Meu patrão me mantém informado. Tudo que tem acontecido eu tenho sido informado, nada me pegou de surpresa, inclusive o Dominick Cruz ser colocado como desafiante já. Estou confiante nessa vitória, e vamos ver como as coisas acontecem. O UFC é como um jogo de xadrez, pula uma peça e muda o jogo inteiro”, compara ele.

A intenção do número 4 do ranking dos galos é conseguir voltar a ter uma vitória imponente contra Caraway, depois de dois combates vencidos por pontos. Impressionando os chefes, não quer nem saber de Barão, quer sentar e esperar Dillashaw e Cruz lutarem e pegar o campeão.

Raphael Assunção mostra também bastante humildade para falar que talvez a espera tenha sido boa. “Minha oportunidade está sendo sendo conquistada no suor mesmo. Ainda não consegui por prática performance nem metade do que sou capaz, tenho muito a provar a mim mesmo, aos fãs, e na hora certa vou ser campeão”, analisou.

Sobre o combate com Caraway, o brasileiro se diz recuperado da lesão da costela, já que a fratura de um osso frontal afetou músculos e cartilagem, fazendo o processo bem mais longo. Assunção confia muito no jiu-jítsu para conseguir se desvencilhar do jogo de grappling do rival, que costuma ser um carrapato para seus rivais.

“Eu queria esta luta, fiz até uma campanha por ela. Eu não tinha ninguém para lutar e achei um oponente interessante. Ele tem um nível bom, trabalha bem a parte de chão e o jiu-jítsu.  Ele se diz o melhor grappler da categoria, mas com todo o respeito não acho”, afirmou, entre elogios e críticos.

Além da luta de Assunção, o card no Canadá tem mais 11 combates, sendo o principal o duelo de meio-médios entre Rory MacDonald e Tarec Saffiedine, uma luta que pode definir os rumos da categoria, hoje liderada por Johny Hendricks. Antes deste evento, a Suécia recebe 11 lutas, com o lutador da casa e revelação dos meio-médios Gunnar Nelson encarando Rick Story.