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Com Aldo na plateia, irlandês luta para fazer jus à imagem de astro do UFC

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

18/01/2015 06h00

Conor McGregor foi chamado de Muhammad Ali irlandês por um dos donos do UFC. Depois, o presidente Dana White disse que ele está próximo de fazer a maior luta do ano, contra José Aldo. Exagero, ou a propaganda realmente bate com o potencial deste falastrão irlandês? Isso é o que ele tem a provar neste domingo, quando encara o veterano Dennis Siver. Se vencer, será o desafiante ao cinturão dos penas, de Aldo.

Os lutadores fazem a luta principal do UFC Fight Night de Boston, a partir das 21h (de Brasília). E o atual dono do cinturão foi para os Estados Unidos ver de perto quem pode ser seu próximo rival. José Aldo foi convidado pela organização para estar na primeira fila do combate e para esquentar a rivalidade entre eles, que já vem crescendo nas declarações apimentadas de ambas as partes.

O “hype”, a febre criada em torno de McGregor é tão grande, que ele fez o rival Siver sumir até de publicidades do evento. O UFC teve de ir a público se explicar pela ausência de Siver em um vídeo de divulgação da noitada, e Lorenzo Fertitta disse que foi uma “provocação” ao público.

Independentemente disso, a bola está nas mãos de McGregor. Quando Dana White disse que “Aldo x Conor pode ser a melhor luta deste ano, pode até bater Jon Jones x Daniel Cormier”, ele salientou que o irlandês ainda não confirmou seu posto de desafiante. Siver, com discrição, tentará frustar os planos do falastrão – e do próprio Ultimate, que já fala em ver o duelo em um estádio do Brasil ou da Irlanda, ou ainda em um grande card em Las Vegas.

As armas de McGregor já são conhecidas e mais uma terão um teste de sua eficiência. O irlandês tem um dos jogos em pé mais interessantes da atualidade, com sua postura que mistura boxe antigo e caratê, e socos e chutes rápidos e potentes, muitas vezes buscando contragolpes que terminem em nocaute.

Siver tem formação em taekwondo, mas não é um nocauteador nato. Por isso, pode usar o seu wrestling e tentar uma finalização, maneira pela qual conseguiu 9 de suas 22 vitórias – ele perdeu nove combates na carreira e ainda tem um no contest, por doping.

Questionado se pode vencer Aldo depois de tantos fracassarem, McGregor mostrou a confiança de sempre: “eu não me baseio nas tentativas do passado. Na minha mente, já sou um campeão do mundo em duas categorias. Na minha mente, entrei no UFC para disputá-los de novo. Vou despachar todos que forem colocados à minha frente. Sou um lutador muito diferente. Será fácil como sempre foi”.

Em quatro lutas no UFC, McGregor tem quatro vitórias, sendo três delas com nocaute no primeiro round. São 14 nocautes em uma carreira com 16 vitórias e duas derrotas.

Siver, ignorado em boa parte do tempo, tenta usar esta atenção midiática sobre o irlandês para ter alguma vantagem. “Eu fui meio que deixado de lado na promoção desta luta. Mas tudo bem. Quanto mais Conor fala, mais eu treino”, disse o alemão, de 36 anos.

Cerrone x Henderson 3

A luta coprincipal do UFC em Boston ganhou status de melhor da noite com a entrada de Donald Cerrone como substituto de Eddie Alvarez. O caubói Cerrone vem de seis vitórias seguidas e fará seu segundo combate em 15 dias. Ele bateu Myles Jury em 3 de janeiro, foi chamado para tapar o buraco de Alvarez e aceitou.

Eles se enfrentaram no WEC em duas oportunidades, e Henderson venceu os dois combates: um por pontos e um por finalização. Agora, Cerrone vem num bom momento e o ex-campeão Henderson é quem está mal, vindo de derrota para Rafael dos Anjos, por nocaute.

Brasileiro em ação

Gleison Tibau será o único brasileiro no card de Boston. Ele encara Norman Parke, lutador com cartel de 20 vitórias, duas derrotas e um empate – contra o campeão do TUF Brasil 2 Léo Santos. O potiguar vem de duas vitórias e quer mostrar sua evolução na trocação, em busca de um nocaute contra o norte-irlandês.

Para o peso leve, uma motivação veio de um incidente fora do MMA. Em dezembro, ele teve sua casa furtada por ladrões enquanto estava em um treino. Além disso, os criminosos voltaram dias depois para levar seu carro. Integrantes de uma gangue conhecida na Flórida, onde Tibau mora, foram presos na quinta-feira.