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Conheça a campeã de boxe que chega ao UFC botando banca para cima de Ronda

Do UOL, em São Paulo

27/02/2015 12h00

Desde que Ronda Rousey chegou ao UFC com pompa, já ostentando o status de dona do primeiro cinturão feminino da organização, nenhuma outra lutadora adentrou o plantel do evento com um currículo tão vitorioso quanto o de Holly Holm. Neste sábado, a multicampeã de boxe faz sua estreia, no UFC 184, em Los Angeles. Ainda que ganhasse mais na nobre arte, ela resolveu jogar tudo para o alto, e o resultado são 7 vitórias seguidas no MMA e o potencial de ser uma rival para a até agora invencível Ronda.

Holm, norte-americana de 33 anos, fez sua carreira em Albuquerque, sua cidade-natal. A “Filha do Pastor”, seu apelido como lutadora foi por muito tempo a estranha no ninho na academia Jackson’s, em que treina o campeão dos meio-pesados do Ultimate, Jon Jones. Enquanto parte das estrelas fazia seus treinos de MMA, ela trabalhava seu kickboxing com o técnico Mike Winkeljohn acabou se encontrando, de fato, só com as mãos, no boxe.

A trajetória como pugilista foi de muitas lutas e rápida ascensão. Apesar de dois empates e uma derrota por conta de um corte, ela precisou de quatro anos para, em 2006, conquistar seu primeiro cinturão, batendo Angelica Martinez pelo cinturão meio-médio da Associação Mundial de Boxe.

Holm, então, deslanchou. Faturou os cinturões de todas as principais entidades, derrotou a sérvio-brasileira Duda Yankovich por nocaute e só foi perder para Anne Sophie Mathis em 2011, dando o troco na revanche, seis meses depois. Sua carreira de 33 vitórias, duas derrotas e três empates o levou a ser indicada para o Hall da Fama de Boxe e a ser eleita duas vezes a boxeadora do ano, pela conceituada Ring Magazine.

Mas, apesar do sucesso e de se tornar a maior estrela da modalidade, Holm percebeu que, enquanto o boxe feminino seguia sendo menosprezado por eventos e empresários, um caminho aberto estava ali ao seu lado, na mesma academia, e nomes como Jon Jones o trilhavam com sucesso.

“O MMA feminino está em um ponto em que não pode ser ignorado, isso é ótimo. Sou abençoada por tudo o que vivenciei no boxe. Mas tive tudo o que precisava. Se você é uma boxeadora, só pode fazer isso por amor, mas devia haver mais retorno. Agora com o MMA, minha vontade é a mesma, e terei a mesma paixão de antes”, afirmou ela.

“Eu conversei na época com meu técnico, Mike Winkeljohn, e ele me encorajou a ver que portas se abririam. Queríamos ver o que apareceria, mirando o melhor, que é estar no UFC”, acrescentou Holm

Foi assim que ela começou no MMA profissional em março de 2014, ainda em paralelo com o boxe, até 2013. Até hoje foram sete vitórias, sendo seis por nocaute. E não pense que ela só venceu nos “murros”. Com seu histórico de kickboxing, Holm já mostrou que tem chutes devastadores – que o diga Allanna Jones, nocauteada com um chute alto. Em seu combate mais recente, contra a brasileira Julie Werner, a norte-americana superou uma fratura de um dos ossos do antebraço para vencer.

Holly Holm foi contratada pelo UFC em 2014 e chegou a ser colocada para estrear no mesmo ano, mas uma lesão no pescoço a tirou de ação. Agora, encara Raquel Pennington, que tem um cartel bem mais modesto que o seu, com 5 vitórias e quatro derrotas.

Apesar de mirar alto, a ex-pugilista tem um discurso humilde e respeitoso quanto a Ronda Rousey, apesar de afirmar que a hegemonia da campeã peso galo é maléfica para o MMA feminino. “Se alguém bate a número 1, todas vão saber que podem fazer o mesmo. É como aconteceu com Anderson Silva, que uma hora se viu que não era imbatível”.

Ronda elogiou a contratação de Holm, à época. “Estou muito animada. Tenho os olhos nela há um tempo, e ela é uma lutadora excitante. Não é normal uma pugilista nocauteando gente com chutes no MMA. Ela é importante para toda a divisão feminina ter legitimidade”, disse a campeã. Em um possível duelo entre elas, já se comenta que Holm representaria a rival mais perigosa lutando em pé de sua carreira, um aspecto considerável para a dona do cinturão, boa na trocação, mas especialista em quedas e finalizações.

Todos os fatores que levam à sua estreia, incluindo o combate ser promovido a luta coprincipal do UFC 184 após o cancelamento de Weidman x Belfort, pressionam Holm. “Eu entendo porque tudo está acontecendo rápido. Por mais que odeie isso, há uma pressão para que eu responda à altura”, explicou ela, que não se intimida em sonhar com o máximo possível. “Quero ser a primeira mulher campeã tanto de boxe quando MMA. Ninguém conseguiu isso, e sei que posso fazer.”